1

O Santo Graal e a Arca da Aliança

Descubra por que esses objetos mitológicos, duas das mais fascinantes lendas que percorrem a história da humanidade, estão diretamente relacionadas aos Templários.

Texto • Isis Gabriel / Triada.com.br
 
Vestidos com armaduras, empunhando espadas e cavalgando sobre cavalos treinados especialmente para a guerra santa, os cavaleiros medievais não mediam esforços para alcançar seus objetivos. Saques, pilhagens, destruição e sangue foram os rastros das Cruzadas.
Estas expedições guerreiras legitimadas pela Igreja tinham a meta de reconquistar a Terra Santa e levar a fé cristã aos incrédulos. Mas, por trás desse objetivo, desenvolvia-se uma verdadeira corrida por tesouros escondidos que movimentavam hordas de soldados com a cruz estampada no peito e uma espada sempre à mão. Dois desses tesouros misturam estes elementos como nenhum outro: o Santo Graal e a Arca da Aliança, que eram perseguidos em nome da fé e do poder que seria conferido a quem tivesse a posse deles.
Segundo a história oficial, não há nenhuma prova concreta da existência destes objetos. Talvez por isso, tantas lendas surgiram sobre a origem e paradeiro destas relíquias sagradas. E os templários são protagonistas de grande parte delas. Segundo essas histórias, foram eles que em uma pilhagem descobriram o cálice e a Arca Sagrada.

Fatos e mitos
Conta-se que, por volta do ano 1000 a.C., o rei Davi levou para Jerusalém a Arca da Aliança, o que teria ajudado a transformar a cidade no centro político e religioso dos hebreus e ainda unificar as tribos de Israel. Tempos depois, Salomão mandou construir o Primeiro Templo justamente para abrigar a Arca. Quando a Primeira Cruzada tomou Jerusalém, nove cavaleiros ganharam um lote de terra em cima dos escombros do antigo Templo de Salomão e montaram lá sua sede.
Esses nove cavaleiros fizeram votos de pobreza e passaram a ser chamados de Os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente Cavaleiros Templários. Durante os nove anos que ali permaneceram, eles escavaram o local e, segundo a lenda, encontraram muitos documentos e tesouros, entre eles o Santo Graal e a Arca da Aliança.
 
Apesar de alguns pesquisadores contestarem tal possibilidade afirmando que, quando Herodes reconstruiu o Segundo Templo em cima dos escombros do Templo de Salomão, fez importantes reformas e escavações de tal forma que, se houvesse algum tesouro embaixo, com certeza ele teria achado, a versão lendária tem outros argumentos a favor, como a maldição do último templário.
Depois de passar sete anos na prisão, o último grão-mestre templário Jacques De Molay foi condenado à morte na fogueira. Na hora de sua execução, amaldiçoou seus perseguidores dizendo-lhes que no prazo de um ano todos estariam mortos. Menos de um ano depois, o rei Filipe, o Belo, o papa Clemente V e seu executor faleceram. A maldição não parou por aí. Nenhum dos filhos de Filipe conseguiu se manter no trono, a dinastia dos Capetos acabou, o que deu origem a uma crise sucessória e desestabilizou a França, e abriu caminho para a Guerra dos Cem Anos. Há quem diga que uma maldição tão poderosa só teria uma explicação: a Arca e o Graal. Acredite se quiser.

Você sabia?
Há mais de 800 anos, todo dia 19 de janeiro, na Etiópia, sacerdotes com túnicas e turbantes brancos segurando um crucifixo em uma das mãos e um cajado na outra saem às ruas para celebrar um dos maiores tesouros e mistérios da cristandade: a Arca da Aliança. Nas localidades onde estão as mais de 20 mil igrejas cristãs coptas ortodoxas desse país da costa leste da África, multidões entoam em coro cânticos sagrados nessa grande festa em homenagem ao objeto que um dia guardou as tábuas dos Dez Mandamentos. Conduzindo os fiéis vão as autoridades eclesiásticas, que dançam sob o som dos tambores, sinos e vozes – como um dia fez o rei Davi na presença da Arca. E, quando a última luz do sol se esvai, a exaltação e a festa dão lugar ao silêncio e às rezas contidas em frente a uma tenda armada como no tempo de Moisés – é a vigília que segue noite adentro.
Para os coptas ortodoxos da Etiópia, a cerimônia, chamada de Timkat, tem um significado todo especial que vai além da compreensão dos outros cristãos. Para esse povo, a Arca da Aliança não é um mito ou uma busca arqueológica, mas uma relíquia que eles acreditam que está sob seu poder. A arca, segundo eles, não está perdida, e sim guardada na igreja de Santa Maria de Zion da cidade de Axum, vigiada pelos olhos atentos de um guardião-sacerdote escolhido por Deus. Segundo a lenda etíope, Menelik, filho de Salomão e da rainha de Sabá, teria fugido com a Arca antes da tomada de Jerusalém pelos babilônicos e se refugiado na Etiópia, daí a história da Arca em Axum e de toda a festa em sua homenagem.

 

 




A relação de Mozart com a Maçonaria

Além de músico, Mozart foi também um dos maçons mais influentes de seu tempo. Saiba mais sobre a relação do gênio com a maçonaria, sua história e seu legado.

Texto • Redação / Triada.com.br

Não resta dúvidas que entre os famosos que fizeram parte da maçonaria, o nome de Wolfgang Amadeus Mozart se destaca. O gênio austríaco inquieto e melancólico encontrou na Ordem um alento à alma. Tanto assim, que menos de um ano depois de ser convidado a participar da maçonaria, passou de aprendiz a mestre. Além disso, muitas obras comprovam o engajamento do compositor com os princípios maçônicos.
Foi esta sociedade também que ajudou Mozart a sair do fundo do poço financeiro quando, depois de ser desprezado pela corte e pela sociedade austríaca durante anos, foi convidado por um amigo maçom a criar uma ópera para o povo. Assim, em 1791, A flauta mágicanasceu e marcou a retomada triunfante do gênio num pequeno teatro da periferia de Viena. Mas Mozart não teve muito tempo para desfrutar da fama. Neste mesmo ano, o gênio morreu de causas desconhecidas com apenas 35 anos de idade, deixando cerca de 600 obras compostas, entre sinfonias, óperas, sonatas, concertos, missas, réquiens, músicas sacras e de câmara.
Mozart pode ser comparado com um astro de rock dos nossos tempos que, como tal, teve uma vida curta, mas recheada de lendas e mitos. Temperamental, desbocado, irreverente, conta-se que ele costumava gastar tudo o que ganhava, sem se preocupar com o amanhã, exagerando nos prazeres da vida. Precoce, com apenas quatro anos de idade começou a ter aulas de música com o pai Leopold Mozart, um respeitado violinista que apresentou o garoto às cortes européias. E com apenas 12 anos compôs sua primeira ópera, La finta semplice. Era o início de uma trajetória brilhante e imortal.

 

Curiosidades

• A influência da maçonaria na vida e na obra de Mozart pode ser sentida, principalmente, em três de suas óperas: As bodas de Fígaro, Don Giovanni e A flauta mágica.

• Apesar de o governo local de Leipzig, na Alemanha, insistir em dizer que os restos mortais de Mozart estão em um túmulo na cidade, não se sabe exatamente onde eles foram depositados. Da mesma forma, não há registros da causa de sua morte. Especula-se que o compositor tenha morrido de pneumonia, tuberculose ou intoxicação.

• Muito doente e próximo da morte, Mozart compôs um Réquiem, uma missa fúnebre, que ficou inacabada. Tempos depois, a composição foi finalizada por Franz Xaver Süssmayr, um discípulo dele.

• A letra K. seguida de um número, que aparece sempre nas obras de Mozart, foi a forma que Ludwig von Kochel encontrou para organizar seus trabalhos em 1862. O “K” (ou KV em alemão) vem de “kochel”, e os números indicam a ordem cronológica das composições. Em 1937, Alfred Einstein fez uma revisão definitiva no catálogo.




A Ordem dos Hospitalários

Tão importantes para a Idade Média quanto os Templários, esses cavaleiros enxergavam na caridade um caminho para a salvação divina. Saiba mais sobre eles.

Texto • Raphaela Maia / Triada.com.br
 
Era uma vez uma Ordem formada por cristãos devotos que, em plena Idade Média, dispuseram-se a empenhar e até sacrificar suas vidas em defesa de suas crenças e de uma terra santificada. O começo desta história pode parecer uma descrição resumida da atuação dos cavaleiros templários, mas não se deixe enganar: foi também baseada em valores como estes que funcionou uma outra importante organização do período.
A Ordem dos Hospitalários – conhecida ainda como Cavaleiros de São João de Jerusalém ou Ordem da Malta – teve seu início por volta de 1048, quando mercadores italianos obtiveram permissão do califa do Egito para construir um hospital e uma igreja em Jerusalém. A ideia era atender aos enfermos necessitados, independentemente de sua religião ou etnia.
À época, acreditava-se que somente por intermédio da caridade era possível alcançar a salvação divina. O centro médico era sustentado por doações e, apesar de não haver um membro intitulado líder, um beato, que atendia pelo nome de Gérard (de sobrenome desconhecido), é tido como responsável pela fundação do serviço que, então, deu origem à Ordem.

Para se tornar um cavaleiro da Malta, os requisitos básicos eram bastante parecidos aos obedecidos pelos templários: cabia aos membros seguirem a religião católica, além de manter um estilo de vida ortodoxo, aderindo aos votos monásticos de pobreza, castidade e obediência. A grande diferença é que, entre os hospitalários, era imprescindível que os integrantes demonstrassem domínio das práticas medicinais, afinal, a principal meta da Ordem era cuidar dos debilitados.
O reconhecimento ao trabalho desempenhado por estes cavaleiros não demoraria a vir. Em 1113, o papa Paschoal II aprovou o funcionamento do hospital em uma Bula, deixando-o sob a tutela da Santa Sé. Dessa forma, a Ordem ganhava o direito de escolher livremente seus representantes, sem interferências de autoridades laicas ou religiosas.
 
Médicos e guerreiros
Proteger Jerusalém das invasões muçulmanas não era, definitivamente, uma tarefa simples. Os peregrinos que tentavam chegar à Terra Santa conviviam com a possibilidade de perder a vida durante a empreitada, enquanto crescia o risco de que os inimigos do cristianismo retomassem a posse das terras conquistadas durante as Cruzadas.
Por isso mesmo, em 1120, a Ordem dos Hospitalários assumiu outro caráter e passou a ocupar também a posição de instituição militar a serviço do cristianismo. Sendo assim, o fato de ser formada por cristãos adeptos à medicina não isentou a Ordem dos Hospitalários de uma realidade de guerrilha, de modo que os soldados dividiam seu tempo entre o cuidado médico e a defesa militar dos acolhidos.

A medida surtiu efeito e, tempos depois, a prosperidade da Terra Santa era tal que permitiu aos hospitalários expandirem a Ordem para outros países, principalmente pela Europa. Além disso, em função das doações cada vez maiores e das posses conquistadas em combates, estes cavaleiros puderam acumular uma quantidade respeitável de bens e riquezas.
Graças a essas posses, os cavaleiros conseguiram resistir à queda do Reino de Jerusalém, ocorrida em 1187, ainda que com inúmeras dificuldades para manter a Ordem em funcionamento. Por séculos, os hospitalários enfrentaram diversos altos e baixos financeiros, além de guerras com oponentes religiosos e mesmo a perseguição por parte de governantes dos locais em que estavam estabelecidos. Ainda assim, resistiram bravamente e, em 1984, fixaram nova sede em Roma, sob o nome de Soberana Militar de Malta. 
 
Medieval, porém moderna
Reconhecida em 1986, a Ordem Soberana Militar de Malta, atualmente, encontra-se voltada à missão que a gerou: cuidar da saúde daqueles que necessitam. Essa instituição continua a possuir grande poderio econômico, além de influência política. O espalhamento pela Europa com o passar do tempo fez com que a Ordem ganhasse representantes em diversos países. A instituição ocupa, ainda, o posto de observadora permanente junto à ONU e possui representantes na Organização Mundial da Saúde.
A maior parte de seus hospitais está localizada em países da Europa, como Alemanha, França, Inglaterra e Itália. Mas existem ainda 11 centros médicos dirigidos pelos hospitalários no Líbano, além de serviço em domicílio. Por meio do Comitê Internacional da Ordem de Malta (CIOMAL), é dirigido um programa de combate à lepra no Camboja; o CIOMAL presta assistência também a outros países, inclusive – e principalmente –, ao Brasil.

 

Hospitalários versus Templários

Quando assumiu caráter militar, a Ordem da Malta e seus cavaleiros passaram a ocupar uma nova posição dentro da sociedade, já que começaram a se envolver em conflitos que ultrapassavam a mera defesa dos hospitais – o que, de certo modo, aproximou-os muito da atuação dos cavaleiros templários.

Havia, portanto, certa rivalidade entre estes grupos. Fontes afirmam que templários e hospitalários reclamavam a autoridade de principal Ordem; a Malta dizia-se pioneira e afirmava cumprir o mesmo trabalho que os templários, ao passo que esses últimos asseguravam ser deles toda a glória. Ainda assim, sempre houve respeito entre seus integrantes.




Os enigmas dos templários

Desvende os segredos dos guerreiros da Idade Média que tiveram uma história marcada por fé, sangue e muitos mistérios.

Texto • Carine Portela / Triada.com.br

Muitos são os enigmas que envolvem a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. Ainda hoje em dia, quase tudo o que se sabe sobre esses guerreiros monásticos se perde em um confuso emaranhado de lendas e suposições. Mais conhecidos como cavaleiros templários, durante muito tempo eles foram vistos como homens de fé e coragem, que arriscavam a vida para proteger os cristãos na Terra Santa. Mas essa não foi a única imagem que deixaram: em sua trajetória, chegaram a ser apontados como negociantes oportunistas que negavam a moral cristã e estavam interessados apenas em consolidar seu poderio na Europa Medieval e, ainda, como sábios do ocultismo, iniciados nos princípios da alquimia e em milenares conhecimentos esotéricos.
Enquanto os estudiosos não encontram respostas definitivas, o acirrado debate sobre o verdadeiro propósito da Ordem do Templo desafia os séculos, ao lado de outras questões intrigantes, como a hipótese de que a reunião dos antigos cavaleiros teria se transformado em uma sociedade secreta e a suspeita de que ela guardaria tesouros de valor incalculável – como o Santo Graal (o cálice que recolheu o sangue de Jesus) ou a Arca Perdida (com os mandamentos ditados por Deus a Moisés).
Se você está interessado em desvendar esses e muitos outros segredos desses guerreiros tão singulares, embarque agora em uma fascinante jornada rumo à Idade Média. A viagem já começou…

Uma história antiga
A Ordem dos Templários, que se tornou uma das mais poderosas e controversas organizações da história, foi fundada em 1119, quando nove cavaleiros franceses, entre eles Hugo de Payns e André de Montbard, anunciaram ao Rei Balduíno I de Jerusalém a intenção de criar uma ordem de monges guerreiros para escoltar e defender os peregrinos cristãos que viajavam à Terra Santa.
Estávamos no tempo das Cruzadas, em que os cristãos tinham não apenas conquistado importantes cidades sagradas, como Jerusalém, Trípoli e Antioquia, mas também promovido uma verdadeira carnificina, matando milhares de seguidores de Maomé (chamados também de sarracenos, islâmicos, mouros ou muçulmanos), sem poupar nem mesmo mulheres e crianças.
Em busca de vingança, agora era a vez de os sarracenos atacarem os cristãos, assaltando ou matando os peregrinos que se propunham a se aventurar nas estradas que levavam aos lugares santos. Nascia, assim, a justificativa ideal para a criação de uma ordem militar da Igreja Católica, que prometia se entregar de corpo e alma na luta contra os infiéis.

Símbolos medievais
Entre os muitos símbolos dos cavaleiros templários, a cruz vermelha aplicada sobre um esvoaçante manto branco se tornou o mais conhecido. Concedida à Ordem em 1148, pelo papa Eugênio III, a cruz devia ser colocada sempre acima do coração e, segundo alguns historiadores, seus quatro lados iguais representavam o equilíbrio perfeito entre a realidade material e espiritual.
O manto branco, por sua vez, simbolizava pureza e castidade, assim como uma pesada pele de carneiro que os cavaleiros eram obrigados a usar sob as roupas. Se um templário perdesse uma dessas vestes sagradas, imediatamente recebia uma rígida punição, que poderia chegar até a autoflagelação.
Além da cruz e do manto, um dos mais famosos símbolos dos monges guerreiros era o emblema da Ordem, que trazia o desenho de um cavalo com dois cavaleiros, representando a irmandade e a humildade.

Guerreiros da fé

Tão logo a Ordem do Templo foi criada, instaurou-se a polêmica a seu respeito. Sendo a primeira organização militar da história da Igreja Católica, esbarrava em uma complicada contradição: como conciliar o derramamento de sangue com os ensinamentos de amor e não-violência de Jesus Cristo?
A resposta estava na devoção religiosa. Ao entrar para a ordem, os cavaleiros faziam votos de castidade, obediência e pobreza, jurando abandonar as tentações do mundo em nome de uma verdade espiritual. Movidos pelo idealismo cristão, eles não tinham outro motivo para lutar senão combater as forças do mal.
Em uma época carente de heróis e imersa em conflitos políticos e religiosos, não demorou muito para que esses monges guerreiros passassem a ser vistos como cavaleiros honrados e destemidos, dispostos a tudo para proteger sua fé.

Ricos e poderosos
Ao mesmo tempo em que tornavam suas vitórias e seu idealismo conhecidos, os templários passaram a receber um grande número de doações em dinheiro, terras ou propriedades. Em sua maior parte, as ofertas vinham de nobres e soberanos que, guiados pelo misticismo da época, acreditavam que com esse ato expiariam seus pecados e ganhariam a salvação no Reino dos Céus.
Logo, castelos, terrenos, moinhos, aldeias e outros bens faziam parte da Ordem. Com isenção de impostos, os templários sabiam como fazê-los render: as terras e propriedades eram arrendadas e geravam ainda mais dinheiro.
Perto do ano 1300, a Ordem dos Templários havia se transformado em uma das maiores redes de influência da Europa, algo como uma multinacional medieval, que envolvia bancos, transportadoras e uma série de outros serviços ligados à administração, finanças e comércio. 

O descobrimento do Brasil
Para algumas correntes de estudiosos, o descobrimento do Brasil está intimamente ligado a uma antiga profecia dos Cavaleiros do Templo, que se referia à existência de uma suposta terra, virgem e paradisíaca, localizada na margem ocidental do Mar Tenebroso.
A teoria faz sentido quando lembramos que Pedro Álvares Cabral, assim como a maior parte dos viajantes portugueses, pertencia à Ordem da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, criada pelos cavaleiros que, tendo sobrevivido ao massacre de Paris, foram acolhidos pelo rei de Portugal, Dom Dinis.
A Ordem de Cristo, como ficou conhecida, recebeu as características antes atribuídas aos templários, herdando, inclusive, seus símbolos e rituais. Quem não se lembra das ilustrações nos livros de História, em que a armada de Cabral ostentava, nas velas de suas embarcações, a famosa cruz vermelha dos templários?

Templários modernos
Enquanto os acadêmicos afirmam que a história dos templários chegou ao fim no trágico episódio em que Jacques DeMolay e seus companheiros foram queimados vivos, muitas teorias defendem a idéia de que grande parte dos cavaleiros conseguiu sobreviver à fogueira e, desde então, passou a operar na clandestinidade.
Além da Ordem de Cristo, fundada pelos templários acolhidos em Portugal, existiriam outras sociedades que guardaram a herança templária ao longo dos séculos, mantendo seus rituais, juramentos e inúmeros segredos a salvo?
Embora nada se confirme a respeito da relação entre essas organizações e os antigos cavaleiros medievais, segundo o próprio Vaticano, existem cerca de 400 segmentos neotemplários na atualidade.
“Não há nenhuma rivalidade entre esses segmentos, apenas diferenças de opiniões, símbolos e ritualísticas, ou seja, são segmentos independentes que simpatizam com o mesmo estudo”, explica Vicente Soares, Prior da Ordem do Templo, do ramo OSMTHU (Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolimitani Universalis) do Brasil.




Os Templários e o Código da Vinci

O sucesso do best-seller “O Código Da Vinci” fez renascer o interesse pelos cavaleiros templários e seus mistérios. Confira, a seguir, o que é verdade e o que é ficção na obra de Dan Brown.

Texto • Alexandra Bailon / Triada.com.br
 
O Código Da Vinci, romance de Dan Brown, tornou-se um sucesso mundial ao combinar os mais variados temas místicos, religiosos e históricos, como a sexualidade de Jesus Cristo e Maria Madalena, uma sociedade secreta chamada Priorado de Sião, a simbologia das obras de Leonardo Da Vinci, a atuação obscura da Opus Dei e, claro, os segredos dos Cavaleiros Templários.
Com tantos elementos intrigantes, Brown criou uma trama tão genial quanto divertida, deixando milhões de leitores com a pulga atrás da orelha. O que é fato? O que é ficção?
Quando falamos dos Cavaleiros do Templo, a verdade é que temos um pouco de tudo: fatos históricos, teorias conspiratórias e, também, uma boa dose de imaginação. Eles de fato foram monges guerreiros que juraram defender a fé cristã com espadas. Mas a escassez de documentos sobre os primeiros anos da Ordem dá margem a especulações, como a lenda de que eles teriam descoberto um grande segredo debaixo das terras do Templo de Salomão.
O escritor Dan Brown defende essa versão da história. Segundo ele, a sociedade secreta Priorado de Sião teria sido criada em 1099 pelo rei Godofredo de Bouillon para esconder um segredo de família: o casamento entre Jesus Cristo e Maria Madalena. A Ordem dos Templários teria sido, na verdade, formada por esse Priorado, para recuperar o segredo escondido nas ruínas do Templo de Salomão. E mais: o fato de esses cavaleiros descobrirem o Santo Graal – um conjunto de elementos sobre a linhagem de Cristo – teria sido o motivo da ascensão e da queda da Ordem.

A seguir, confira o que os especialistas em História confirmam – ou não – no meio de tantos enigmas.

O verdadeiro Priorado de Sião
“O Priorado de Sião – sociedade secreta europeia fundada em 1099 – existe de fato. Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Os Dossiês Secretos, que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci”.
O parágrafo acima é o primeiro da página intitulada Fatos no livro O Código Da Vinci. Porém, a sociedade citada não foi fundada em 1099, mas em 1956, por um certo Pierre Plantard. Segundo Bernardo Sanchez da Motta, autor do livro Do Enigma de Rennes-le-Château ao Priorado de Sião, Godofredo de Bouillon fundou uma Abadia de Nossa Senhora de Monte Sião, sem relações com a mistificação do Priorado.
Em 1996, a emissora de televisão BBC entrevistou André Bonhomme, que assinou o pedido de constituição do Priorado com Plantard, Jean Deleaval e Armand Defago: “Éramos quatro amigos que só queriam se divertir. Nós o chamávamos de Sião porque existia uma montanha com esse nome”. Com o Priorado e os Dossiês, Plantard visava legitimar-se como herdeiro merovíngio do trono francês.
Brown faz uma homenagem a Plantard em seu livro: “(…) Restaram apenas duas linhas diretas de merovíngios. Os sobrenomes são Plantard e Saint-Clair” (p. 245).

Inveja, perseguição e queda
No início do século 14, o soberano francês Felipe, o Belo, almejava ser o grão-mestre dos Templários. Como não conseguiu, aproveitou o momento de fragilidade da Ordem após as derrotas cristãs na Terra Santa para persegui-los, acusando-os de heresias, até tomar posse de todos os seus bens.
Dan Brown prefere apontar a Igreja como culpada pela queda dos Templários: “(..) a sanção do Vaticano já havia ajudado os Templários a angariar tamanho poder que o Papa Clemente V decidiu tomar uma providência (…)” (p. 154). Já o site brasileiro da Ordem dos Cavaleiros Templários (www.templarios.org.br) defende a Igreja: “é preciso ter presente, como verdade histórica, que a Ordem do Templo, os Cavaleiros Templários, não foram condenados pelas autoridades eclesiásticas em questões de fé, mas simplesmente, perseguidos sob as instâncias e avidez do rei de França.”

Os pobres influentes
“Ninguém sabe se os Templários chantagearam o Vaticano ou se simplesmente a Igreja tentou comprar o silêncio deles, mas o Papa Inocêncio II imediatamente publicou uma bula papal inédita que concedia aos Templários privilégios ilimitados (…)” (p. 153).
Com o discurso acima, o professor de Simbologia criado por Brown defende que a influência dos Templários na Europa solidificou-se “da noite para o dia”. Não foi bem assim. Segundo Edward Burman, autor do livro Templários – os Cavaleiros de Deus, o líder dos cavaleiros, Hugo de Payns, viajou para o Ocidente em 1126 em busca de apoio para a Ordem. Encontrou-o do importante monge francês Bernardo, abade de Clairvaux, que conseguiu a bênção oficial do Papa aos monges militares.
Brown enfim acerta quando aponta os guerreiros como banqueiros poderosos: “(…) Os Templários inventaram o conceito do sistema bancário moderno. Para os nobres europeus, era perigoso viajar com ouro, então os Templários permitiam que os nobres depositassem ouro na igreja do Templo do outro lado da Europa (…)”(p. 326).

Construções templárias
The Temple Church, a Igreja Templária localizada em Londres (Inglaterra), tem expostos nove cavaleiros de pedra, não dez, como afirma o livro de Dan Brown. A construção foi mesmo bombardeada durante a Segunda Guerra.

Outra construção importante para o romance, a capela escocesa de Rosslyn, não foi construída por Templários, mas sim por William St. Clair. O envolvimento dos St. Clair com sociedades maçônicas a partir do século 17 deu espaço para especulações sobre a Rosslyn. Além disso, seu nome vem de sua localização, não da sua suposta posição em relação ao meridiano que passa por Glastonbury, como afirma Brown.

SAIBA MAIS
Do Enigma de Rennes-le-Château ao Priorado de Sião, de Bernardo Sanchez Da Motta (Editora Ésquilo, 2005)
Templários – os Cavaleiros de Deus, de Edward Burman (Editora Nova Era, 2006)




10 Respostas sobre a maçonaria

Um membro do alto escalão da sociedade mais misteriosa de todos os tempos abre o jogo, analisa lendas populares e revela o que é mentira e o que é verdade quando o assunto é maçonaria. Confira e tire suas próprias conclusões!

Texto • Redação / Triada.com.br

Tida como uma sociedade oculta e misteriosa, a maçonaria vem alimentando a imaginação de curiosos ao longo de séculos. Mas, afinal, o que é verdade e o que é apenas mito quando o assunto é a intrigante ordem maçônica? Segundo seus membros, grande parte do que se ouve dizer é fantasia – os rituais da maçonaria, por exemplo, teriam apenas o objetivo “de aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual do homem” e não estariam ligados a nenhum tipo de prática mágica. Para tirar a dúvida, convocamos o Grão Mestre Alfredo Fernandes, Venerável da Grande Loja Maçônica de Bauru, interior de São Paulo, para desmistificar as principais lendas do imaginário popular em torno da Ordem. Os maçons realmente escondem algum segredo? Será que praticam magia? Descubra.
 

A maçonaria é uma sociedade secreta.
Mentira. Apesar de ser conhecida como tal, segundo Fernandes, a maçonaria é apenas uma sociedade “discreta”. Ainda segundo o Grão Mestre, não há nada que a difira muito de outras instituições. “Como em qualquer grande empresa, ou em uma reunião de cardeais da igreja, por exemplo, nossos encontros são feitos a portas fechadas e só fica sabendo das decisões que foram tomadas quem participou deles”, explica.
 
A maçonaria esconde um grande segredo.
Mentira. Para o Venerável Alfredo Fernandes, esta crença não passa de mais uma lenda a respeito da ordem maçônica. “Eu sou grau 33, que é o mais alto que se pode chegar pelo Rito Escocês Antigo e Aceito, o mais usado nesta parte do planeta, e nunca fiquei sabendo de nenhum grande segredo”, diz.
 
Os maçons praticam rituais satânicos.
Mentira. Ao ouvir a pergunta, Fernandes responde com um sonoro “claro que não”. E prossegue: “É muito comum associarem os maçons a esse tipo de prática, mas isso só acontece porque as pessoas desconhecem os verdadeiros significados de nossos símbolos. O próprio bode, que usualmente é associado a idéias demoníacas, é utilizado na maçonaria apenas para lembrar que todos nós temos características brutas, que precisam ser lapidadas para nos tornarmos melhores. Ser maçom é um contínuo exercício de aperfeiçoamento moral e espiritual”, explica.

Os maçons se consideram iluminados.
Mentira. Para Fernandes, que se considera assim nem sabe o que é ser maçom ou por que entrou na Ordem. “Nós consideramos que a pessoa mais iluminada que existe é Jesus Cristo, no caso desta região do mundo. E, para os que são de outra religião, aceitamos qualquer profeta que porte uma verdade superior”, completa.
 
A maçonaria está ligada à antiga Ordem dos Templários.
Verdade. De acordo com o Grão Mestre, “recebemos ensinamentos que vêm desses antigos cavaleiros medievais e foram incorporados à moderna maçonaria”, diz. “Isso vem desde a época das Cruzadas”, completa.
 
A maçonaria tem forte influência sobre a política mundial.
Mentira. “O que acontece é que, como em qualquer instituição, muitos maçons são políticos e acabam participando dessas decisões”, garante Fernandes.
 
Os maçons estudam práticas mágicas.
Mentira. Entre risos, o Grão Mestre explica que essa é mais uma grande lenda em torno da maçonaria. “A verdade é que todos os nossos conhecimentos envolvem o mundo extrafísico. Nossa sabedoria se relaciona com o espiritual e o moral”, esclarece, lembrando que esse é o motivo por que os maçons são freqüentemente associados ao ocultismo.

Apenas homens podem fazer parte da maçonaria.
Verdade. Fernandes declara que isso faz parte das leis (landmarks) que regem a maçonaria. “Só se pode mudar isso se os landmarks mudarem. Hoje, já existem lojas mistas, mas não são aceitas pelas grandes lojas que determinam os rumos das maçonarias”, conclui.
 
Os maçons se ajudam mutuamente.
Verdade. É muito comum os membros de uma loja se ajudarem e trabalharem por um bem comum. “Mas é claro que todos têm que fazer a sua parte”, completa o venerável mestre.

 

 




Como ingressar na maçonaria

No livro “Maçonaria para não-iniciados”, o jornalista Sérgio Pereira Couto explica tudo o que você precisa saber para ser aceito nessa irmandade misteriosa. Confira um trecho da obra.

Texto • Redação / Triada.com.br

O que mais atrai na maçonaria é a aura de mistério que envolve seus participantes e rituais. Muito já foi falado a respeito dessa estranha sociedade, que muitos adeptos hoje insistem que não é mais “secreta”, mas, sim “discreta”, uma vez que todos a conhecem, porém poucos sabem exatamente do que se trata.
É importante que o leitor tenha a mente aberta, porque para conseguir chegar até a maçonaria é necessário passar por um período de informação, em que o candidato a maçom deve lançar mão do que já existe no mercado sobre esta sociedade e se informar direito. Há um ditado maçom que afirma: “A porta para entrar é muito pequena, mas a porta para sair é muito grande”. Nesta pequena frase, podemos enxergar muito da filosofia maçônica, principalmente para quem insiste em compará-la a uma seita.

Um trecho de um texto maçom esclarece que esta sociedade “não busca adeptos, nem pratica o proselitismo”, e isso é verdade, pois, para se tornar um candidato, o interessado deve, antes de qualquer coisa, ser convidado. Não há como ser aceito sem o “aval” de um maçom, que será, mais para frente, chamado de “padrinho”.
Mesmo com o apoio de um maçom já iniciado, não significa que o candidato tenha qualquer garantia de seguir no processo de admissão. Depois de ser apresentado formalmente, o candidato terá a vida investigada nos mínimos detalhes, e os demais irmãos se encarregarão de saber como é a verdadeira face do aspirante a maçom.
Outro detalhe importante que diferencia a maçonaria de uma simples seita é a questão dos dogmas impostos. Enquanto cada movimento dito esotérico impõem um ou mais dogmas para que o iniciado aceite sem questionar, os maçons incentivam, de todas as formas possíveis, o livre pensamento. Isso significa que nenhum conhecimento específico é imposto aos novos candidatos aprovados, apenas coloca-se à disposição uma série de simbologias que, uma vez estudadas e compreendidas, farão que cada um se dedique ao seu estudo e estabeleça suas próprias conclusões. É dessa variedade dentro da unidade que se originou o ditado que “há tantas maçonarias como maçons no mundo”, uma vez que cada um a vê e a interpreta de forma distinta.
(…) Concentraremo-nos em verificar os mecanismos gerais de funcionamento para admissão. Vale ressaltar, entretanto, que não se tratam de esquemas rigorosos. Cada loja maçônica é livre para seguir seu próprio processo de admissão, o que torna quase impossível falar de um processo padrão. Podemos, sim, identificar certos esquemas que terminam por ser mais adotados ou postos em prática com pequenas variações, mas nada garante que o leitor interessado vá encontrar exatamente estes procedimentos na loja à qual pretende se filiar.
(…) O maçom Joaquim Gervásio de Figueiredo, Mestre do Grau 33, fala em sua obra, Dicionário de maçonaria, o seguinte:

“Candidato – Maçonicamente, é o solicitante à admissão ou o aspirante ao aumento de salários, desde que, em escrutínio secreto, haja sido julgado ‘limpo e puro’. No entanto, há autores que consignam esta ordem ascendente: postulante, candidato, recipiendário ou aspirante, neófito.”
Nessa definição já podemos observar como é complicado o processo de admissão na maçonaria. Há correntes, por assim dizer, que são bem mais rigorosas e em que, para conseguir se tornar um maçom de Primeiro Grau, fazem o aspirante passar por uma hierarquia de situações, começando como postulante e terminando como neófito. O primeiro passo, de qualquer maneira, é aguardar a indicação de um maçom já consagrado. Querendo ou não, o candidato deverá passar pela tal investigação para obter o status de “limpo e puro”, citado no verbete do Dicionário. E o principal de tudo: aguardar uma comunicação para que possa vir a se apresentar perante os demais.

Termos de admissão
Para que o leitor possa entender melhor o significado dos termos usados por Joaquim Gervásio de Figueiredo, oferecemos a seguir um pequeno resumo. (…) Comecemos por postulante. Trata-se do candidato de maneira genérica, o que nem sempre irá corresponder ao uso feito pelos maçons.
Suponhamos que você queira entrar e há um conhecido seu que é maçom, de preferência de um grau avançado. Em geral, a partir do terceiro ou do quarto grau, o maçom já pode fazer indicações. Algumas lojas pedirão que você forneça dados para as investigações, nos moldes mais comuns possíveis, como cessão de nomes, endereços e referências que poderão ser checadas, no melhor estilo de uma abertura de crediário em uma loja. Você as fornece e, em seguida, passa por um período de silêncio, no qual se tem a nítida impressão de que o seu caso foi completamente esquecido.

Essa impressão não poderia ser mais errônea. Tudo neste período estará sendo checado e verificado pelos maçons, com muito cuidado. Basicamente, eles procuram antecedentes criminais, envolvimento com processos, práticas consideradas abomináveis, incluindo ligações com grupos políticos, econômicos e até esotéricos de má fama, entre outros. Os seus amigos, aqueles que você indicará, acabarão sendo contatados, cedo ou tarde, para que falem sobre sua vida particular e seu comportamento social. Por exemplo, há certas restrições contra quem come, bebe ou fuma demais. Para os maçons, tal procedimento é essencial para que se possa identificar, sem dúvidas, o tipo de caráter do candidato.
(…) Depois desse período, virá a notificação. O candidato poderá, assim, tornar-se um postulante. Ele, por enquanto, não é bem parte da estrutura maçônica. Lembremos que o grau mais baixo é o de aprendiz, o qual o candidato deverá ocupar tão logo este processo termine e seja formalmente aceito.
Uma vez que o aspirante seja reconhecido como postulante, ele deve partir para a etapa seguinte: tornar-se um candidato, ou seja, ele se tornará oficialmente um solicitante à admissão. Seus antecedentes estão em ordem, portanto, agora ele fará o pedido formal. Para algumas lojas, isso significa ser apresentado oficialmente com esse status. Ele deixará de ser um aspirante qualquer. Podemos verificar que, mesmo nesta pequena amostra do esquema maçônico, predomina toda a simbologia marcante desse grupo e de sua filosofia.
O próximo passo é se tornar um recipiendário, termo usado para designar o profano, ou seja, o não-iniciado, durante sua passagem por provas iniciatórias e, também, no próprio dia de sua recepção. O que significa isso? Algumas lojas, sempre de acordo com o ritual que seguem, devem observar certas tarefas ou provas que serão aplicadas ao aspirante.
Intrigado com essas provas? Não fique! A admissão à maçonaria só pode ocorrer depois dessa “cerimônia de iniciação”, com provas de resistência física e integridade moral que, mais uma vez, variam de acordo com as práticas adotadas por cada unidade.

Por fim, resta ao aspirante tornar-se um neófito, palavra que vem do grego e significa, entre outras coisas, nascido de novo. O termo refere-se em especial aos noviços admitidos ou recém-iniciados em mistérios antigos. Na antiguidade, um neófito tinha de passar por provas relacionadas aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo), para alcançar o quinto elemento – o éter – e sair triunfante. Era, então, marcado com o sinal tau, conhecido por nós, hoje, como a cruz egípcia em forma de T. É claro que o neófito maçom passará por outros tipos de provas, que são escolhidas de acordo com o perfil do suposto aspirante. Por exemplo, se é levantado que a pessoa bebe, mas não chega a extremos, pode ser imposto que ela passe determinado período sem beber absolutamente nada que contenha álcool. E não há mais marcas, como antigamente, para serem impostas ao candidato, o que pode deixar muitos dos leitores aliviados. O site da Grande Loja Carbonária do Brasil, na Internet, explica certos parâmetros de admissão em detalhes:
“Todas as pessoas que se candidatam e, posteriormente, procuram efetivar a Iniciação na Ordem maçônica, durante o interregno que vai desde o momento em que se apõem suas firmas nas propostas até que venham a receber a proclamação do ritual, tomam, consecutivamente, quatro designações distintas, a saber: candidato, postulante, recipiendário e neófito”.  
A palavra “candidato” provém do latim canditus, que significa “branco”. Identifica o pretendente que, nos tempos dos romanos, vestia-se de branco quando pleiteava um cargo público, em concurso legal. Com o evoluir dos anos, o vocábulo “candidato” passou a designar todos os pretendentes a quaisquer lugares, situações ou honrarias. Ninguém pode, entretanto, solicitar diretamente sua admissão a uma loja maçônica. Um maçom, e somente este, é quem regulamenta e encaminha à sua loja o pedido de Iniciação de um candidato, julgando-o isento de falhas que possam macular o seu conceito público e particular, e que seja sinceramente desejoso de chegar à verdade e por esta orientar-se.
Assim, se alguém deseja ser admitido na Ordem maçônica, deve procurar um maçom e, através deste, solicitar o ingresso. Por meio deste procedimento, o interessado receberá todas as instruções necessárias ao encaminhamento do pedido formal de admissão.

(…) Mas, para poder se tornar um bom maçom, é necessário, antes de tudo, que o Aspirante não tenha nenhum receio de que sua vida seja devassada e exposta por um grupo de pessoas que pouco ou nada tenha que ver com sua vida particular. Se você, leitor, não gosta deste tipo de coisa, então é melhor colocar mesmo a idéia de lado e partir para encontrar uma atividade que lhe seja mais apropriada.

Principais requisitos para se tornar um maçom

• Ter 21 anos de idade ou ser emancipado.
• Independência moral e econômica.
• Reputação ilibada no meio social e familiar.
• Estar em pleno gozo da capacidade civil.
• Ter instrução suficiente para compreender os fins da Ordem e a energia moral para cumpri-los.
• Não professar ideologia que se oponha aos princípios maçônicos.
• Gozar de perfeita saúde e não possuir defeito físico que o impeça de cumprir os futuros deveres maçônicos.
• Crer em um Ser Supremo.
• Ter, pelo menos, seis meses de residência no Oriente onde funcionar a Loja escolhida.
• Obrigar-se ao pagamento dos encargos pecuniários estabelecidos nos regulamentos.
• Ser proposto por dois irmãos da Ordem, que o conheçam.




8 Rituais maçônicos em detalhes

O mistério acaba aqui: para entender melhor o universo da maçonaria, conheça a história e as características dos mais tradicionais ritos maçônicos espalhados pelo mundo e pelos tempos, dos mais praticados aos mais obscuros.

Texto • Redação / Triada.com.br

Tentar adentrar no mundo da maçonaria sem ser iniciado não é nada fácil. Por mais que a ordem não se auto-intitule como secreta, passam-se séculos e seus segredos continuam a ser muito bem guardados por seus membros. Mas, graças a pesquisadores como o escritor português Pedro Silva, conseguimos desvendar parte dos fascinantes enigmas maçônicos. Em seu livro O código da maçonaria (Universo dos Livros), Silva nos presenteia com revelações de símbolos, apresentação de temas polêmicos e até nos convida para uma viagem para mostrar a história dessa instituição nos mais variados países ao redor do mundo. Nas páginas a seguir, você vai poder acompanhar um trecho desta obra que traz interessantes e esclarecedores detalhes sobre os oito principais ritos maçônicos. Vá em frente.

Rito de Emulação
Mais utilizado pela Grande Loja Unida da Inglaterra, pensa-se estar próximo da mais antiga e pura Maçonaria. Neste caso, somente os três graus principais do ofício são chamados principais. Os demais Conhecem-se por “adicionais”, com destaque para o Royal Arch, considerado “a quinta-essência da filosofia maçônica”.

Outros dos graus inseridos neste caos é o de Mark Master, continuidade do grau de companheiro, cujo simbolismo anda em torno da leitura do Salmo 118, e a ligação dos Evangelhos à figura de Jesus Cristo. Por último, destaque para o Rito de Iorque, praticado nos Estados Unidos da América, o qual, além dos três graus simbólicos, aposta ainda nos dois complementares supracitados, a par dos graus críticos (como o Select master) e as Ordens de Cavalaria (em que se incluem a Red Cross e a Order of the Temple).

Rito Escocês Antigo e Aceito
Provavelmente um dos mais famosos entre todos, sendo que “continua a ser regido pelas Grandes Constituições de 1786, atribuídas por Frederico II. Os supremos conselhos formam uma confederação, senão de direito, pelo menos de fato, e efetuam conferências internacionais periódicas em que se procede a troca de pontos de vista sobre os problemas comuns, traduzindo-se em recomendações” (obra citada de Paul Naudon, p.111). Na verdade, os princípios adotados em 1875 garantem a existência de um princípio criador com o nome de Grande Arquiteto do Universo, sobrepondo-se à utilização do termo “Deus”.
Segundo os rituais inerentes a ele, os três primeiros graus garantem a iniciação tradicional, ao passo que os graus entre o 4º e o 14º conduzem ao conhecimento filosófico, os dos 15º ao 18º à identificação com o fator universal através do amor e o 30º grau é a síntese de todos os outros. Por último, 31º, 32º e 33º são graus puramente administrativos.

Rito Escocês Retificado
Tendo nascido no seio da Estrita Observância (fundada em 1756 pelo Barão de Hund), teve grande influência de J.B. Willermoz (1730-1824), um comerciante natural de Lyon. Sob sua presidência em 1778 realizou-se o dito Convênio das Gálias, com o intuito de reformar a Franco-Maçonaria. O Rito Escocês Retificado é composto pelas Lojas simbólicas de S. João (aprendizes, companheiros e mestres), pelas Lojas de Santo André (mestre escocês) e pela Ordem Interior (escudeiros noviços e cavaleiros benfeitores da Cidade Santa), dirigida por um Grão-Priorado e organizada em prefeituras e comendadorias.
O Código do Rito estipula que o “primeiro compromisso do franco-maçom é observar fielmente os seus deveres com Deus, o rei, a Pátria, os Irmãos e si próprio. Só o jura depois de haver a garantia do respeito que ele tem à Divindade e da importância que dá aos haveres do homem honrado. A cerimônia da sua recepção (…) prova-lhe que todos os Irmãos estão penetrados no amor do bem. Todos se comprometeram pelas mais santas promessas a amar e a praticar a virtude, a votar-se à caridade e à beneficência”. Segundo o ritual de iniciação de 1778, o recipiendário presta juramento sobre o Evangelho de S. João “de ser fiel à santa religião cristã, aos seu soberano e às leis do Estado” (obra citada de Paul Naudon, p.112-113). O maior destaque deste rito, em relação ao chamado Escocês Antigo, é, efetivamente, que neste caso há a referência explícita a Deus e à igreja cristã. Destaque, neste caso, para os grupos de graus deste rito: Loja de São Jorge, que abrange os chamados três graus básicos da Maçonaria – Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom; Loja de Santo André, que inclui os Mestres Escoceses, extraídos diretamente do Rito Escocês Antigo e Aceito; e Ordem interior, composta pelos graus de Escudeiro Noviço e Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa.

Rito Sueco
Bastante similar ao rito anterior, este nasce pela idéia de Eckeleff, na Suécia, no ano de 1756. Foi Eckleff que criou a primeira “loja escocesa de Santo André”, denominada A Inocente. Imbuídos do espírito do templarismo, o rito sueco assume o seu caráter puramente cristão, possuindo dez graus repartidos por três grupos distintos, a saber: Lojas de Santo André, Lojas de São João e Capítulos. Além disso, há ainda a destacar que, na Suécia, o chefe do 11º grau, chamado de Cavaleiro Comendador da Cruz Vermelha, a par de ser denominado oficialmente Vigário de Salomão, incrementando ainda mais as ligações anteriores, tem sido sempre detido pela mais alta figura da monarquia sueca, no caso o próprio Rei. A sua aparição na Suécia acontece no ano de 1853 e, de lá para cá, esse rito tem sido seguido à letra, tendo-se expandido igualmente para países vizinhos como Noruega e Islândia.

Rito de Mênfis
Foi constituído em 1838 por Marconis de Nègre e tem, tal como o rito sueco, uma forte tradição dos antigos cavaleiros templários. De acordo com sua linha histórica, teria sidoesta Ordem medieval a fundadora direta do rito de Mênfis. Porém, resta saber quem teria passado esse conhecimento aos cavaleiros do Templo. A resposta reside no sábio egípcio, de nome Ormus, o qual era sacerdote da cidade de Mênfis, uma das mais importantes do Antigo Egito, e posteriormente convertido ao Cristianismo sob o nome de São Marcos. Este rito compõe-se com noventa e cinco graus, um dos mais elaborados de que há conhecimento, tendo-se integrado, no ano de 1862, no Grande Oriente.

Rito Francês
No período de cisão, existente no seio da Grande Loja de França, em 1773, as mudanças teóricas não podiam deixar de acontecer. Não apenas se deu a criação do Grande Oriente de França e da Grande Loja Nacional, esta última com atividade errante e de curta duração, como também a determinação, em 1786, através da Assembléia do Grande Oriente de um sistema gradual de sete graus, de cariz profundamente francês, conhecido por rito francês moderno.
Aos três graus básicos (aprendiz, companheiro e mestre) juntaram-se aos superiores Mestre Eleito e Mestre Escocês, assim como os de Cavaleiro do Oriente e Soberano Príncipe Rosacruz. Mais tarde, em 1877, dando surgimento ao processo de separação que já havia acontecido anos antes, o Grande Oriente afastou-se também em nível oficial do “deísmo” antigo, avançando de forma vincada para a denominação de “Grande Arquiteto do Universo”.


Rito Operativo de Salomão

Entre todos, este é o mais recente, tendo sido criado na França no ano de 1974, pelos membros da “Ordem Iniciática e Tradicional da Arte Real” (O.I.T.A.R.). Esta era composta por um pequeno grupo Franco-Maçons independentes, sendo que a Bíblia fazia parte notária do seu ritual. Basicamente, integra nove graus, divididos em classes distintas, a saber: Primeira Classe, que engloba Aprendiz, Companheiro e Mestre; Segunda Classe, com Mestre Secreto e Mestre da Marca; Terceira Classe, incluindo Cavaleiro do Arco real e Cavaleiro Rosacruz; e Quarta Classe, com Guardião do Templo e Mestre de Nome Inefável.




Skull & Bones: A Sociedade de Bush

Saiba mais sobre a misteriosa irmandade universitária representada por uma assustadora caveira – uma sociedade da qual fizeram parte três gerações dos Bush, incluindo dois presidentes dos Estados Unidos.

Texto • Letícia Fagundes / Triada.com.br
 
Hoje temida, a Skull & Bones nasceu em 1832 como uma simples agremiação estudantil, com objetivos apenas filantrópicos e acadêmicos. Desde o início, porém, possuía rígidos códigos de silêncio e rituais de iniciação bizarros, que incluíam beber sangue e se masturbar na frente dos outros membros.
Fundada por William Russel, a sociedade foi criada dentro do campus da Universidade Yale, nos Estados Unidos, com o nome original de Clube do Tributo Fúnebre. As reuniões eram feitas, sempre a portas fechadas, na capela da faculdade. Os membros colocavam nas portas das salas uma caveira e dois ossos cruzados, o que indicava que não poderiam ser perturbados. Por esse motivo, essa imagem, que você vê ao lado, é o símbolo que identifica a sociedade até hoje.

Shelley Klein aponta, em seu livro As sociedades secretas mais perversas da história (Editora Planeta do Brasil), que a Skull & Bones tem extrema simpatia pelos nazistas. Alguns dos objetivos da sociedade seriam a manipulação econômica e o controle mundial. Levando em conta que alguns dos membros mais conhecidos da irmandade são o presidente americano George W. Bush e seu pai George Bush, a teoria parece fazer sentido. Prescott Sheldon Bush, avô do último presidente, também foi membro da Skull & Bones, iniciado em 1917.
Especuladores das teorias de conspiração chegam a afirmar que a sociedade está por trás de acontecimentos históricos, como a Guerra do Golfo, por exemplo. Carlos Raposo, historiador, maçom do Real Arco, e que tem nas Sociedades Secretas um ramo de pesquisa, dá sua opinião: “Creio que o que se fala sobre a Skull seja muito exagerado. Se por um lado é certo que existem grupos que influenciam os rumos da humanidade, com o mundo globalizado do jeito que está, é muito difícil supor que apenas um deles tenha as rédeas de tudo.” 




Igreja versus sociedades secretas

Texto • Thiago Perin / Triada.com.br

A ESSÊNCIA DAS ORDENS
Longe de buscar encrenca com a Igreja
A maçonaria é, oficialmente, uma sociedade com intuitos apenas filosóficos, com membros que cultivam e incentivam ideais como a filantropia, justiça, igualdade de classes, democracia e liberdade. A princípio, nada que vá contra os preceitos católicos. Mesmo os rituais e os símbolos que fazem parte da ordem – como o compasso, o esquadro e o grande “G”, que representa Deus –, não possuem conotações que vão contra a filosofia da religião. A oposição da Igreja à ordem se dá, principalmente, pelo secretismo que os maçons, por tradição, mantêm a respeito de suas reuniões.
 
Rosacruzes: mistura de crenças e filosofias
Influências da astrologia e da alquimia, caráter esotérico, explicações alternativas para a criação do universo e mais uma série de fatores essenciais colocam os membros da Ordem Rosacruz em profundo desacordo com o que defende o Vaticano. Contrariando os dogmas católicos, a organização despertou a inimizade do clérigo e sofreu perseguição violenta durante a Idade Média, quando muitos de seus defensores morreram queimados nas fogueiras da Inquisição.

Não uma, mas várias ordens de Illuminattis
O termo Illuminati (os iluminados, em latim) foi usado para denominar vários grupos diferentes ao longo da História. Entre eles, o mais popular é a Ordem dos Illuminati da Baviera, fundada em 1776 e composta por intelectuais e políticos europeus. O objetivo, oficialmente, era apenas discutir os rumos da sociedade da época. Sem causar qualquer tipo de comoção religiosa (ou mesmo política), o grupo se desmanchou poucos anos depois de sua fundação. Apesar dos Illuminati acreditarem em Deus, a filosofia da organização diz que não deve haver qualquer tipo de intermediação ou interferência no relacionamento entre Ele e o homem. Por isso, extinguir todos os grupos religiosos seria um pré-requisito para a instauração da Nova Ordem Mundial, um sistema social mais justo e equilibrado do que o atual – supostamente, o grande objetivo dos “iluminados”.
 
Os Templários e a Igreja: como um só
Fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito de assegurar a segurança dos cristãos que voltaram a peregrinar por Jerusalém após a conquista da cidade, a Ordem dos Templários ganhou o apoio total da Igreja Católica em torno de 1129. Durante muitos anos, as duas instituições trabalharam em conjunto. O sucesso dos Templários, no entanto, estava estreitamente vinculado ao das Cruzadas e, quando a Terra Santa foi perdida, o apoio à ordem desapareceu.

A VISÃO DA IGREJA
Se há algo a esconder, coisa boa não pode ser
A aura de mistério que paira sobre as reuniões maçônicas colocou a ordem em rota de colisão direta com o Vaticano, tanto que duas bulas papais condenando a maçonaria chegaram a ser emitidas, por Clemente 12 e Bento 14, ainda que os líderes não soubessem o que acontecia nos encontros dos maçons. Em 1983, quando comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, o atual papa Bento 16 publicou um texto chamado Declaração sobre as associações maçônicas. “Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em pecado grave”, escreveu.

Proteção contra a fogueira
A Ordem Rosacruz ganhou o caráter de “sociedade secreta” justamente para evitar represálias diretas da Igreja, já que na era medieval essa instituição possuía uma influência política enorme e não tinha pudores em queimar quem fosse contra seus credos. Bater de frente com o clero, portanto, não era uma boa ideia. De lá para cá, o secretismo acabou se tornando uma das principais características dos rosacruzes, ainda que a Igreja não tenha mais o poder de outrora.
 
Atuação por baixo dos panos
Há quem acredite, ainda que não haja evidências, que os Illuminati da Baviera continuaram suas atividades secretamente e seguem na ativa até hoje. Segundo esta crença, eles teriam participado de vários desdobramentos de episódios importantes da História, da eclosão da Revolução Francesa à fundação dos Estados Unidos, sempre trabalhando ativamente para tirar o poder social e político que ainda descansa nas mãos dos líderes da Igreja Católica. Com o sucesso do livro Anjos e demônios, a fama de “inimigos da Igreja” só cresceu. Na trama de Dan Brown, os Illuminati são estrategistas violentos que planejam um golpe para desestabilizar o Vaticano, sequestrando e aniquilando violentamente líderes do clero. Porém, sem que haja qualquer comprovação histórica de que as desavenças possam chegar a esse nível, a faceta antagonista não ultrapassa o universo da ficção.
 
De companheiros a inimigos mortais
Frente ao resultado negativo dos embates e à popularidade crescente dos templários (que ganhavam, também, cada vez mais poder) o rei Filipe IV, da França, começou a pressionar o Papa Clemente V a tomar medidas contra a ordem. A partir de 1307, muitos de seus membros foram detidos, torturados e mortos, até que, em 1312, o Papa Clemente dissolveu totalmente a sociedade – dando início às inúmeras especulações, que perduram até hoje, referentes ao paradeiro desses cavaleiros.

 

 




Maçonaria por Fernando Pessoa

Para quem deseja entender melhor as ordens secretas, vale a pena conferir o que um dos mais importantes autores da literatura universal tem a dizer sobre a maçonaria. Com a palavra, o poeta Fernando Pessoa.

Texto • Redação / Triada.com.br
 
Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa, Fernando Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, e faleceu em 1935, na mesma cidade. Extremamente inteligente e talentoso, criou múltiplas facetas interiores do ser humano, inventando pseudônimos e heterônimos através de estilo e escrita diferenciados. O que você confere a seguir são trechos de um artigo (extraídos do livro Fernando Pessoa: obra em prosa, da Editora Nova Aguilar) publicado por Fernando Pessoa em 1935 a respeito da maçonaria. Embora não fosse um maçom, o escritor estudava ocultismo com seriedade e escreveu em defesa desta Ordem quando o político português José Cabral quis banir as “ordens secretas” daquele país. Acompanhe.

“Não faço, creio, ofensa ao Sr. José Cabral em supor que, como a maioria dos anti-maçons, o autor deste projeto é totalmente desconhecedor do assunto maçonaria. O que sabe dele é até, porventura, pior que nada, pois, naturalmente, terá nutrido o seu anti-maçonismo da leitura da imprensa chamada católica, onde, até nas coisas mais elementares da matéria, erros se acumulam sobre erros, e aos erros se junta, com a má vontade, a mentira e a calúnia, senhoras suas filhas.
Ora se o Sr. José Cabral está nesse estado de trevas com respeito à natureza, fins e organização da Ordem maçônica, suponho que em igual condição estejam muitos dos outros membros da Assembléia Nacional, com a diferença de que se não propuseram legislar sobre matéria que ignoram.
Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra Ordem semelhante ou diferente. Não sou, porém, anti-maçom, pois o que sei do assunto me leva a ter uma idéia absolutamente favorável da Ordem maçônica. A estas duas circunstâncias, que em certo modo me habilitam a poder ser imparcial na matéria, acresce a de que, por virtude de certos estudos meus, cuja natureza confina com a parte oculta da maçonaria – parte que nada tem de político ou social -, fui necessariamente levado a estudar também esse assunto – assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora.
Creio não errar ao presumir que o Sr. José Cabral supõe que a maçonaria é uma associação secreta. Não é. A maçonaria é uma Ordem secreta, ou com plena propriedade, uma Ordem iniciática.
A Ordem maçônica é secreta por uma razão direta e derivada – a mesma razão porque eram secretos os Mistérios antigos, incluindo os dos primitivos cristãos, que se reuniam em segredo, para louvar a Deus, em o que hoje se chamariam Lojas ou Capítulos, e que, para se distinguir dos profanos, tinham fórmulas de reconhecimento – toques, ou palavras de passe, ou o que quer que fosse. Por esse motivo os romanos lhes chamavam ateus, inimigos da sociedade e inimigos do Império – precisamente os mesmos termos com que hoje os maçons são brindados pelos sequazes da Igreja Romana, filha, talvez ilegítima, daquela maçonaria remota.

A maçonaria necessariamente toma aspectos diferentes – políticos, sociais e até rituais – de país para país, e até, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência se houver mais que uma. Dou um exemplo: Há na França três Obediências independentes – o Grande Oriente da França, a Grande Loja da França e a Loja Regular, Nacional e Independente para França e suas Colônias. O Grande Oriente é acentuadamente radical e anti-religioso; a Grande Loja limita-se a ser liberal e anti-clerical; a Grande Loja Nacional não tem política nenhuma.
Embora, porém, a maçonaria esteja assim materialmente dividida, pode considerar-se como unida espiritualmente. O espírito dos rituais, e, sobretudo, o dos graus simbólicos é o mesmo em toda a parte, por muitas que sejam as divergências verbais e rituais entre graus idênticos, trabalhados por obediências diferentes.
A maçonaria compõe-se de três elementos: o elemento iniciático, pelo qual é secreta; o elemento fraternal; e o elemento a que chamarei humano – isto é, o que resulta de ela ser composta por diversas espécies de homens, de diferentes graus de inteligência e cultura, e o que resulta de ela existir em muitos países, sujeita, portanto, a diversas circunstâncias de meio e de momento histórico, perante as quais, de país para país e de época para época, reage, quanto à atitude social, diferentemente.
Nos primeiros dois elementos, onde reside essencialmente o espírito maçônico, a Ordem é a mesma sempre e em todo o mundo. No terceiro, a Maçonaria – como, aliás, qualquer instituição humana secreta ou não – apresenta diferentes aspectos, conforme a mentalidade de maçons individuais, e conforme circunstâncias de meio e momento histórico, de que ela não tem culpa.
Neste terceiro ponto de vista, toda a maçonaria gira, porém, em torno de uma só idéia – a tolerância; isto é, o não impor a alguém dogma nenhum, deixando-o pensar como entender. Por isso a maçonaria não tem uma doutrina. Tudo quanto se chama “doutrina maçônica” são opiniões individuais de maçons, quer sobre a Ordem em si mesma, quer sobre as suas relações com o mundo profano.
Ora, o primeiro erro dos anti-maçons consiste em tentar definir o espírito maçônico em geral pelas afirmações de maçons particulares, escolhidas ordinariamente com grande má-fé. Já o segundo erro dos anti-maçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua ação social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afetam a maçonaria como afetam toda a gente.

Resulta de tudo isto que todas as campanhas anti-maçônicas – baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente – estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da maçonaria. Por esse critério – o de avaliar uma instituição pelos seus atos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais – que haveria neste mundo senão abominação?”

 




Entenda quem foram os templários

Conheça um pouco da história e dos rituais desta sociedade secreta que, mesmo condenada a desaparecer, sobreviveu durante séculos e chegou até nossos dias.

Texto • Redação / Triada.com.br

Como surgiu a Ordem dos Templários?
A Ordem do Templo foi oficializada pelo Vaticano em 1118, para proteger os peregrinos cristãos que iam da Europa a Jerusalém – além dos assaltos frequentes, muitas vezes eles eram mortos por malfeitores que ficavam à beira das estradas. A Ordem foi criada enquanto os cristãos dominavam Jerusalém. Posteriormente, com a retomada da cidade sagrada pelos muçulmanos, os templários passaram a fazer parte das Cruzadas e lutar por sua dominação.

Como os cavaleiros templários alcançaram tanto poder?
Suas campanhas militares foram heróicas. O treinamento militar era rigoroso e os templários eram muito temidos pelos muçulmanos, pois, além de não recuarem em batalha, não se deixavam aprisionar. Paralelamente, seu crescimento econômico era impressionante: eles generalizaram a letra de câmbio e transformaram-se nos grandes banqueiros da Idade Média. Ao final do século 13, seu capital era muito grande. E, ao contrário de outros cavaleiros que gastavam suas riquezas no longo caminho de volta para casa e empobreciam, os templários sabiam poupar suas conquistas para futuros empreendimentos.

Quais as razões do fim da Ordem?
No dia 13 de outubro de 1307, Felipe, o Belo, pressionando o Papa Clemente V, acusou os templários de crimes contra a Igreja Católica. O objetivo do rei da França era destruir o poder e tomar a fortuna dos templários para salvar seu reino. As confissões arrancadas mediante compra ou tortura fizeram com que os cavaleiros fossem perseguidos e assassinados. Assim, Jacques DeMolay, líder da Ordem, foi queimado vivo em 18 de março de 1314, da mesma forma que muitos de seus seguidores. Nesse mesmo ano, o Papa Clemente V dissolveu a Ordem e confiscou todos os seus bens.

A história oficial conta que depois da chacina cometida por Felipe, o Belo, os templários conseguiram se unir de novo em Portugal e Espanha. O que mudou na Ordem daqueles tempos até nossos dias?
Atualmente, a Ordem dedica-se a manter viva a tradição templária por meio dos estudos históricos. Esses estudos levaram a historiadora Barbara Frale a descobrir nos arquivos secretos do Vaticano um pergaminho do Papa Clemente inocentando a Ordem de todas as suas acusações. Além dessas pesquisas históricas e da manutenção da tradição templária, os atuais segmentos da Ordem possuem, também, a tarefa da benemerência.
Existem muitas ordens templárias modernas. Há uma unidade ou rivalidade entre elas?
Segundo o próprio Vaticano, existem cerca de 400 segmentos neotemplários na atualidade. Não há nenhuma rivalidade entre eles, apenas diferenças de opiniões, símbolos e ritualísticas, ou seja, são segmentos independentes que simpatizam com o mesmo estudo. Porém, é importante deixar claro que nenhum desses segmentos pode afirmar que é a continuação da Ordem de origem. A partir do momento em que o Papa Clemente dissolveu a Ordem, ela deixou de existir.

Existem muitas ordens templárias modernas. Há uma unidade ou rivalidade entre elas?
Segundo o próprio Vaticano, existem cerca de 400 segmentos neotemplários na atualidade. Não há nenhuma rivalidade entre eles, apenas diferenças de opiniões, símbolos e ritualísticas, ou seja, são segmentos independentes que simpatizam com o mesmo estudo. Porém, é importante deixar claro que nenhum desses segmentos pode afirmar que é a continuação da Ordem de origem. A partir do momento em que o Papa Clemente dissolveu a Ordem, ela deixou de existir.

E por que tantos grupos?
Quando a Ordem foi dissolvida, os templários “espalharam-se” por diversas partes da Europa mantendo grupos clandestinos ou simplesmente incorporando-se a outras ordens de cavalaria (Hospitalários, Teutônicos, Calatrava, Montesa, Santiago ou a Ordem de Christo).
Quem são os templários de hoje? Quais são os requisitos para se tornar um?
São pessoas que desejam estudar a história templária e têm afinidade com suas tradições. A OSMTHU aceita:

a) Em seu círculo interno, qualquer pessoa maior de idade, sem qualquer discriminação de raça ou sexo, que apresente comprovação (documentação) de que não possui nada que o desabone perante a sociedade e as leis brasileiras e que seja cristão. A Ordem do Templo é uma Ordem Cristã!
b) Em seu círculo externo, integrantes de qualquer religião, com a devida comprovação documental de que nada o desabona perante a sociedade brasileira.


Qual a relação dos templários com lendas como a do Santo Graal e da Arca da Aliança?

A relação é lendária. Quando a Primeira Cruzada tomou Jerusalém, nove cavaleiros ganharam um lote de terra em cima dos escombros do antigo Templo de Salomão e montaram, lá, sua sede. Os cavaleiros templários, durante os nove anos que permaneceram ali, escavaram o local e, segundo a lenda, encontraram muitos documentos e tesouros, entre eles o Santo Graal e a Arca da Aliança. Segundo a história oficial, não há nenhuma prova concreta da existência desses objetos. Talvez por isso tantas lendas surgiram sobre a origem e o paradeiro das relíquias sagradas.

Como são os cerimoniais, as reuniões e os rituais de iniciação da Ordem, hoje?
O cerimonial de iniciação na Ordem é parecido com o de recepção de um novo cavaleiro, utilizado na Idade Média. Como uma Ordem Cristã, a ritualística é baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo. O livro mais utilizado pelos templários é a Bíblia.

Quais os maiores objetivos, hoje, da Ordem?
Os objetivos dos diversos segmentos neo-templários da atualidade são bem parecidos com os do falecido Papa João Paulo II: colaborar com o crescimento espiritual da humanidade, disseminar a doutrina cristã e promover a expansão da Ordem pelo mundo.