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Èsú – O porteiro do Órun

• Texto de Eduardo Henrique Costa / Universo e Cultura.

Orixá Èsú é o filho indulgente de Olodumare (Deus), sua grandeza se manifesta sobre toda a parte, é o que guarda os portões do céu (Órun) e ninguém entra no palácio real ou ninguém consegue chegar até Olodumare sem antes passar por Èsú. É aquele que deve ser cultuado primeiramente antes de todos os outros, pois é ele o mensageiro que permite que aconteça comunicação da terra (Aye) com o céu (Órun). É ele que leva as mensagens aos Orixás e que leva os Ebós. Sendo o Orixá da humanidade e da comunicação, é o mais ligado a humanidade está presente em todos os lugares à todo momento do nosso lado, ele chora a nossa dor junto conosco, ele se alegra da mesma forma, ele é tão divino que está dentro de nós e consegue sentir o que estamos sentindo, ele sabe o nosso passado, presente e futuro. Viaja livremente para lugares onde nem sempre Olodumare (Deus) irá estar, ele possui as chaves que abre as fronteiras entre os espaços, entre luz e as trevas, entre o calor e o frio… Ele é o que pode falar bem ou mal de você para seu Orixá, é aquele que livremente pode fazer tanto o bem como o mal dependendo da forma de tratamento de seu cultuador, Èsú pode fazer o que é certo se tornar errado, ele é o que acerta a ave ontem com a pedra que hoje atirou, é o sentinela que guarda e executa a lei, sua forma onipresente faz com que certas forças não interfiram nos destinos e na vontade de Olodumare, é aquele que tem o conhecimento de todos os seres humanos, além de conseguir lembrar de todas as coisas que ouviu e viu, consegue compreender todas as criaturas, tanto as elevadas, como as medianas e a as inferiores. É aquele que na tradição é cultuado primeiramente antes de qualquer Orixá, é aquele que pode aplicar punições como bênçãos, é aquele que leva as oferendas e os trabalhos e traz as bênçãos dos Deuses. Èsú é o que nasceu diretamente das mãos de Deus é a própria energia do criador, apesar de ser vingativo, brincalhão e punidor, é aquele que pode ser tanto masculino como feminino, apesar de seu símbolo ser um Ogó de forma fálica falo ereto, que representa a fertilidade, fecundidade e a continuidade. Ele é o próprio movimento cósmico, ele é a própria batida do coração, é o sangue que corre nas veias, é o calor humano, é o movimento, é o prazer, ele é o grandioso que não pode ser destruído, pois a cada vez que é atacado ele se regenera sendo maior, por isto recebeu o nome com significado de “esfera” é aquele que pode se voltar contra aquele que não lhe reverenciou ou lhe destratou.

O Deus das Travessuras

Conta uma história que dois amigos se orgulhavam muito de sua amizade e lealdade. Eram vizinhos. Viviam bem, mas apesar de serem cultuadores da tradição afro, não prestavam nenhum culto à Èsú e não gostavam. 
Certa tarde, se encontravam os dois, como de costume, conversando nos limites de suas propriedades, quando Èsú passou por entre eles, usando um chapéu metade branco e metade vermelho.
Estranhando aquela figura entre eles, um comentou com outro:

  • Muito estranho aquele homem de chapéu vermelho.
  • Chapéu vermelho, não. O chapéu era branco.
    E assim passaram a discutir a cor do chapéu entrando em briga e inimizade. Por enquanto Èsú somente observava e dava risadas.
    Èsú só está desposto ajudar nas dificuldades quem lhe reverencia, assim como no filme Besouro demonstra este aspecto. Ele é o cumpridor das ordens e não faz nada sem a vontade do criador ou permissão.

Èsú se torna filho de Orunmilá

Orunmilá e sua mulher desejavam muito ter um filho, porém a natureza não favorecia neste sentido. Foram pedir ao Órun (céu) que atendessem seus desejos a este respeito, porém recebeu uma resposta negativa dizendo que não era chegado a hora. A esposa de Orunmilá um dos grandes sacerdotes fundador de Ifá continuou insistindo. Então Orunmilá foi até os castelo de Olodumare… Chegando no Órun avistou um menino na porta do castelo, era muito belo ao qual ele se simpatizou, quando foi até Olorun e continuou insistindo, mas a divindade recusava, então Orunmilá como era tão insistente e teimoso pediu a ele como filho aquela criança que estava na porta do castelo, ele foi alertou que não era uma criança para se ter como filho, mas Orunmilá quis mesmo assim, foi então que Olodunmare aceitou.
Então Orunmila teve ato sexual com a sua esposa, onde nasceu Èsú, ele passou 12 meses no ventre da sua mãe, recebeu o nome de Elegbara, Senhor do poder, e assim nasceu Elegbara, com muita fome, e em seu nascimento pediu várias comidas, e continuava pedindo monte de animais machos e fêmeas e tudo que havia ao redor, pedindo ao seu pai todos tipos de vegetais, minerais, peixes que havia por perto, e como não havia mais nada para comer, Èsú virou-se e comeu sua mãe, recebendo assim o título de Elegbo, Senhor das Oferendas. Então Orunmila furioso parte para cima de seu filho com a sua espada cortando ele em vários pedaços e a cada pedaço que cortava mais de mil cresciam maiores, viajando para vários espaços, Orunmila cansado de correr atrás de Èsú e vendo que não tinha como lhe vencer, faz um acordo com seu filho, para que se ele devolvesse tudo que ele havia comido. E em troca, seria o primeiro a receber as oferendas, para saciar sua sede e fome, seria o primeiro a ser cultuado e um dos mais importantes, além de tudo que forem fazer, primeiramente deveriam alimentá-lo… E assim, Èsú devolve tudo e aceita o acordo, através desta história Èsú passa ser cultuado primeiramente e alimentado antes de todos, além de ser conhecido como “a boca faminta”, aquele que come de tudo que lhe der, ficou também conhecido como o “inimigo dos Orixás”, pois é ele que decide, então se levaria os pedidos, mensagens e oferendas aos outros deuses iorubás, e se ele não permitir nada chega.