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Dê férias à alma! Vá a um ashram

Tradicionais templos indianos dedicados ao yoga, à meditação e à devoção, os ashrams são o destino ideal para viajantes que buscam uma temporada de relax para a alma.

Texto • Carine Portela
 
Para quem só quer dar um tempo no estresse ou para quem sonha com um mergulho profundo rumo à espiritualidade. Para iniciantes entusiasmados com o yoga ou para experts na milenar filosofia indiana. Com conforto de um hotel cheio de estrelas ou com tantas privações quanto a maioria dos lares indianos. Pertinho de casa ou do outro lado do mundo… É, definitivamente, ashram não é tudo igual! Na Índia, ou mesmo no Brasil, são tantas as opções existentes hoje em dia que vale a pena conhecer a diferença entre elas antes de eleger o seu refúgio dos sonhos. 
 
Sagradas moradas
Milênios atrás, um ashram era um templo hindu onde os sábios viviam como eremitas, meditando e praticando yoga dia e noite, em meio à natureza. Com o passar do tempo, esses recantos se tornaram menos exclusivistas, passando a abrigar também discípulos que se reúnem em torno de um guru espiritual para absorver seus ensinamentos e desenvolver a harmonia interior. Muitos ashrams indianos ainda funcionam exatamente assim, como manda a tradição. E, claro, são a melhor pedida para quem busca uma experiência espiritual avassaladora.
O dia em um ashram clássico começa antes de o sol nascer. A primeira meditação coletiva é realizada por volta de 4h30 da manhã. As 7h, todos se encontram novamente para a aula de yoga. Comida? Só depois das 9h e, de preferência, sem exageros. Depois disso, a agenda diária é preenchida com cerimônias religiosas, mais meditação e mais yoga. No fim da tarde, perto das 16h30, todos estão liberados para a segunda e última refeição do dia. As acomodações são extremamente simples e, durante a maior parte do tempo, deve-se seguir um voto de silêncio.
Os indianos costumam dizer que, quando alguém se entrega a um retiro espiritual, as privações a que se propõe são diretamente proporcionais à intensidade de suas descobertas espirituais. Se essa filosofia faz a sua cabeça, rume para o Prem Nagar (www.premnagarashram.com) um ashram genuíno em Haridwar, às margens do Rio Ganges. Na mesma cidade, há ainda Shantikunj (não possui site), que só aceita visitantes dispostos a cumprir uma rígida disciplina religiosa. Em Kerala, no sul da Índia, o Mata Amritanandamayi Math (www.amritapuri.org) foi fundado pelo guru Amma.

Com sotaque inglês
Ir à Índia e não se aventurar nas movimentadas ruas de Nova Deli, Rishikesh ou Mumbai parece um sacrilégio para você? Então, a não ser que suas férias sejam realmente longas, você não vai poder passar muito tempo por detrás dos portões de um ashram no interior do país. Mas isso não significa que você não pode se hospedar em um: nas grandes cidades, há opções criadas exclusivamente para turistas, com rotinas bastante flexíveis. Além de não exigir devoção em tempo integral, os quartos são confortáveis e as aulas de yoga são em inglês. Se você prefere esse tipo de programa, aposte no Anand Prakash Ashram (www.anandprakashram.com), um retiro yogue especializado em receber ocidentais na globalizada Rishikesh.

Jeitinho brasileiro
Passar uma temporada em um ashram sem voar para tão longe também vale. No Brasil, existem variadas opções de hospedagem de inspiração indiana, com foco no equilíbrio do corpo e da mente. Se a ideia lhe pareceu tentadora, experimente o Krishna Shakti Ashram (www.ashram.com.br), em ), em Campos do Jordão, SP. Considerado um spa holístico, possui lareiras em todos os chalés e, além de yoga ao ar livre, oferece massagens e leitura de mãos. Já o Ecohar Yoga Ashram (www.ecoharyogaashram.com.br), propicia um encontro com a filosofia yogue em meio as belezas naturais de Maragogi, AL. E, para quem quer se sentir mais próximo da Índia, uma alternativa é a versão nacional do ashram da guru Amma, o Templo Amrita (www.ammabrasil.org), que fica em Araruama, RJ.

Texto extraído do site: www.triada.com.br




“Larguei tudo e fui para a Índia”

De executiva de uma multinacional a terapeuta ayurvédica – foi assim, sem medo de seguir seus desejos mais sinceros, que a psicóloga Patrícia Haberkorn encontrou sua verdadeira essência de vida. A seguir, ela mesma conta sua experiência.

Texto • Patrícia Haberkorn

Computadores, planilhas, dados, cobranças. Aquilo tudo, definitivamente, não tinha nada a ver comigo. Trabalhava no setor de recursos humanos de uma grande multinacional, em São Paulo, quando decidi ir à Espanha fazer MBA em direção empresarial. Tive de estudar finanças, contabilidade, entre outros assuntos administrativos. Pirei! Pensava “o que eu estou fazendo aqui?”, sou da área de humanas, me formei em psicologia, mas ao mesmo tempo me consolava, tinha uma carreira em ascensão e mudar totalmente significava começar tudo de novo, só que agora aos 30 anos. Foi difícil concluir o MBA, mas refletir diante deste desconforto e em um país diferente, me fez despertar para um novo caminho de vida.
Então, um dia, após ter concluído os estudos, decidi tirar um tempo para mim. Foi aí que descobri um curso de terapias ayurvédicas, ministrado por indianos, que ficava a uma hora de trem de Barcelona, cidade onde eu estava morando. Não pensei duas vezes. Fui até lá, me inscrevi e, em pouco tempo, estava completamente envolvida por aquela nova realidade repleta de aromas exóticos e fascinantes conhecimentos milenares que mudariam completamente minha vida.

Yoga e meditação
Sempre tive uma educação muito liberal, voltada para o aprimoramento do corpo e da mente. Assim, o yoga surgiu em minha vida como mais uma entre as muitas atividades que fiz na juventude. E, para ser sincera, não foi amor à primeira vista. Na época em que comecei, não existiam muitas escolas e modalidades para escolher aquela que tivesse mais a ver com meu perfil. Então, desisti logo.
Anos depois, entrei na faculdade de psicologia mas, como estava muito confusa, resolvi trancar o curso e sair pela estrada. Decidi ir para o sul do Brasil encontrar uma amiga, e levei comigo um livro de yoga que acabara de ganhar. Fiquei apenas uma semana com minha amiga e o resto do tempo, cerca de um mês, morando em Florianópolis, em um quartinho alugado. Como ficava muito sozinha, devorei o livro e comecei a praticar yoga. Fazia yoga em casa, na praia, em qualquer cantinho tranquilo que encontrasse na ilha catarinense. Quando voltei a São Paulo para estudar psicologia, o yoga já tinha entrado em minha vida para nunca mais sair. 
 
“Percebi o quanto estava longe de mim mesma, da minha verdadeira essência. Mal podia imaginar que, dali a pouco tempo, redescobriria tudo isso no ayurveda e na Índia”

Tempos depois, já diretora de RH, senti a necessidade de aprender também a meditação. Tinha lido algumas coisas sobre o assunto e resolvi fazer um curso de meditação transcendental. Assim que comecei a praticar, notei um efeito fantástico. Passei a ter mais concentração e parece que as coisas começaram a fluir em minha vida. Foi a partir desse momento que realmente percebi o quanto estava longe de mim mesma, da minha verdadeira essência. Mal podia imaginar que, dali a pouco tempo, redescobriria tudo isso no ayurveda e na Índia.

Impressões da Índia
Entrei para o curso de terapias ayurvédicas na Espanha com o intuito de apenas relaxar, descansar um pouco depois de tanto tempo de estudos, mas vi que podia fazer daquilo que me dava tanto prazer minha profissão. Decidi largar tudo, me demiti e embarquei de vez no meu sonho védico. Meu batismo de fogo não podia ser outro lugar que não a Índia.
 
A Índia, como uma amiga me disse muito sabiamente, é o céu e o inferno ao mesmo tempo. E para você alcançar o céu deve, primeiramente, passar pelo inferno. Trata-se de um país de contrastes muito fortes. Essa frase parece estranha quando dita por uma brasileira, mas esse país tem uma realidade muito diferente da nossa, não só quanto às questões sociais ou à pobreza, mas de valores mesmo. Os indianos não exigem tanto para viver, suas casas são de uma simplicidade chocante, até mesmo para os nossos padrões.
Eu, na minha ignorância, pensava que a Índia era um lugar, mesmo com suas misérias de país subdesenvolvido, muito zen, tranquilo, onde todos tivessem uma expressão de paz, andassem devagar vestidos com aquelas roupas coloridas por ruas calmas. Mas esse país é um caos! Muita gente me pede dicas sobre o que levar em uma viagem para a Índia e eu digo a todos: “além de máquina fotográfica, você deve levar um gravador”. Os sons da Índia são algo inexplicável, é buzina, é gente falando alto. Eles buzinam para tudo, até para a vaca! E falam, como falam! Conversam muito e em alto e bom som.

As pessoas me diziam que o cheiro da Índia é terrível, mas não me pareceu ruim. Os cheiros de que mais me lembro são os dos temperos que, aliás, eu gosto muito. Outra coisa marcante da paisagem é o colorido, seja das roupas das pessoas, seja da arquitetura ou da deslumbrante paisagem natural do país. E foi em meio a tudo isso que fiz um curso de especialização na cidade de Puna, o centro dos estudos de ayurveda. Estagiei em um hospital local, frequentei aulas de terapias ayurvédicas voltadas à beleza, pratiquei yoga e me aprofundei na filosofia védica como um todo. Depois de concluir o curso, fiquei mais um tempo viajando pelo país de Shiva. Só então me senti preparada para começar a nova fase de minha vida aqui no Brasil.
 
Realização
Além das terapias tradicionais da medicina indiana, como massagens, saunas e ofurôs, temos um professor de yoga que complementa o tratamento e que, a partir do biotipo (dosha) da pessoa, aconselha a vertente que deve ser seguida. Dessa forma, espero levar às pessoas os benefícios desses fascinantes conhecimentos indianos que foram capazes de transformar minha vida – acho que nem preciso dizer – para melhor, muito melhor. 

Imagem: Thinkstock/Thinkstock
Texto extraído do site: triada.com.br

 




Os 8 passos para a iluminação

Em versos milenares, o sábio Patanjali nos Yoga Sutras descreveu a trajetória a ser seguida por quem quer conquistar todos os benefícios que o yoga tem a oferecer. A seguir, confira como trilhar esse caminho.

Texto • Renata Dias | Triada.com.br

Oito estágios rumo à iluminação, oito preceitos de um sistema filosófico milenar, oito atitudes que devem ser incluídas integralmente no dia a dia de quem busca o equilíbrio perfeito entre corpo, mente e espírito. São muitas as maneiras de definir, mas todas representam o mesmo conceito: o caminho – descrito nos Yoga Sutras, pelo sábio Patanjali – que o indivíduo deve seguir para atingir a completa libertação da alma.
Antes de conhecer cada uma das etapas, no entanto, é preciso fazer uma viagem no tempo, para quase cinco mil anos atrás, na Índia antiga. Nesse período, surgiram – espalhadas pelos Vedas (textos sagrados que compõem a base do hinduísmo) – as primeiras referências sobre a filosofia que, mais tarde, viria a ser chamada de yoga. Desde então, ela começou a ser disseminada pelo país, sempre oralmente, de mestre para discípulo.
Todo esse rico conhecimento só seria sintetizado em um texto escrito séculos depois. O empreendedor da tarefa foi Patanjali, uma figura tão importante quanto enigmática dentro da história do yoga – é considerado o pai da filosofia, mas os historiadores nunca encontraram informações precisas sobre seu local de nascimento e trajetória de vida. Seus escritos datam do século 2 a.C. e são os chamados Yoga Sutras. “Podemos defini-los como um conjunto de 196 textos curtos que escondem profundos significados e ensinam, por meio de oito passos, como se tornar senhor de si mesmo”, explica Beatriz Barros, professora de yoga do Centro Integrado Corpo e Mente, de Santo André.
Esses ensinamentos, que a seguir você confere detalhadamente, fazem parte das raízes do que hoje chamamos de raja yoga (em sânscrito, yoga real), a vertente mais antiga da filosofia. Que tal tentar colocá-los em prática?

1 – Yamas
Dar o primeiro passo nessa estrada significa formar a base necessária para vivenciar a filosofia yogue em sua plenitude. Para isso é preciso seguir os yamas, cinco princípios básicos de disciplina. Quanto mais tempo for dedicado a eles, maior a chance de se obter sucesso nas etapas seguintes.
 
Ahimsa: não praticar a violência
O princípio da não-violência foi apresentado ao mundo pelo líder indiano Mahatma Gandhi. Mas, além de pregar contra a violência física, ahimsa também está relacionado com não praticar atos de violência contra si mesmo, como o excesso de pensamentos negativos.
 
Satya: falar a verdade

Ser sempre sincero – consigo mesmo e com os outros –, em palavras, pensamentos e ações é o princípio de satya. Esse conceito milenar também foi eternizado pelas mensagens de Gandhi, que costumava dizer que a busca pela verdade era seu único objetivo na vida.
 
Asteya: não roubar
Além de transmitir a idéia de que não se deve roubar e nem mesmo desejar o que é dos outros, Asteya carrega um dos principais conceitos da filosofia yogue: o desapego. Seu principal ensinamento é que precisamos de pouco para viver bem. 
 
Brahmacharya: controlar os impulsos sexuais
Aqui, o sentido não é ser, necessariamente, celibatário, mas sim saber direcionar corretamente as energias carnais. Brahmacharya prega, sobretudo, a moderação.
 
Aparigraha: desapego emocional
Se Asteya fala sobre desejos materiais, Aparigraha abrange os emocionais. O objetivo é se libertar de sentimentos como posse, ciúmes e apego, causadores de grandes sofrimentos.

2 – Niyamas
Junto com os yamas, formam uma espécie de “código de ética yogue” de alto padrão, à qual o praticante deve dedicar-se com toda seriedade, habilidade e conhecimento. São as bases para o seu desenvolvimento sólido e firme, pois deles depende o sucesso nas próximas etapas.
 
Saucha: pureza
Relacionado com aspectos físicos e mentais, saucha é a purificação que se faz necessária para percorrer o caminho. Envolve desde limpeza corporal, alimentação saudável e prática de exercícios físicos, até livrar a mente de sentimentos negativos e perturbadores, como raiva, ódio e inveja.
 
Samtosha: contentamento
A alegria de receber todas as coisas da vida como um aprendizado é a chave para samtosha. Com ele, aprendemos a nos entregar com esforço e dedicação a qualquer tarefa, por mais que nos desagrade.
 
Tapas: austeridade

Tapas significa se esforçar, acreditar e ter força de vontade para alcançar um objetivo. É não desistir diante de uma privação mais dura, de uma postura mais complicada ou de uma etapa que pareça ultrapassar nossos limites.
 
Svadhyaya: autoconhecimento e estudo sobre os textos sagrados
A literatura sagrada deve ser usada como instrumento na ampliação do entendimento do yoga e para o próprio desenvolvimento espiritual e pessoal. Aqui, é importante meditar sobre a própria natureza, passar a limpo aspectos da vida, investir fundo no autoconhecimento.  A sensação inicial  de mexer em velhas feridas não é boa, mas, por mais que o processo pareça doloroso, é a única forma de se libertar de velhos medos e temores.
 
Ishvara: rendição a Deus

A confiança na existência de algo maior do que nós é ishvara (entregar-se ao ser supremo), a fé que ultrapassa barreiras, sejam elas armadilhas do ego, bloqueios mentais ou ponderações racionais. Só é possível atingir essa fase do niyama quando o praticante já desenvolveu a habilidade de praticar todas as premissas anteriores, abrindo mão de seu orgulho e egoísmo.

3 – Asanas
As conhecidas posturas corporais do yoga também fazem parte dessa jornada. De extrema importância dentro da filosofia, sua prática é responsável por fazer a energia fluir livremente pelo corpo, diminuindo, assim, a dualidade entre nossos aspectos físicos e mentais.
Os asanas também trazem inúmeros benefícios para a saúde, como aumento da capacidade cardiovascular e alívio do estresse. Além, é claro, de incrementar o poder de concentração. Treinar as posturas, sempre em busca da superação dos próprios limites, é um poderoso exercício de atenção e foco.
 
4 – Pranayamas
Mais do que um simples “inspirar e expirar”, os pranayamas são técnicas respiratórias sutis, que envolvem quatro importantes fases: inspirar, manter o ar nos pulmões, expirar e permanecer um tempo com os pulmões vazios. O objetivo, além de desenvolver a capacidade respiratória, é direcionar a energia sutil (prana) para os diversos chakras. São indicados não só para pessoas que apresentam dificuldade no aparelho respiratório, mas também para indivíduos com problemas no istema nervoso (como depressão, fadiga, ansiedade e insônia) ou, simplesmente, para os que querem acalmar os pensamentos e as emoções.
 
5 – Pratyahara

Uma transição entre as quatro primeiras fases (essencialmente práticas) e as três últimas (quando o trabalho mental passa a ser o único foco): assim pode ser definido o pratyahara, o exercício de acalmar a mente e prepará-la para a meditação. Nessa instrospecção dos sentidos, o importante é serenar os pensamentos e permanecer imune aos estímulos exteriores.
6 – Dharana
O sexto estágio é o exercício da concentração absoluta. Dharana é focar a mente em um único ponto, evitando ao máximo o “vai e vem” da mente e se preparando, dessa forma, para o real estágio meditativo. Repetir mantras e manter o olhar fixo nas bruxuleantes chamas de uma vela são algumas das sugestões que os Yoga Sutras trazem para que se consiga cumprir essa etapa, que exige tanto esforço e dedicação, com excelência.

8 – Samadhi
Resultado final desse longo processo, samadhi é o estado no qual a consciência é iluminada pela luz divina. Segundo alguns mestres yogues, é o momento em que todo o amor está direcionado para o ser supremo e o indivíduo fica inteiramente ligado e absorvido por Ele (semelhante ao estado de moksha, no hinduísmo). É claro que ninguém chega aqui por acaso: o samadhi é a conseqüência da aplicação perfeita dos sete princípios anteriores, sinal de que não há mais nenhuma correção a fazer, de que a mente humana atingiu seu mais alto grau de perfeição. A recompensa: uma sensação de bem-estar e plenitude que vem de dentro, que  independe de qualquer fator externo.
Nasce o Raja Yoga
Depois de sistematizar o yoga por meio dos Yoga Sutras, Patanjali criou o Raja Yoga,  ou “yoga real”.  Vertente clássica, o raja é considerado uma prática suprema, integral. É a síntese dos yogas, ou “caminhos para união com Deus”, descritos na filosofia Vedanta. Seu objetivo é a comunhão com Deus, por meio da prática da meditação, vivência de elevada ética de conduta, serviço impessoal ao mundo e veracidade. É uma modalidade que inclui os sistemas Karma (reta ação), Gnana (sabedoria) e Bhakti (amor).
A prática do raja engloba pranayamas (controle do alento), irradiação de amor universal, namaskara (rendição total e irrestrita a Deus) e a compreensão do bhavana (conceito da Unidade Divina).  A meditação é dividida em externa, interna e transcendental, dando ao praticante o despertar dos poderes latentes e divinos do ser, bem-estar físico e mental, caráter, magnanimidade e a aproximação aos Seres da Luz. Os principais mestres dessa modalidade são Sri Krishna e Mitra Deva. 




Hatha Yoga: Transformação Global

A linhagem mais clássica do yoga, o hatha é considerado o caminho para a conquista da saúde completa: oferece vigor e equilíbrio ao corpo, ao mesmo tempo em que limpa e clareia a mente. De quebra, a alma fica levinha, levinha.

Texto • Analice Bonatto / Triada.com.br

Que tal cuidar da mente, manter a saúde física em dia e ainda ganhar um corpo bonito e bem-definido, tudo em uma única prática holística? O segredo está no hatha yoga, uma poderosa técnica que preza pela educação física e mental, fugindo da inércia e desafiando os limites do aluno. No hatha, o grande objetivo do praticante é o fortalecimento do corpo físico, que deve estar preparado para suportar a força e o peso da elevação espiritual. Para isso, os asanas devem ser praticados com consciência e foco, respeitando os limites do corpo e buscando alcançar o relaxamento total.
Considerada pelos especialistas a base de todos os outros estilos de yoga, o hatha é a sua linha mais conhecida, tida como “a abordagem corporal do yoga”. Segundo o professor Fred Peixoto, praticante há mais de 20 anos, essa técnica pode ser considerada uma ginástica, mas, acima de tudo, é um método eficiente de preservação da saúde. É isso mesmo: além de deixar os músculos tinindo, o hatha também pode auxiliar no tratamento de doenças, já que atua de maneira eficiente sobre os sistemas muscular, glandular, nervoso, ósseo e respiratório. Dessa forma, ele promove um equilíbrio agradável entre bem-estar físico e emocional.
Segundo Juliana Araújo, coordenadora do curso de formação de professores de hatha yoga e yogaterapia da Humaniversidade Holística, em São Paulo, a prática do hatha nos permite fortalecer o corpo de tal forma que podemos cultivar realizações maiores (samadhi, o estado no qual a consciência é iluminada pela luz divina) e purificar os canais sutis do corpo (nadis), pelos quais circula a força vital (prana). Para isso, no entanto, é essencial manter regularidade. “O ideal é que o yoga não seja só parte da sua rotina, mas sim da sua vida”, diz Juliana. Ela explica que uma aula de hatha consiste basicamente na performance de asanas (posturas) e pranayamas (exercícios respiratórios da yoga) para controlar a mente, meditação e relaxar completamente.

A prática é recomendada para pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, mas segundo Fred Peixoto, o formato das aulas de hatha depende do professor. “Alguns dão mais ênfase ao aspecto relaxante das posturas, enquanto outros, como eu, as utilizam no seu aspecto mais vigoroso”, explica. Em todos os casos, a atitude mental é de vital importância. “Os exercícios são feitos com consciência e concentração. Em geral, os movimentos são lentos, acompanhados de uma respiração controlada, mas muito intensos”, diz o professor, explicando que em uma única aula são trabalhadas quase 30 posturas.

Equilíbrio vital
É por meio da interação entre corpo e mente, masculino e feminino, Sol e Lua, que o hatha yoga proporciona resultados tão eficientes, tanto no plano físico como no espiritual. Originalmente, a palavra “hatha” significa “vigor”. Ainda, enquanto “ha” se refere ao astro solar, “tha” relaciona-se à Lua, representando a bipolaridade ativa e passiva. “O principal fundamento do hatha diz que mente e corpo são dois lados de uma mesma medalha, de forma que se influenciam mutuamente”, explica Fred. Estes mesmos conceitos dão margem, no entanto, a linhas diversas de aplicação prática.
Ashtanga-yoga, power yoga, método iyengar, entre outros, são variações diretas do hatha yoga. “São nomes diferentes para a mesma coisa. Cada um desses subestilos recebe o colorido do seu propagador, porém as técnicas são basicamente as mesmas, fazendo uso de um método diferente de ensino. Assim é importante a escolha de um bom professor”, diz ele. Ainda, de acordo com Juliana Araújo, não só no Brasil, mas no mundo todo, se você pratica asanas, pranayamas e shatkarmas, está praticando hatha. “Se compreendermos a origem, saberemos que todos os estilos são essencialmente hatha. As práticas diferem de acordo com as instruções dos professores, porém os asanas são os clássicos descritos nos textos originais, com algumas variações”, conta.
No meio de tantos estilos, ela avalia que a melhor linha a seguir é a que se adapta à condição física e aos objetivos do praticante, ressaltando que é essencial que o professor saiba de todos os problemas do aluno para fazer uma melhor indicação de posturas. “Mas é muito importante não querer que o yoga se adapte a você, aos seus vícios e hábitos. Deve-se ser consciente de que a prática vai gerar grandes transformações na sua vida e na sua maneira de lidar com o mundo”, finaliza.
 

Origem milenar

Segundo o professor Fred Peixoto, o hatha é um dos ramos das inúmeras vias de libertação espiritual indiana. A técnica tem origens no chamado culto dos Siddhas, que floresceu entre os séculos 7 e 12. Por meio de técnicas corporais, eles julgavam poder transformar o corpo-mente em essência espiritual. O hatha yoga nasceu daí. A tradição hindu associa sua criação ao sábio Goraksha Natha, e também ao seu mestre, Matsyendra Natha, ambos nascido na região da baía de Bengala. No século 15, Swami Swatamarama sistematizou as técnicas no tratado Hatha Yoga Pradipika – nele estão descritas as diversas técnicas da prática. Atualmente, o hatha yoga é praticado como um método de educação física e mental, não sendo necessário seguir nenhuma filosofia exótica para estar sujeitos aos seus poderosos resultados.




Afinal, o certo é Yoga ou Ioga?

Vemos de tudo por aí: yoga, ioga, iôga, yóga, e assim vai. Mas, de verdade, qual é a forma correta de escrever o nome dessa prática indiana? Consultamos um professor de sânscrito supergabaritado para acabar de vez com a dúvida.

Texto • Thiago Perin / Triada.com.br

Com Y e com I
Como é a forma mais usual da palavra no inglês, que é a língua mais falada internacionalmente, a grafia YOGA se tornou a predominante no mundo, sendo adotada até mesmo na Índia. Quem explica é o professor de sânscrito Carlos Eduardo Gonzales Barbosa: “mas, quando passou a ser utilizada no Brasil, a palavra foi incorporada à nossa língua com a grafia IOGA. Em português, essa é a forma mais adequada”, aponta.
 
Escolha a sua
“Como yoga é um vocábulo sânscrito, a grafia original é feita utilizando um sistema de escrita que não existe no Ocidente. Com o tempo, a palavra foi transposta para nosso alfabeto de maneiras variadas, o que impede que exista uma única forma certa de escrevê-la”, explica o professor.
Ou seja: não tem como errar. Aliás, tem isso: erra quem afirma que “sua” forma de escrever é a única correta. “Eu uso YOGA, porque dou aulas de sânscrito e estou habituado à palavra nessa língua. Mas posso assegurar que adotar a forma em português, IOGA, não é nem incorreto, nem ofensivo, e nem sequer incômodo. Afinal, a grafia do nome não prejudica nem ajuda a prática que ele representa”, diz.
 
Quanto à acentuação
A regra gramatical da língua portuguesa não permite que IOGA seja acentuada. YOGA, segundo Carlos Eduardo, também não possui qualquer sinal diacrítico que necessite de representação por acento. “Usá-lo, portanto, é inadmissível em ambos os casos”, aponta ele.
 

Variações de pronúncia
“No sânscrito, não há diferença entre os fonemas ‘ó’ e ‘ô’. Isso significa que, para um falante dessa língua, os dois são exatamente iguais”, ensina o especialista. “Existe um certo consenso em meios acadêmicos que aponta a pronúncia com ‘ô’, fechado, como a mais correta. Mas, na verdade, tanto faz”.
 
Questão de gênero
Em sânscrito, a palavra é masculina: O YOGA. Em português, feminina: A IOGA. “Escolha uma das formas e bom proveito. A comunicação é livre e, desde que aquilo que designamos com a palavra esteja correto e seja entendido, não há mal em utilizar a pronúncia que melhor lhe aprouver”, encerra. Afinal de contas, intolerância não combina muito com o espírito de liberdade do yoga, não é?
 

Resumindo a história

• Tanto o yoga quanto a ioga estão corretos

• As duas formas não levam acento

• O som da letra o pode ser aberto ou fechado.




10 Atitudes yogues e eco-friendly

O yoga defende uma existência pacífica e com total respeito aos recursos naturais. Pensando nisso, listamos dez cuidados simples, devidamente alinhados à filosofia oriental, que você pode adotar para fazer a sua parte na preservação do planeta.

Texto • Thiago Perin / Triada.com.br

1 – Leve a reciclagem a sério. Visite www.recicloteca.org.br e informe-se sobre cooperativas, sucateiros e indústrias recicladoras que recebem materiais recicláveis na sua região. Depois é só separar tudo direitinho.

2 – Adote uma dieta mais natural. Consulte o catálogo de supermercados e restaurantes especializados em produtos orgânicos do www.portalorganico.com.br. Enquanto estiver por lá, anote as dicas de cardápio e as receitas que o site disponibiliza.

3 – Seja um voluntário. Uma ou duas horinhas na semana já podem fazer uma diferença enorme nas vidas de quem precisa de ajuda. Acesse www.voluntariado.org.br e encontre uma organização social perto de você.

4 – Troque o carro pela bicicleta. Além de manter o corpo em dia, pedalar não polui e ainda desafoga o trânsito. Nos sites www.ta.org.br e www.escoladebicicleta.com.br você encontra informações importantes para levar essa ideia adiante com segurança e cidadania.

5 – Fique sempre antenado. O blog www.oguiaverde.com traz várias dicas bacanas de produtos, lugares e eventos sob medida para não agredir o planeta. Pesquise e procure se informar constantemente sobre como você pode ajudar.

6 – Evite as sacolas plásticas no supermercado. É verdade o que dizem: uma única sacola plástica pode demorar até 300 anos para se decompor. Então, que tal investir em uma eco bag? O site www.ecobagcoletiva.com.br tem sacolas dobráveis e totalmente orgânicas por um valor superacessível. Elas são bem estilosas e podem estar sempre na sua bolsa (ou até mesmo no bolso!).

7 – Invista no consumo consciente. Visite www.akatu.net e descubra medidas simples para desperdiçar menos e aproveitar de maneira mais inteligente os recursos naturais dos quais dispomos. Outra coisa: sobrou comida? Ajude no combate à fome. Informe-se sobre como fazer doações regulamentadas em www.bancodealimentos.org.br.

8 – Economize água. Uma ideia bem-humorada para cortar o desperdício é a da campanha www.xixinobanho.org.br. A proposta é diminuir a quantidade de descargas (cada uma emprega, em média, 10 litros de água) por dia. E o site ainda traz estatísticas de arrepiar os cabelos sobre o mau uso da água no Brasil. Vale conferir.

9 – Use roupas eco-friendly. Por que não levar a consciência ecológica também ao guarda-roupas? No site www.ecotece.org.br, você encontra informações sobre a prática do “vestir consciente” e descobre como participar desse movimento.

10 – Ajude a promover a consciência ambiental. Se fazer a sua parte é o primeiro passo, incentivar seus conhecidos a fazer o mesmo é o segundo. Encontre informações sempre atualizadas sobre atitudes ecologicamente corretas em www.ecodesenvolvimento.org.br. Para ir além, pense na possibilidade de associar-se a uma entidade de defesa ambiental, como o www.greenpeace.com.br.

Filosofia yogue aplicada ao meio-ambiente

ASTEYA: o princípio do desprendimento

Pense se você não está abusando dos recursos naturais disponíveis. O aquecimento global e o desmatamento lhe causam preocupação real?

 

AHIMSA: o princípio da não-violência

Reflita sobre seus hábitos rotineiros. Algum deles faz, de forma direta ou indireta, mal ao planeta? Você seria capaz de mudá-los?

 

SATYA: o princípio da verdade absoluta

Questione se você está honestamente fazendo tudo o que pode do ponto de vista ecológico. Será que poderia fazer um pouco mais?




Bhagavad Gita: Um guia para toda a vida

Mais do que um conto mitológico, o Bhagavad Gita é uma verdadeira aula de espiritualidade, e é dele que vem grande parte dos preceitos que regem as tradições orientais de bem-estar. Saiba, a seguir, tudo sobre esse tão importante texto sagrado.

O que é o Bhagavad Gita?
É uma das mais antigas escrituras da Índia. Os indianos acreditam que seu texto, que narra um episódio mitológico protagonizado pelo deus Krishna e por um príncipe hindu, carrega a essência do conhecimento védico – as bases que regem a filosofia hinduísta. Estruturalmente, o Bhagavad Gita tem cerca de 700 versos, divididos em 18 capítulos, que, com base nos ensinamentos de Krishna, formam uma espécie de guia prático para a vida de acordo com os preceitos védicos. É uma das partes – precisamente, o sexto livro – da obra chamada Mahabharata, o maior escrito épico da Índia Antiga, que ao todo tem mais de 70 mil versos. O nome Bhagavad Gita (lê-se bágava guita), significa, em sânscrito, algo como “Canção de Deus”, devido à delicada métrica e à musicalidade de seus versos. É deles que saem grande parte dos fundamentos que regem as práticas da meditação e do yoga até hoje.

Quando e por quem foi escrito?
Não se sabe ao certo. Estudiosos sugerem que o Bhagavad Gita foi composto em algum período entre os séculos 5 e 2 a.C. Já a autoria do texto é comumente atribuída a um sábio indiano chamado Vyasa. Acredita-se que ele tenha sido sido o responsável por compilar as histórias que compõem o Mahabharata, os próprios Vedas e também outros escritos importantes da tradição hindu. Mas quase todos os livros da Índia Antiga são formados por narrativas que já eram transmitidas oralmente por vários séculos antes do registro – por isso, essas obras são anônimas e não levam datação oficial.

Do que se trata?
É um diálogo entre Krishna, uma das manifestações do deus Vishnu, e o príncipe Arjuna. Os dois discutem em pleno campo de batalha, pouco antes do início da mitológica Guerra de Kurukshetra – um embate que teria durado 18 dias, em algum momento entre os anos 3.000 e 1.000 a.C. Dois grupos antagônicos de uma mesma família estão prestes a lutar pelo poder, o que coloca Arjuna num profundo dilema: ele deve guerrear contra pessoas de seu próprio sangue, ainda que estes sejam seus inimigos? Frente à confusão do jovem, Krishna lhe explica o dever de um guerreiro, a propriedade transcendental do espírito e a importância da devoção ao Ser Supremo, registrando conceitos que se tornariam as bases da filosofia hinduísta.

É uma história real?
É parte da mitologia indiana, tal como os famosos contos que versam sobre a origem do universo, o nascimento de Brahma de uma flor-de-lótus que brotou do umbigo de Vishnu, a origem da cabeça de elefante de Ganesha, e assim por diante. Vários estudiosos refletiram sobre a fundamentação histórica do Bhagavad Gita ao longo dos séculos. O pacificador Mahatma Gandhi, por exemplo, dizia enxergar a trama do livro sagrado como uma alegoria, uma “fábula inspiradora”, na qual o campo de batalha seria o espírito e o príncipe Arjuna representaria a natureza humana lutando contra os impulsos do mal. Como se trata de uma obra de imensa profundidade, o ideal é que cada um faça sua própria interpretação após uma leitura concentrada – ou várias delas.

Por que é importante conhecê-lo?
O Bhagavad Gita é uma obra enriquecedora para qualquer pessoa interessada na sabedoria indiana. A partir de exemplos e analogias poéticas, Krishna discorre sobre a teoria e a prática dos principais fundamentos do conhecimento védico, detalhando, entre outros, a preparação adequada para a meditação, a utilização correta do mantra Om, o processo de formação de um mestre do yoga e o caminho ideal para a elevação do espírito. Assim, qualquer um tem bastante o que aprender com ele. Talvez por permitir uma variedade tão grande de leituras – que podem ser feitas sob um aspecto filosófico, metafísico, moral, espiritual, unicamente prático ou mesmo literário –, o Bhagavad Gita tem, em geral, uma aceitação bem grande entre o público Ocidental.

 

 




Minienciclopédia: Yoga de A a Z

Muito mais do que mera atividade física, o yoga está relacionado a princípios sagrados, reflexões filosóficas e conceitos pra lá de transformadores. Ficou curioso? Para saber mais sobre alguns deles, é só consultar a minienciclopédia a seguir.

Texto • Carine Portela / Triada.com.br
 
A – Asanas
São as posturas praticadas no yoga. Para a nossa sorte, a palavra em sânscrito usada para nomeá-las começa com a letra A: assim, podemos começar contando para você que, de acordo com a tradição indiana, esses exercícios são apenas uma parte da milenar sabedoria yogue, que ainda envolve exercícios respiratórios, técnicas meditativas e uma série de preceitos morais que têm como objetivo ajudar o ser humano a evoluir. Na seção “Prática” você encontra o passo a passo de várias delas, com indicações específicas.

B – Bhagavad Gita
É o mais famoso capítulo do Mahabarata, principal poema épico religioso do hinduísmo (descubra, ali no H, mais sobre essa religião que guia os princípios do yoga). Seus versos narram um diálogo entre o guerreiro Arjuna e o deus Krishna. Nele, estão contidas passagens como: “Entre as estrelas sou a lua. (…) Das letras eu sou a letra A. (…) De todas as criações eu sou o início e também o fim e também o meio” que inspiraram Raul Seixas a compor a música Gita. Conheça todos os detalhes da obra.

C – Chakras

São portais por onde a energia vital (prana) entra e sai do nosso corpo. Há milhares deles em cada um de nós, mas os mais importantes são sete. Saiba um pouquinho sobre cada um aqui. E a boa notícia é que praticar yoga é uma ótima maneira de mantê-los sempre em bom funcionamento.

D – Dhyana
Meditação (invista nesta prática já!) ou contemplação, um dos pilares essenciais do yoga. Para experimentar, a receita é manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.

E – Ekadashi
O décimo primeiro dia depois da lua cheia. Para os indianos, essa é uma data especial, destinada à purificação do corpo e da mente – e, por isso, deve ser dedicada ao jejum de grãos (o que, muitas vezes, é estendido para qualquer alimento) e de pensamentos.

F – Flor de Lótus
Símbolo de elevação espiritual, venerada em quase toda a Ásia por ser uma planta de extrema beleza, que nasce da escuridão do lodo. O nome lhe é familiar? Sim, a postura de lótus, uma das mais tradicionais do yoga, é uma homenagem a essa planta sagrada.

G – Gheranda Samhita
É um texto clássico do Hatha Yoga que detalha, entre outras coisas, a prática dos asanas (que você já conhece), dos mudras (que você vai descobrir daqui a algumas letras) e do dhyana (se não lembra o que é, é só dar um pulinho de volta ao D).

H – Hinduísmo
Religião baseada nos Vedas (seus livros estão detalhados na letra Q e, chegando lá, você vai entender o porquê), seguida pela maior parte dos indianos. Entre suas principais características, destacam-se o politeísmo, a crença na reencarnação e o conceito de que o Universo e todos os seres que nele se encontram – desde um guru indiano, até você e uma simples formiguinha – são emanações da mesma força suprema. Colocar seus ensinamentos em prática significa buscar a evolução espiritual por meio do esforço pessoal, o que inclui controlar seus impulsos e emoções negativas e cuidar da sua saúde física e mental. A essa altura, você já deve ter percebido que absolutamente tudo o que está relacionado ao yoga está relacionado também ao hinduísmo, não é mesmo? Para saber mais sobre a religião,dê uma olhadinha aqui.

I – Ishwara Pranidhana
Devoção pura, entrega total ao sagrado e completa aceitação de seus desígnios. É, sem dúvida, uma das maiores lições do hiduísmo.

J – Japa
Repetição contínua de um mantra. Técnica muito usada pelos mestres yogues para focar a mente e facilitar o alcance do estágio meditativo.

K – Karma
Resultado da lei de causa e efeito, princípio universal de evolução que defende que qualquer ato, por mais insignificante que possa parecer, voltará ao individuo com igual intensidade em algum momento de sua caminhada evolutiva. Sim, a famosa regra da “ação e reação”, que faz parte de inúmeras religiões (como o budismo e o espiritismo, para citar só alguns exemplos) surgiu primeiro no hinduísmo.

L – Lakshmi
É a bela deusa indiana da fortuna. Ela compartilha o panteão hindu com inúmeras divindidades, como Brahma (deus da criação), Durga (deusa da beleza), Parvati (a mãe), Ganesha (o removedor dos obstáculos) e Shiva (deus da destruição e da renovação, além de criador do yoga). Conheça mais sobre ela (e sobre outras figuras femininas importantes da Índia),

M – Mudras
Posturas e gestos feitos com as mãos para estimular e equilibrar os pontos de energia do corpo humano. Eles estão presentes nas técnicas de meditação do yoga, nas imagens sagradas do hinduísmo, na dança indiana e em diversos elementos relacionados à cultura e iconografia hindu. 

N – Namastê
Simpática saudação muito utilizada pelos yogues. Literalmente, significa “Deus em mim saúda Deus em você”. É um dos mais famosos “símbolos” da Índia.

O – Om
É o som primordial. Segundo a cultura indiana, ele existe desde a criação do Universo e representa a emanação da força suprema (da qual você já ouviu falar no verbete Hinduísmo). Entoá-lo como um mantra é um exercício poderoso para se conectar com a fonte sagrada de sabedoria universal. 

P – Patanjali
O pai do yoga. É verdade que esse indiano não inventou a filosofia yogue – até porque, quando ele viveu, entre 200 a.C. e 400 d.C, ela já existia há alguns milênios –, mas Patanjali dedicou sua vida ao estudo dos textos antigos e, ao final dela, codificou e organizou tudo o que descobriu nos Yoga Sutras. Desde então, essa superenciclopédia tem sido utilizada como principal fonte de conhecimento quando o assunto é o yoga clássico e suas inúmeras linhagens.

Q – Quatro livros sagrados
Compõem as escrituras sagradas do hinduísmo, mais conhecidas como Vedas. Nomeados Rig, Sama, Yajur e Atharva, são considerados por muitos historiadores como os registros escritos mais antigos que existem. Nele, estão hinos, preces, lendas, informações sobre os deuses e o código de conduta que até hoje funciona como o “manual de instruções para a vida” dos indianos.

R – Rishis
São sábios realmente invejáveis – eles receberam todo o conhecimento védico em estado de meditação profunda, ou seja, em apenas um clique, tiveram uma iluminação que os ensinou o que a maioria das pessoas comuns não consegue aprender nem em milhares de sucessivas reencarnações.

S – Samadhi
Iluminação, êxtase, absorção espiritual. Em outras palavras, é o estágio máximo de transcendência alcançado pela prática do yoga e da meditação.

T – Tapas
Disciplina ou austeridade. Um dos mais importantes preceitos de conduta descritos pelo sábio Patanjali (que foi apresentado a você na letra P).

U – Upanishads
Instruções religiosas contidas nos livros sagrados dos Vedas. Se pudessem ser resumidas em uma só frase, ela seria: “o verdadeiro estudo da religião se encontra na vivência direta com o sagrado”.

V – Vedanta
“A meta de todo o conhecimento”, em tradução literal. Representa o conjunto de ensinamentos contidos nos Vedas (para saber mais sobre os quatro livros que compõem essas escrituras sagradas, é só dar meia volta e retornar ao Q).

X – XX (século)
Momento histórico em que o yoga abraçou o mundo ocidental – ou vice-versa, se você preferir. O principal responsável por esse movimento foi o mestre indiano Swami Sivananda (1887-1963), que acreditava no caráter universal da sabedoria e, por isso, dedicou grande parte da sua vida para torná-la acessível a quem nunca tinha ouvido falar de Vedas ou Upanishads. A novidade veio em boa hora: recebemos esse verdadeiro presente das Índias quando a vida moderna insistia em nos tornar cada vez mais materialistas, individualistas e, claro, estressados.

Y – Yogue, yogin ou yogi
Pessoa que pratica yoga, ou seja, você!

Z – Zen
Tudo que revela ou reflete a serenidade e a simplicidade. Na teoria, o conceito de zen não tem nada a ver com o yoga, e sim com o zen budismo japonês. Mas, se você não se importar em deixar o preciosismo de lado, não há nenhum problema em combinar diferentes linhagens de ensinamentos orientais para buscar uma vida melhor. Boa sorte!




Yogananda, o propagador do ioga

Sua mensagem de clareza mental, espírito questionador e boa articulação corporal ultrapassou os limites que dividem o globo e mudaram as vidas de milhões de pessoas no Ocidente. Conheça os preceitos e a vida de Paramahansa Yogananda.

Texto • Vanessa Reis / Triada.com.br
 
Com graça e eloquência, pregando a valorização da verdade direta e sua busca em oposição à credulidade total em qualquer conceito religioso, Paramahansa Yogananda foi nada menos do que o principal nome responsável pela difusão da herança espiritual indiana no Ocidente. Por meio de sua mensagem de paz e técnicas originais para alcançar a elevação, como o Kriya Yoga (leia mais a respeito no box), ele levou o conhecimento das tradições orientais para um número imenso de pessoas, cravando seu lugar entre os mais importantes gurus contemporâneos.
Nascido em 1893, na cidade de Gorakhpur, ao norte da Índia, o pequeno Mukunda Lal Gosh foi nomeado Yogananda (que significa “bem-aventurança”) quando passou a fazer parte da ordem monástica dos Swamis, logo após ter se formado na Universidade de Calcutá, em 1915. Já o título espiritual Paramahansa lhe foi regalado pelo guru Swami Sri Yukteswar Giri, de quem era discípulo – traduzindo a índole iluminada do futuro expoente, significa “aquele que está em suprema comunhão com Deus”.

Desde a infância, Yogananda demonstrava possuir dons espirituais além dos daqueles que o cercavam. Sua missão foi iniciada quando tinha 24 anos, com a fundação da escola para meninos “Saber Viver”, na Índia – ali, conciliava a metodologia educacional moderna com práticas de yoga e preceitos espirituais antigos.
Como guia espiritual, o mestre enfatizava que a fé cega se opõe à experiência da verdade. “A verdadeira base da religião não é a fé, mas a experiência intuitiva. A intuição é a força da alma no conhecimento de Deus. Para conhecer profundamente a religião, é necessário conhecer Deus”, ensina ele. As técnicas que legou têm a finalidade da realização pessoal de cada um. Dizia que, alcançando-a, seria possível conhecer o corpo, a mente e a alma, que pertencem a Deus.
 
Deixando a marca
Quando partiu para o Ocidente, Yogananda pretendia levar esses fundamentos ao maior número de pessoas que pudesse. Suas expectativas, por sinal, foram mais do que superadas. A partir de uma primeira incursão no hemisfério desconhecido – um congresso para líderes religiosos nos Estados Unidos –, o indiano ganhou fama e reconhecimento crescentes, pregando o autoconhecimento e a imersão interior. “Aumentar o conhecimento de si é aumentar a onipresença divina”, ensinava.
Ministrando palestras para auditórios cada vez mais lotados, Yogananda fundou, na década de 20, a Self Realization Fellowship (presente também no Brasil, na cidade de São Paulo), com o objetivo de continuar seu trabalho humanitário e espiritual. Uma das participantes da organização, que não quis se identificar, conta que teve seu primeiro contato com os ensinamentos do guru por meio de sua obra clássica,Autobiografia de um iogue (lançada no Brasil pela editora Sextante), de 1946. Nele, que é considerado um dos livros mais importantes de cunho religioso já publicados, Paramahansa conta sobre sua infância, seu aprendizado do Kriya Yoga, sua convivência com os grandes mestres hindus e até sua ida à América.

No livro, o mestre ainda propõe posturas para tornar a relação com o próximo mais harmoniosas. Segundo ele, é preciso exercer a solidariedade e livrar-se do egoísmo que se encontra em nosso interior para ter o espírito em paz e, consequentemente, uma vida melhor. “Os ensinamentos de Yogananda são perfeitos para o mundo moderno, pois equilibram o trabalho com a prática meditativa, de engrandecimento espiritual”, diz a estudante, membro da Self Realization Fellowship. Absorvê-los e aplicá-los, portanto, é mais do que recomendado.

Kriya Yoga

Foi por meio de Autobiografia de um iogue que Yogananda tornou popular esse sistema que remonta a tempos imemoriais, mas padeceu obscuro por muito tempo. Desenvolvido há milhares de anos por mestres antigos, o Kriya Yoga só foi difundido fora da Índia a partir do século 20.

De forma simplificada, a prática baseia-se em direcionar, com o poder da mente, a prana (nossa energia vital) aos chakras, com foco nos seis centros espinhais do corpo (regiões medular, cervical, dorsal, lombar, sacral e do cóccix), que correspondem aos 12 signos do zodíaco.

Segundo Yogananda, meio minuto de Kriya Yoga equivale a um ano de desenvolvimento espiritual natural. Caso você se interesse, vale a pena fazer uma visita ao site do Kryia Yoga Institute, fundado pelo guru e presente no Brasil, no endereço www.kriya.org.br

Em tempo: uma vida dedicada à espiritualidade
1893 | Em 5 de janeiro de 1893, nasce Yogananda, na cidade de Gorakhpur, na Índia.
1910 | Aos 17 anos, conhece o guru Swami Sri Yukteswar Giri, que se tornaria seu principal mentor espiritual.
1915 | Presta votos na ordem monástica Swami e torna-se Swami Yogananda.
1920 | Visita pela primeira vez os Estados Unidos. No mesmo ano, funda a Self Realization Fellowship.
1924 | Inicia uma caravana de palestras por todo o continente americano.
1935 | Faz uma viagem de 18 meses pela Europa e Oriente Médio, antes de voltar para a América.
1946 | É lançado o livro Autobiografia de um iogue, com sua história de vida.
1952 | No dia 7 de março,entra em mahasamadhi – a saída final e consciente do corpo, atingindo o plano astral.