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Magia do perfume irradiado

Na magia atrativa há muitas formas de aumentar o poder pessoal de uma mulher através da irradiação de uma Pomba Gira que trabalhe com esta finalidade, como por exemplo, Maria Padilha, Dama da Noite, Pomba Gira Menina… O ato de encantar um perfume através de irradiação é uma das formas mais comuns e que traz bons resultados.

PASSOS SIMPLES!

1. Prepare um padê com sete bombons ovais (serenata de amor, sonho de valsa…), faça uma farofa com farinha de mandioca branca com a mão esquerda.
Arranje três ou sete rosas vermelhas sem espinhos.

2. Faça o ponto riscado de uma das Pombas Giras que queira trabalhar (pesquisando no site encontrará pontos de diversas).
Caso faça de frente para o seu assentamento, deverá apenas colocar um alguidar em cima do círculo com o ponto. Porém se for fazer fora de casa devido não ter assentamento, recomendo que ponha um pano vermelho (morim por cima).
Ponha o padê de bombons em seguida e coloque enfeitando as rosas vermelhas por último.

3. Acenda uma ou sete velas vermelhas fazendo um círculo em volta do trabalho ou deixando a posição de alinhamento das velas em formato de um coração.

4. Caso faça de frente para o seu assentamento é recomendável que borrife-o sete vezes cantando para Pomba Gira e pedindo para encantar o perfume fazendo com que todos que sentir o cheiro sinta atraídos pelo seu encanto, ao terminar deixe no local por sete dias sob irradiação.

5. Se você for fazer na natureza, borrife o perfume no trabalho cantando e pedindo que a Pomba Gira encante esse cheiro em você, fazendo com que sempre que usar, se torne atraente e encantadora. Leve o perfume com você ao terminar, saindo sem olhar para trás.

6. É viável que ao utilizar este perfume esteja de roupa vermelha ou com alguma parte do conjunto vermelho simbolizando as mesmas cores das rosas que utilizou.

7. Você também pode tomar banho com sete gotinhas do perfume irradiado pela pomba gira misturado com 2 litros de água, usando do pescoço para baixo antes dos seus encontros e festas.




Manual Dos Chefes de Terreiros e Mediuns de Umbanda

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Sinopse: este livro aborda sobre os fundamentos contidos na Umbanda.

Autor: José Antonio Barbosa.

Ano de publicação: 1961.

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Arte do Benzimento: orações, rezas, benzeduras

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Sinopse: A ciência pode comprovar que a Arte do Benzimento não é misticismo, mas sim técnicas como outras que também usam a manipulação de energias, transmutando e restabelecendo a harmonia na vida das pessoas. Você vai encontrar explicações da ciência de como tudo isso acontece atravéres da Palavra com a força das rezas e orações de um número grande de Benzedores que as praticaram durante seu viver.

Autor: Javert de Menezes.
Editora: Alfabeto.

Data da publicação: 1 de janeiro de 2017.

Idioma: Português.

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Magia Cigana Para O Amor

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Sinopse: Aborda a magia cigana amorosa própria para quem está apaixonado, para os casais ou para melhorar o relacionamento com os familiares.

Editora: Pallas.

Data da publicação: 6 de setembro de 2006.

Autor(a): Sibylla Rhudana.

Idioma: Português.

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Oração da Felicidade

Eu mereço ser feliz.Tenho todo meu corpo perfeito e agradeço a Deus por poder sentir o perfume das flores, ver o colorido da vida, sentir o paladar do alimento que sustenta meu corpo, caminhar e ser livre para ir aonde eu quiser, pois minhas pernas são perfeitas.
Tenho amigos que me amam e posso sentir neles a alegria dequando nos encontramos. Penso positivo, sou positiva, e sei que tudo posso a partir domomento em que acredito no que quero. Sou grata a mim mesma pela fé que tenho na mais pequenina intuição dada a mim por Deus. Acredito que a cada dia eu melhoro um pouco mais, e por isso me valorizo pelas coisas boas que pratico. Sou sincera, verdadeira, segura e tenho certeza de que meu amanhã será ainda mais lindo. Eu amo me amar, pois sou criatura de Deus. Sei que, às vezes, eu choro e fico triste, mas não tenho vergonha de mostrar que também sou sensível e é na minha sensibilidade que encontro a fé e a coragem de que preciso. Não carrego comigo nenhum fantasma do passado, vivo meu presente como dádiva de Deus e espero tranquila um futuro feliz, porque a minha felicidade eu guardo nas mãos de Deus.
FONTE: CIGANA, Elizabeth, Magias e encantamentos ciganos. 1.ed. Madras, 01 de janeiro de 2006.



Oração à Santa Sara Kali

Santa Sara, minha mãe protetora, que estás sempre ao meu lado, eu te agradeço por todas as alegrias de minha vida, por eu ser uma pessoa tão feliz diante da misericórdia de Deus.
Peço-te que, pelas forças das águas, pelo brilho dos cristais, conserve em mim toda a alegria que sinto por ser tua protegida, e permitas, com tua proteção, que eu ajude a todos que me procurarem com uma palavra de amor e de carinho. Que eu nunca seja ambiciosa ou mesmo vaidosa por receber de ti o carinho da fé que me faz forte e capaz de ajudar os que precisam, e que eu nunca deixe de ajudar os menos favorecidos, ensinando que pela fé tudo se consegue dentro do merecimento de cada um. 
Estás sempre ao meu lado, Santa Sara, guiando-me, amparando-me e ensinando-me a cada dia como ajudar ao meu próximo. Aquece-me com teu manto, reveste-me com tua grandeza. Que o brilho das estrelas e da Lua possa iluminar os meus caminhos, a minha vida e a vida daqueles que em ti confiam. Que o calor do Sol aqueça todos os corações com amor e que sejamos todos abençoados e iluminados com a luz do teu doce semblante. Amém. Salve, Santa Sara Kali!
Autora: Elizabeth Núbia.



O QUE É E COMO CONSULTAR O I CHING

Concebido há mais de 3 mil anos, com base no conceito de yin e yang, este oráculo chinês percorreu os séculos ajudando os homens em sua autodescoberta. Veja como desvendar os segredos do I Ching e conhecer mais sobre si mesmo

Texto • Redação

Assim como na natureza, a vida também tem suas estações. Há tempos de despontar e se encher de forças para crescer e produzir e tempos de se recolher, diminuir a atividade e esperar o inverno passar. E descobrir quais são as primaveras, verões, outonos e invernos da vida é um desafio. Mas, seja para uma dúvida corriqueira (como trocar ou não de carro) ou em decisões importantes (como deixar um emprego, partir para uma nova carreira, mudar para outra cidade, ter um filho…), o I Ching tem uma resposta.

E ela não é uma simples indicação ao acaso, do tipo “faça isso” ou “faça aquilo”. “Pelo I Ching, é possível aprender a ver a vida sem o maniqueísmo das coisas boas ou más, e sim pelos aspectos obscuros e introspectivos ou de expansão e crescimento, analisando as circunstâncias com menos julgamento e mais discernimento”, explica Wagner Canalonga, professor de I Ching da Sociedade Taoísta do Brasil.

O I Ching, ou Livro das Mutações, é uma das obras mais antigas da literatura mundial com cerca de 3 mil anos de história. Nele estão as raízes das duas principais vertentes da filosofia chinesa: o confucionismo e o taoísmo. Usado tanto como oráculo ou como objeto de estudo, o I Ching é considerado um tratado das mutações, baseado no conceito de yin e yang. Segundo os chineses, nesta obra estão sintetizadas todas as leis que regem as transformações. “O oráculo nos ajuda a entender melhor a circunstância em que vivemos. Porque tudo tem o lado yang, ou seja, os aspectos lógicos e os que estão evidentes, e o lado yin, obscuro, misterioso. Pelo I Ching temos uma visão mais ampla para sabermos se uma situação ou decisão é favorável ou não”, afirma Canalonga.

Amigo para todas as horas

O principal atributo do I Ching é nos ajudar a lidar com as constantes mudanças que ocorrem em nossas vidas. Pela capacidade de apontar a essência das situações, o I Ching é utilizado por muitas pessoas quando estão diante de momentos importantes, que implicam decisões. É mais ou menos como ter um grande amigo íntimo, sempre pronto a escutar nossos problemas e a nos dar conselhos. Mas a lição mais importante que o Livro das Mutações nos traz é a de que nem sempre é hora de agir – temos os momentos certos para avançar, expandir, mudar ou crescer e o tempo de recuar, se recolher e esperar. Tanto o oráculo como o estudo do I Ching nos ajuda a interpretar melhor estes momentos.

Quantas vezes não ficamos angustiados persistindo em algo que não dá certo ou simplesmente não sai do lugar, está estacionado? “Este é um importante sinal de que não é a hora certa. Se as portas estão fechadas, é melhor recuar e rever. Não adianta ficar angustiado tentando vencer as forças do Céu e da Terra. É energia jogada fora”. Por outro lado, também é preciso saber o momento de agir. “Nem sempre o yang (aspectos lógicos) está evidente e não há segurança quanto à clareza da decisão. O I Ching também ajuda a mostrar esses aspectos”, orienta Canalonga.

A mesma natureza que oferece exemplos práticos de constância, persistência e nos assegura que amanhã o mundo continuará no mesmo lugar e terá a mesma conformação, ensina outra lição que soa quase paradoxal: duradouro não é sinônimo de estanque. As coisas se perpetuam, pregam as filosofias orientais, apenas porque são constituídas de partes mutáveis. É a transformação que torna as coisas permanentes. Por exemplo: um casamento será duradouro somente se passar pelas mudanças naturais que ocorrem nos relacionamentos. Se um mudou e o outro não, o casamento acaba. Tudo em nosso corpo cresce simultaneamente. Se uma parte ficar imutável e deixar de se desenvolver, afetará o todo.

A natureza sempre repete o caminho natural. Podemos aprender com ela que tudo é um processo, que podemos ser mais felizes se seguirmos o fluxo natural das coisas, ou seja, se não tentarmos reter o que precisa ser transformado. A máxima chinesa “sempre a primavera, nunca as mesmas flores” sintetiza o delicado e sutil relacionamento entre o mutável e o imutável no Universo e em nossa vida.

Como uma onda

Assim como as ondas no mar, a vida traz e leva coisas, pessoas e situações. E é neste movimento natural de ir e vir que crescemos. A lição que as ondas nos trazem é a do desapego. No balanço das ondas, entre uma que vem e outra que vai, encontramos espaço para a renovação. Querer apenas receber e acumular provoca o desequilíbrio das energias yin (concentração) e yang (expansão).

Este movimento não está presente apenas no mar. Está na nossa respiração: inalamos o ar, que fica retido e é absorvido, e em seguida expiramos, colocamos outro ar para fora e reiniciamos o processo. Noite e dia, movimento e repouso são outras demonstrações da presença do yin-yang na Terra. E nada é inteiramente bom ou mau, preto ou branco, porque cada um destes movimentos se inicia em seu oposto. Segundo os chineses, a noite começa ao meio-dia, quando o sol começa a declinar. Da mesma forma, o dia inicia a partir da noite.

São muitos os exemplos de equilíbrio e flexibilidade que a natureza nos mostra. Um fenômeno tão natural como os rios que correm para o mar é uma lição de adaptabilidade. As águas mudam de curso, sempre por onde é mais fácil, e vão moldando o trajeto por onde passam. Essas alterações de direção também fazem parte da vida e ensinam a não resistir às transformações, a não querer que tudo seja sempre da maneira como imaginamos. Muitas vezes, o que nos atrita com a vida é querer que tudo dure para sempre. Quando paramos de resistir às mudanças naturais da vida, entramos num fluxo de paz e tranqüilidade.

Usando o poder do oráculo

A maneira mais fácil para os leigos é o método das moedas. O primeiro passo é escolher três moedas iguais e colocá-las próximas a objetos pessoais do consulente para receberem as energias de sua realidade cósmica. Em seguida, determine qual lado da moeda corresponde ao elemento yin e qual representa o yang. O lado que corresponde ao yang terá valor três e o lado yin, valor dois. Formule uma pergunta clara e sacuda as moedas pensando na questão. Jogue uma vez as moedas, vamos supor, que as três moedas caiam com o lado yin voltado para cima. Então, você vai somar estes valores (2+2+2=6). Jogue mais cinco vezes, anote os valores e o resultado de cada soma. No total, as moedas devem ser lançadas seis vezes. Agora com os seis resultados em mãos, transforme cada um deles em um símbolo. Assim, para os resultados pares, corresponda linhas partidas (yin) e para ímpares, linhas inteiras (yang).

Para ficar mais fácil, acompanhe o exemplo:
Determinamos que cara é yin, portanto, valor 2, coroa, então, é yang, com valor 3.

Jogo 6 (cara/cara/coroa)
2+2+3=7  ________

Jogo 5 (coroa/coroa/coroa)
3+3+3=9  ________

Jogo 4 (coroa/coroa/cara)
3+3+2=8  ___    ___

Jogo 3 (cara/coroa/cara)
2+3+2=7  ________

Jogo 2 (cara/cara/cara)
2+2+2=6  ___    ___

Jogo 1 (cara/cara/cara)
2+2+2=6  ___    ___
Resultado: Hexagrama 53 – Chien: Desenvolvimento

 

Lembre-se: some os valores das moedas e desenhe a linha apropriada (números pares, linhas interrompidas; números ímpares, linhas inteiras). Para consultar o significado de cada hexagrama, além das várias edições do I Ching já lançadas no Brasil, você pode acessar sites, como www.uol.com.br/iching, que trazem tabelas e textos detalhados destes símbolos.

O yin e o yang

Inicialmente o I Ching era uma coleção de signos com fins oraculares, que partiam das simples alternativas “sim” e “não”, simbolizadas, respectivamente, por uma linha inteira e uma interrompida. Ao longo do tempo, o oráculo foi evoluindo para representações mais complexas, integradas por duas, três, até finalmente alcançar seis linhas.

Como as situações apresentadas pelas alternativas “sim” e “não” eram impossíveis de ser concebidas como rígidas e isoladas umas das outras, as linhas básicas passaram automaticamente a simbolizar as contradições da própria natureza, as tensões inerentes a todos os processos sempre manifestos na alternância de luz e escuridão, masculino e feminino, aparecimento e desaparecimento das coisas.

Assim nasceu a concepção das duas forças originárias da natureza, denominadas yin e yang, representando o mundo dos contrários. Originalmente, yin significava a sombra – o lado norte da montanha e o lado sul do rio, onde a posição do sol criava a escuridão e a sombra. Yang representava onde o sol declina – o lado sul da montanha o lado norte do rio. Os princípios de “luz” e “trevas” passaram então a simbolizar todas as polaridades em suas diversas combinações, sendo aplicada a todos os campos da vida.

A linha interrompida (yin) passou a significar frio, maciez, contração, umidade e princípio feminino da vida; e a linha inteira (yang) veio a representar calor, vigor, expansão, secura e o princípio masculino da vida. Em determinadas situações, por exemplo, o consulente pode ser aconselhado pelo I Ching a tomar atitudes mais yin (mais passivas), e em outras, mais yang (mais ativas).

Fonte: Triada.com.br




RETRATOS DAS DEUSAS DA ÍNDIA

Fontes inesgotáveis de amor e altruísmo, essas mulheres e divindades indianas marcaram (e ainda marcam) a vida de milhões de devotos. Reunimos cinco delas, cuja importância ecoou muito além das fronteiras da Índia.

ANANDAMAYI MA: a bela precursora

Nirmala Sundari (em sânscrito, “beleza imaculada”) nasceu em 1896, em Kheora. Na época de sua morte, em 1982, essa camponesa virtualmente iletrada foi reverenciada em todo o mundo como Anandamayi Ma, a “Mãe Impregnada de Alegria”. Ao se autoiniciar, ela marcou época e abriu caminho a todas as mulheres santas que ganhariam reconhecimento depois dela, tornando-se uma das poucas sábias do hinduísmo a alcançarem a iluminação sem a ajuda de um guru. Anandamayi Ma ajudou e inspirou milhões de pessoas na Índia com sua natureza única: incessantemente radiante, totalmente unida ao divino e constantemente sensível às necessidades de todos que a buscavam.

AMMA: a mãe do mundo

Quando Ammachi (“Querida Mãe”, em sânscrito), ou Amma, aparece em público, milhares de pessoas saem correndo para receber suas bênçãos e seu famosíssimo abraço. Ela é o que os indianos chamam de mahatma, uma grande alma. Para os devotos, essa mulher de 56 anos é a personificação do amor absoluto e incondicional. Ainda hoje, ela segue viajando o mundo, levando acalento a quem busca, acima de tudo, o amor.

Imagem: Wikipédia.

LAKSHMI: a generosa luz

Uma das entidades femininas mais veneradas da Índia, a deusa Lakshmi é a esposa do grande Vishnu, o sustentador do universo. Tida pelos devotos como a personificação da beleza, da fartura e da generosidade, é ela a mulher que ocupa a mais nobre cadeira dentro do riquíssimo panteão hindu.

ANANDI MA: a ponte universal

Iniciada espiritualmente aos 14 anos pelo renomado guru indiano Dhyanyogi, Anandi Ma é hoje uma das grandes mestras contemporâneas na arte da Kundalini. Desde os anos 80, se divide entre as causas humanitárias da Índia e dos Estados Unidos, fazendo a ponte entre a rica cultura oriental e as necessidades modernas do Ocidente.

Imagem: Wikipédia.

SARASWATI: a deusa dos artistas

Protetora dos poetas, intelectuais, escritores e músicos, Saraswati é a deusa do conhecimento e das artes. Seus nobres filhos, segundo a tradição, são os Vedas, os mais antigos e sagrados textos do hinduísmo.

Autor: Thiago Perin.
Fonte: Triada.com.br




ANITYA: O CONCEITO DA IMPERMANÊNCIA

A sabedoria popular ensina que tudo na vida é passageiro. O budismo, através do conceito da impermanência, anitya, mostra como utilizar esse conhecimento para viver melhor

Texto • Redação

Uma antiga lenda oriental conta a história de um rei sábio e bom que se encontrava no fim da vida. Certo dia, pressentindo a chegada da morte, chamou seu único filho, que o sucederia no trono, tirou um anel do dedo e lhe disse: “Meu filho, este anel foi muito importante para mim e agora será seu. Quando fores rei, leva-o sempre contigo. Nele há uma inscrição. Quando estiveres vivendo situações extremas, seja de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele”.

Logo, o rei morreu e seu filho passou a reinar em seu lugar, sempre usando o anel que o pai lhe deixara. Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho, que acabaram culminando numa terrível guerra. O jovem rei, à frente do seu exército, partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, seus companheiros lutavam bravamente, mas muitos acabaram mortos ou feridos. No meio de tanta tristeza, o jovem se lembrou do anel e leu sua inscrição: “isto também passará.”

Continuando a luta, o rei perdeu algumas batalhas, ganhou outras e, ao final, saiu vitorioso. Retornou então ao seu reino e, coberto de glórias, foi recebido e aclamado pelo seu povo. Nesse momento, ele se lembrou de seu velho e sábio pai. Tirou o anel novamente e leu: “isto também passará.”

Esse pequeno conto reflete um dos conceitos mais importantes do budismo: a impermanência (anitya). Sua lição, simples e direta, é que tudo na vida é passageiro. Tanto as alegrias como as tristezas vêm e vão. A derrota de hoje se transforma na glória de amanhã. Ou, como diria a sabedoria popular: “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.

Para Buda, o conceito de impermanência é nada menos do que a verdade básica da existência. Sem ele, a vida não existiria: nada nasceria, cresceria ou morreria. A criança de hoje nunca se transformaria no adulto de amanhã. Os regimes políticos opressivos nunca sairiam do poder. Os sentimentos ruins que você experimenta ficariam guardados para sempre em seu coração.

“Tudo é impermanente. Tudo que está sujeito ao surgimento está sujeito à cessação”, ensina Buda, explicando por que a impermanência também tem um lado do qual costumamos não gostar. Ela traz a vida e a renova muitas e muitas vezes, mas também é responsável pela morte, pela velhice, pela doença, pela separação. Anitya é, na verdade, tudo em que podemos confiar.

Para fazer com que seus discípulos compreendessem esse conceito, Buda deu o exemplo de um cachorro que, ao ser atingido por uma pedra, ficou zangado com a pedra. Se você consegue perceber que a reação do cão foi descabida, certamente, também é capaz de entender por que não faz sentido culpar a impermanência por nossos sofrimentos. Segundo Buda, “não é anitya que nos faz sofrer, mas sim o desejo de que as coisas sejam permanentes, quando na verdade não são”.

Entender e, acima de tudo, aceitar que tudo na vida é passageiro é o que nos proporciona equilíbrio, paz de espírito e confiança para seguir em frente. Em muitos momentos, a impermanência é um verdadeiro alívio, pois nos dá a certeza de que todo sofrimento um dia chega ao fim – graças à sua existência, podemos estar melhor amanhã do que estamos hoje. Em outras situações, ela é fonte de sabedoria e temperança, pois nos lembra que um momento feliz também não dura para sempre – e é exatamente esse entendimento que nos permite romper o véu da ilusão e enxergar a existência como ela realmente é.

Dia a dia, podemos aproveitar e experimentar as lições de anitya. Lembre-se de que você também tem um anel como o do jovem rei e que deve olhar para ele com atenção toda vez em que estiver vivendo um momento de extrema tristeza ou felicidade. Quando se sentir derrotado, machucado, sozinho, enganado ou perdido, será mais fácil manter a esperança, pois o anel lhe dará a certeza de que isso passará. Mas não deixe de olhar para sua preciosa jóia também quando se sentir poderoso, vitorioso, amado, seguro ou invencível: nesses momentos é importante lembrar que, mais cedo ou mais tarde, esses sentimentos também passarão.




OS SEGREDOS DA FEITIÇARIA

De onde vem a devoção à lua? Por que os gatos são sagrados? O que representa o pentagrama? Conheça esses e outros elementos essenciais da feitiçaria e comece a desvendar os mistérios dessa arte antiga, sagrada e fascinante

Texto • Redação

Deuses, códigos secretos, palavras encantadas e símbolos sagrados são alguns dos principais elementos da wicca. Para comprrender essa antiga arte, portanto, é indispensável conhecê-los. Retirados da Enciclopédia de wicca e bruxaria (Editora Gaia), de Ravin Grimassi, os verbetes que você confere a seguir trazem um pouco dessa sabedoria, apresentando importantes aspectos da feitiçaria para iniciantes e aprofundando ainda mais o conhecimento de bruxos e bruxas experientes. Vire a chave mágica, abra a porta e vá fundo nesse universo!

Deusa da lua

A Deusa da Lua é uma das principais formas da divindade na wicca. Na bruxaria moderna, a Deusa da Lua é normalmente vista como uma entidade tríplice: donzela, mãe e anciã. A donzela é associada à lua crescente, a mãe com a lua cheia e a anciã com a lua minguante. Nas tradições mais antigas, à lua nova (os dias em que ela não é visível) era atribuída o aspecto da Deusa conhecido como encantadora.

A Deusa da Lua era um aspecto antigo da divindade que evoluiu desde o culto da Grande Deusa no Período Neolítico, na Antiga Europa. Os antigos acreditavam que a lua influenciava o ciclo menstrual e, por conseqüência, a fertilidade.

Além disso, em diversas tradições da bruxaria, a lua aparece sempre relacionada às emoções, aos ensinamentos de mistério e também às forças da Natureza. As feiticeiras antigas acreditavam que a lua podia conferir poderes ou insanidade para quem lhe fizesse favores. Afinal, é da natureza desse astro ter dois lados, um claro e um escuro.

Alfabeto das bruxas

Com símbolos que correspondem às letras do alfabeto tradicional, o alfabeto das bruxas é uma escrita oculta utilizada em muitas tradições de feitiçaria. Seus códigos têm uma longa história de uso em fórmulas mágicas, inscrições talismânicas, manuscritos secretos e diários de bruxaria.

Seus primeiros registros foram encontrados na cidade grega de Tebas e, por isso, também é conhecido como alfabeto tebano. Análises históricas sugerem que sua criação seja anterior ao século 11 a.C. e que tenha sido baseada em alfabetos latinos equivalentes. Isto é sugerido por causa da ausência das letras J, U e W, que também não aparecem no latim antigo – no alfabeto das bruxas atual, o mesmo símbolo que representa o V é utilizado para as letras U e W e o símbolo que representa o I é usado para a letra J.

Depois de ter sido adotado por muitas tradições ocultas ao longo dos séculos, o alfabeto das bruxas se tornou popular também em vertentes da bruxaria moderna, como a Gardneriana, por exemplo.

Pentagrama

O pentagrama é a imagem de uma estrela de cinco pontas, geralmente com as linhas entrelaçadas. Normalmente, a estrela é encerrada dentro do círculo e fica com apenas uma das pontas para cima. O topo da estrela representa o espírito puro e cada uma das outras pontas simbolizam um dos quatro elementos da criação: terra, fogo, água e ar, que devem estar sempre em ordem e equilíbrio. Na wicca, o pentagrama é um dos símbolos mais importantes, representando proteção sagrada e afugentando todo o mal de quem o tem por perto.

Gato sagrado

Há muito tempo o gato é um animal associado com a bruxaria e a magia. Ele aparece como uma criatura mágica em várias culturas, desde o Egito até Roma e o Norte Europeu.

Em antigos rituais pagãos, máscaras de gatos e outros bichos, como bodes e lebres, eram usadas com o propósito de invocar os poderes dos animais.

Durante os julgamentos das bruxas no século dezessete, era uma acusação comum dizer que as elas possuíam o poder de se transformarem em gatos. O gato preto, com seu óbvio simbolismo ligado aos poderes ocultos, era freqüentemente associado com o espírito das feiticeiras.

Por conta dessa perseguição, no ano de 1400 os gatos estiveram perto de desaparecer da Europa. Eles só conseguiram aumentar novamente o número de seus exemplares nos séculos 17 e 18, principalmente por sua habilidade em caça aos ratos, o que os tornava muito útil para os homens.

“Que assim seja…”

“Que assim seja” éo uma frase usada na wicca para declarar que o intento mágico é adequado. Ela deve ser falada no final do feitiço para que o trabalho de magia tenha efeito. A versão mais longa dessa frase é: “de acordo com a minha palavra (ou desejo), que assim seja”. Nesse contexto, a frase liga o ato mágico ao poder do desejo pessoal e à força da mente da feiticeira. Mas, para que essa frase seja eficaz, o desejo de uma pessoa deve ser forte e sua palavra deve ser verdadeira. Se uma pessoa tiver tendência de não seguir com o seu objetivo até o fim, e então diz “de acordo com a minha vontade, que assim seja” terá um efeito menor. Se uma pessoa que normalmente honra a sua palavra profere a mesma frase, certamente seu significado será maior e, portanto, mais eficaz.




WICCA, A RELIGIÃO DA NATUREZA

Ela ainda é vista com reservas por alguns, mas basta afinar o olhar para perceber que a bruxaria moderna é, na verdade, uma filosofia fascinante e repleta de luz, que vale bem a pena conhecer. Então, conheça-a!

Texto • Lívia Filadelfo

Religião. Se você logo pensou em temor a Deus, pecados e redenção pelo sofrimento, enganou-se. O amor incondicional à natureza, o prazer e a alegria de viver são os princípios de uma crença inspirada em uma das mais antigas religiões do mundo: a bruxaria.

A wicca, ou bruxaria moderna, surgiu essencialmente do paganismo e dos mitos e divindades celtas, gaulesas e irlandesas, além de diversas tradições populares europeias. Os wiccanianos acreditam na Deusa Mãe e no Deus Cornífero, no equilíbrio e polaridade das energias e na magia como forma de colocar o homem em contato direto com a natureza. Assim, seus adeptos tentam resgatar o verdadeiro sentido da palavra “religião”, que tem como raiz o termo religare. Ou seja, pretendem religar o homem à sua origem, a natureza.

As origens da wicca podem ser encontradas no período Neolítico, divididas entre diversos povos, como os romanos, gregos, normandos e, principalmente, celtas. Ao invadir a Europa, os celtas levaram consigo suas crenças, que se fundiram à cultura dos povos locais e deram início a muitas das práticas presentes hoje na wicca.

Mas, durante quase dois mil anos, a religião dos povos pré-cristãos da Europa permaneceu adormecida. Foi apenas na década de 40, já no século 20, que ela ressurgiu e ganhou a denominação wicca. Em 1951, então, a bruxaria moderna se tornou uma religião oficial, com a revogação das leis inglesas que até então proibiam práticas de magia.

Girar, moldar, dobrar

A palavra “wicca” vem do saxão wich ou do inglês arcaico wicce, que significam “girar, moldar ou dobrar”. Outra origem citada pelos estudiosos do assunto seria o termo germânico wit, que quer dizer “saber”. A união das duas significações resulta na definição da wicca como: “a sabedoria de girar, dobrar e moldar as forças da natureza a favor do homem”, conforme escreve o bruxo Claudiney Prieto no livroRitos e mistérios da bruxaria moderna.

Os bruxos modernos procuram reviver o culto à Deusa e ao Deus que, na tradição celta, representam as duas forças primárias veneradas e invocadas em seus rituais. “A wicca é uma religião panteísta, ou seja, reconhece o sagrado em todas as coisas. Nela, os deuses e a natureza são unos e, assim, o mundo torna-se divino e sagrado”, explica Prieto.

A bruxaria moderna é baseada nos ciclos da natureza, na magia positiva e nos rituais de harmonização pessoal por meio das forças naturais, das fases lunares e das quatro estações do ano. Essas crenças foram muito deturpadas e ganharam uma cara de “viagem” ao longo da História – a maior responsável por isso foi a Igreja Católica, que viu nas práticas pagãs uma ameaça ao seu poder na Europa. Hoje, a wicca tenta resgatar essa sabedoria ancestral e os rituais antigos.

Ao contrário do que muitos pensam, os feitiços e rituais de magia não se tratam de práticas malignas realizadas para prejudicar alguém. São apenas formas de os bruxos e bruxas estabelecerem contato com os deuses para alcançar o equilíbrio e a realização. “Todas as religiões praticam magia, embora não admitam isso. Seja um católico quando acende uma vela em louvor a um santo ou uma bruxa quando realiza um feitiço, ambos estão praticando magia, uma vez que desejam modificar uma situação de acordo com seu desejo”, afirma Prieto.

A wicca ensina que o verdadeiro poder mágico reside dentro de cada um e está presente em todos os lugares. Os wiccanianos são livres para usar esse poder, desde que em harmonia com a natureza e respeitando a Lei Tríplice e o Dogma da Arte. A primeira diz que “tudo o que uma pessoa faz, para o bem ou para o mal, retorna triplicado para sua vida, ainda nessa encarnação”, e a segunda prega o livre arbítrio, uma vez que as atitudes não prejudiquem nada nem ninguém.

Quando usada corretamente, a magia também é um dos instrumentos de conexão com o sagrado. Na tradição wicca, todos os humanos possuem habilidades mágicas natas, que não têm nada de sobrenaturais. “Para bruxas, usar magia é exercitar o poder pessoal que procuramos por meio do conhecimento e da disciplina. Fazemos feitiços sempre que queremos que algo aconteça, tendo sempre em mente o bem de todos os envolvidos”, diz Tauret Panthea, vice-presidente da Abrawicca (Associação Brasileira de Arte e Filosofia da Religião Wicca).

Quero ser uma bruxa

Existem muitos cursos de magia, professores e iniciadores, mas eles nem sempre transmitem informações sérias e confiáveis. Por isso, a maioria dos wiccanianos opta por estudar sozinhos. “Nada impede que um bruxo ou bruxa estude ou pratique magia sem a ajuda de um instrutor. Existem muitas fontes de ensinamentos, como livros, sites e fóruns de discussão na Internet”, orienta Prieto.

Dica da bruxa: “O primeiro passo para quem deseja iniciar-se na bruxaria é conhecer a wicca de verdade para saber se essa religião está de acordo com suas crenças e expectativas. Muitas vezes, as pessoas acreditam que a bruxaria é muito mais do que realmente é e se frustram. Outra recomendação é frequentar rituais e palestras em locais como a Abrawicca e o parque do Ibirapuera, em São Paulo, onde mensalmente, em uma noite de Lua Cheia, é realizado um ritual público.

Depois de tudo isso, o ideal é procurar ajuda com bruxos mais experientes para ver o caminho ideal a ser seguido. É possível trabalhar em um grupo de bruxos ou como bruxa solitária”, recomenda Tauret Panthea. Como a própria religião sugere, as escolhas cabem a cada um, assim como suas consequências.

 

Palavra de bruxa
Há nove anos, Tânia Gori fundou a Universidade Livre Holística Casa de Bruxa. Aqui, ela conta alguns segredos da bruxaria natural, uma filosofia de vida um pouco diferente da wicca.
Quando você tornou-se bruxa?
Eu comecei aos 9 anos, quando minha avó, que é bisneta de ciganos, passou a me ensinar como utilizar ervas, cristais e tarô. Com 23 anos, decidi desenvolver uma didática para que os antigos conhecimentos da bruxaria não morressem ou se distorcessem. Então, surgiu a ideia da bruxaria natural, uma filosofia que resgata as tradições da era paleolítica.
No que a bruxaria natural difere da wicca?
A wicca é uma religião que prega o culto à Deusa e ao Deus. A bruxaria natural não é uma religião, é uma filosofia de vida.
Como a magia mudou sua vida?
Hoje sou uma pessoa muito mais feliz e completa. Consigo tirar um aprendizado de tudo que estou vivendo. Parei de ver as coisas ruins como maldições e passei a encará-las como lições, algo que me fortalece.
Toda bruxa nasce com o dom de ser bruxa?
Eu acho que todas as pessoas têm esse dom da magia, principalmente as mulheres. A gravidez e o sexto sentido, por exemplo, são magias naturais que toda mulher tem. Algumas negam esse poder, porque ainda hoje a bruxaria é muito estigmatizada.
Quais os poderes de uma bruxa?
Ela tem uma segurança maior que as outras pessoas. Normalmente, as coisas que uma bruxa quer acabam virando realidade mais rápido devido a essa confiança.

 

PARA IR ALÉM

A bibliografia para iniciantes e interessados em wicca é imensa. Seguem algumas indicações da bruxa Tauret Panthea.

WICCA  A RELIGIÃO DA DEUSA, Claudiney Prieto (Gaia)

A BRUXA SOLITÁRIA, de Rae Beth (Bertrand)

WICCA  FEITIÇARIA MODERNA, de Gerina Dunwich (Bertrand)

O PODER DA BRUXA, de Laurie Cabot (Campus)

FEITIÇARIA  A TRADIÇÃO RENOVADA, de Evan John Jonnes e Doreen Valiente (Bertrand)

A VERDADE SOBRE A BRUXARIA MODERNA, de Scott Cunningham (Gaia)

GUIA ESSENCIAL DA BRUXA SOLITÁRIA, de Scott Cunnigham (Gaia)




CERIMÔNIA DO CHÁ EM DETALHES

ESíntese da cultura japonesa, a Cerimônia do Chá oferece uma atmosfera de paz e simplicidade, com significados especiais para cada detalhe

 

Texto • Erica Franquilino

As pedras úmidas na calçada e o portão de entrada ligeiramente entreaberto são sinais de boas-vindas aos convidados. Basta entrar, em silêncio. Na Cerimônia do Chá, cada gesto, movimento ou detalhe do lugar tem um significado especial. A tradição do ritual japonês – também conhecido como Chanoyu ou Chado, o “caminho do chá” – se mantém há séculos sob regras que primam pela simplicidade e comunhão com a natureza. Um universo de harmonia, respeito, pureza e tranquilidade, imerso em uma xícara de chá.

A Cerimônia do Chá consiste na tradicional arte de servir e beber o matcha, o chá verde em pó. A cerimônia completa, que dura cerca de quatro horas, é dividida, basicamente, em duas partes: a primeira é reservada a uma refeição leve e na segunda parte são servidos o chá forte, koicha, e o chá fraco, usucha. O número de convidados depende do espaço e do motivo da reunião, mas em geral restringe-se à média de cinco pessoas.

O Chanoyu é realizado quando se quer celebrar algo, “pode ser um aniversário de casamento, a despedida de um amigo ou uma celebração ao início da primavera, por exemplo”, explica a professora de Chado Bertha Hoshi Nakao. Neta de japoneses, Bertha começou a estudar a cerimônia do chá há cerca de 35 anos, no Japão.

 

A origem da tradição

O matcha foi introduzido no Japão por monges zen-budistas, depois de regressarem de uma viagem de estudos à China, no século 12. Para os sacerdotes a bebida tornou-se um auxílio nos momentos de vigília e meditação. Aos poucos, o gosto pelo chá verde foi sendo difundido também entre as camadas mais altas da sociedade e, por volta do século 14, a bebida passou a ser objeto de festividades, com jogos e premiações.

Gradativamente, tais festas foram convertidas em reuniões sociais mais tranquilas, nas quais os convidados provavam o chá em uma atmosfera de contemplação à arte. Com o tempo, determinadas regras foram incorporadas às reuniões, fruto da influência dos samurais – classe dominante na sociedade japonesa da época – e da filosofia de vida zen-budista, que daria estrutura definitiva à cerimônia.

Os monges estabeleceram os fundamentos espirituais do Chado, a manufatura dos utensílios, bem como o desenho e construção das salas de chá. “O mestre Sen Rikyu, que deu formato à cerimônia que praticamos há séculos, era um monge. Quem estuda o chá também tem aulas de zen”, destaca Bertha.

O legado deixado pelo mestre Sen Rikyu (1522-1591) é um divisor de águas. Foi ele quem aperfeiçoou o estilo da cerimônia, concebendo o chá como um estilo de vida. De acordo com Rikyu, sete regras básicas devem ser observadas para a realização do Chanoyu. São regras simples, mas que requerem cuidado e dedicação, como prover calor no inverno e frescor no verão; dispor as flores como se estivessem no campo e agir com máxima consideração em relação ao convidado.

Princípios espirituais

A base de todas as regras da cerimônia e, ao mesmo tempo, a síntese de seu significado espiritual está nas palavras wa kei sei e jaku. “Wa” diz respeito à harmonia que deve existir dentro de cada um, na relação com a natureza, com os utensílios e dos próprios utensílios entre si – estes devem combinar forma, cor e estar em conformidade com o tema. “Kei” refere-se ao respeito por todas as pessoas e objetos, em um sentimento de gratidão por sua existência.

Já no cerne do conceito de “sei” está a pureza de sentimentos. “É o anfitrião quem limpa os utensílios e cuida de todos os detalhes envolvidos”, ressalta Bertha, umas das professoras do Centro de Chado Urasenke do Brasil, localizado em São Paulo. Conseqüência natural dessa cadeia, “Jaku” representa a tranqüilidade, fruto da percepção dos três primeiros princípios.

 

A cerimônia

Senhora vestindo o quimono durante cerimônia do chá ao ar livre, sentada na posição seiza

Os convidados devem chegar ao local com cerca de 15 minutos de antecedência. Eles então percorrem um caminho ajardinado com pedras, seguindo até a sala de espera, onde deixarão seus pertences. Nesse caminho há uma bacia de pedra com água, na qual cada uma das pessoas lava mãos e boca, em um ato que simboliza a purificação.

Na sala de chá (cha-shitsu), os convidados ajoelham-se diante do tokonoma – lugar mais importante da sala – para reverenciar o kakemono, um rolo suspenso na parede com a caligrafia de um monge Zen ou mestre de chá, que indicará o tema da reunião. Todos tomam seus lugares no tatame. O convidado principal ocupa o lugar mais próximo ao anfitrião.

É servida uma refeição, o kaiseki, com alimentos frescos, próprios da estação. Na seqüência são servidos os doces. O próximo passo é a cerimônia do carvão, quando se acrescenta mais carvão à brasa para ferver a água e um incenso é aceso para purificar o ambiente. O anfitrião então sugere uma pausa, o nakadashi. Enquanto os convidados aguardam no jardim, o kakemono é substituído por um arranjo de flores que, como as regras do Rikyu sugerem, devem estar dispostas da forma mais natural possível.

Enfim, o chá

No momento em que faz soar o gongo, chamado de goza-iri, o anfitrião avisa que terá início o momento mais importante: será servido o chá forte, o koicha. Ele se retira para buscar cada um dos utensílios que será utilizado durante a cerimônia, purificando-os com água fresca na presença dos convidados. Em seguida, o anfitrião começa a misturar o matcha à água quente, até que o chá adquira uma consistência cremosa.

Todos os passos da cerimônia são conduzidos a partir do convidado principal, o primeiro a provar o chá. Depois de limpar o lado por onde bebeu com um tecido de linho, o chakin, ele vira a tigela duas vezes no sentido anti-horário – em sinal de respeito – e a passa para o próximo convidado. Todos compartilham da mesma tigela, em um sentimento de comunhão. Quando o último convidado beber o chá, a tigela é passada ao convidado principal que irá entregá-lo ao anfitrião. Encerrada a cerimônia do chá forte, o convidado principal pede licença ao anfitrião para observar os utensílios.

Chega então o momento de servir o chá fraco, o usucha. Antes de dar início aos procedimentos para servi-lo, faz-se novamente a cerimônia do carvão. Doces são oferecidos aos convidados antes de o anfitrião começar a bater novamente o matcha. A principal diferença em relação ao koicha é que o usucha é feito individualmente.

Ao fim de toda a cerimônia, os utensílios são deixados na sala para que possam ser observados. Recolhidas as peças, o anfitrião faz uma reverência silenciosa aos convidados, indicando o término da reunião.

Vale lembrar que o Chanoyu obedece a uma determinada ordem de procedimentos, que varia em função do tema e da estação do ano. Dada a riqueza de detalhes, o que você acompanhou foi uma breve descrição de uma cerimônia completa.

Para a professora Bertha, a “oportunidade de perceber e viver cada momento” traduz um pouco do que é essa filosofia de vida, compartilhada na aparente simplicidade de servir e beber o chá.

De onde vem o chá

Estava o Imperador chinês Shen Nung, pelos idos de 2.800 a.C., fervendo água (no sentido de purificá-la) embaixo de uma árvore, quando algumas folhas caíram dentro do recipiente. Atraído pelo aroma, o imperador arriscou tomar alguns goles. Ele não apenas gostou, como passou a fazer experiências com vários tipos de folhas. Assim nascia o chá.

A despeito do romantismo da lenda, o hábito de tomar chá teve origem na China da Dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.). À época, era consumido não apenas como bebida, mas também como tônico medicinal.

O tradicional chá verde chegou ao Japão no século 12, pelas mãos de monges zen-budistas. A partir de então, passou a fazer parte de rituais religiosos e tornou-se parte essencial da educação japonesa. Hoje, é a bebida mais consumida do país.

Também bastante consumidos, o chá preto e o oolong são provenientes das folhas da mesma planta, a Camellia Sinensis. O que os diferencia é o processo de beneficiação e o período da colheita.

Para usar e apreciar

Considerados obras de arte, os utensílios condizem com a época do ano e o tema da reunião. Saiba quais são os principais e sua utilização durante a cerimônia:

Kama: caldeira de metal onde será fervida a água, sobre o furô.

Furô: fogareiro, que pode ser fixo ou portátil.

Mizussashi: vasilhame de cerâmica para água fresca, usada para a purificação dos utensílios.

Kensui: pote de metal onde é dispensada a água que já foi utilizada para a purificação.

Futaoki: descanso onde se colocam a tampa do kama e o hishaku.

Hishaku: concha de bambu para pegar água quente.

Natsumê: pote de madeira laqueada para o chá fraco, que é feito com duas colheres de matcha  para cada convidado.

Chaire: pote de cerâmica para o chá forte. Para esse chá, o koicha, são utilizadas três colheres de matcha por convidado.

Chawan: tigela de cerâmica, espécie de xícara para beber o chá.

Fukusa: guardanapo de seda para purificar os utensílios antes de se fazer o chá forte. Usa-se o fukusa vermelho para a mulher e o roxo para o homem.

Chakin: tecido de linho branco, usado para secar a chawan depois da purificação e para limpar o lado por onde o convidado bebeu o chá forte. Cada convidado tem de levar seu chakin.

Chasen: batedor de chá, uma espécie de vassourinha, feita de bambu.

Kaishi: guardanapo de papel, usado para amparar o doce.

Chashaku: parecida com uma colher, mas feita de bambu, é usada para pegar o matcha e colocá-lo dentro da chawan.

Fonte: Triada.com.br