SAI BABA, O FAZEDOR DE MILAGRES

Entre fenômenos inexplicáveis e benfeitorias sociais, o guru angariou cerca de 100 milhões de seguidores em todo o mundo. Reverenciado, ele segue em sua missão de ajudar as pessoas, causando uma polêmica aqui e ali de vez em quando

Texto • Erica Franquilino

“Só existe uma religião, a do amor; só existe uma linguagem, a do coração; só existe uma casta, a da Humanidade; só existe um Deus e ele é Onipresente”. As palavras são de Sathya Sai Baba, líder espiritual conhecido por seus milagres e curas fantásticas. Considerado um avatar (a encarnação divina em forma humana), Sathya Narayena Raju nasceu em 1926, na vila de Puttaparthi, sul da Índia, onde vive até hoje. Conta-se que aos 14 anos ele foi picado por um escorpião, permanecendo inconsciente por dois dias. Quando acordou, apresentou-se como Sathya Sai Baba, a nova encarnação de Shirdi Sai Baba, santo respeitado por hindus e muçulmanos.

Nos anos seguintes, o indiano dedicou-se a sua missão, que ele descreve em carta endereçada ao irmão, de 1947: “Eu tenho uma tarefa, que é nutrir toda a raça humana e assegurar a todos uma vida cheia de bem-aventurança. Eu tenho um voto, que é conduzir todos os que se desviaram do caminho correto novamente para o bom caminho e salvá-los. Eu estou preso ao trabalho que eu amo, que é remover os sofrimentos dos pobres e garantir o que lhes falta”.

Os seguidores, que foram se multiplicando, são testemunhas de feitos como materializações de objetos, curas, leitura de pensamentos, mensagens transmitidas por meio de sonhos e até a capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Um dos fenômenos mais praticados por Sai Baba é a materialização de uma cinza com poderes curativos, chamada vibhuti, que ele faz aparecer com um movimento das mãos ou vai retirando de recipientes vazios.

Dentre os relatos mais impressionantes estão dois casos de pessoas que morreram e, de acordo com o testemunho de familiares, teriam voltado à vida depois do contato com o líder espiritual – uma delas depois de três dias. “Os milagres realizados por ele têm um objetivo: a definitiva transformação de cada ser humano, despertando a divindade inerente em cada um de nós. Ele ajuda a romper as cadeias da ignorância, do egoísmo, do apego, das aversões, das fobias e dos desejos”, explica a vice-presidente da Organização Sathya Sai Baba do Brasil, Márcia Kisar.

Para o guru, a espiritualidade está diretamente ligada às ações sociais. Com as doações de seus seguidores, Sai Baba construiu um hospital de superespecialidades, fundou uma universidade, escolas e elaborou um programa educacional que prioriza valores como a paz e a solidariedade – aplicado em vários países, inclusive o Brasil. Ele se dedicou ainda à implantação de um programa de distribuição de água potável no sul da Índia, que abastece mais de 700 mil famílias.

Nem tudo são flores
Apesar de ser reverenciado por milhões de pessoas, Sai Baba não é uma unanimidade, sendo alvo de constantes críticas. Em outubro de 2000 surgiram acusações que apontavam para um possível envolvimento do guru com corrupção, charlatanismo e até pedofilia. À época, David Bailey, ex-devoto, afirmou em entrevista que havia tido vários encontros íntimos com Sai Baba. Bailey ainda afirmou que durante os quatro anos em que se dedicou à pregar as palavras do avatar, foi descobrindo que os milagres e curas não passavam de mitos, criados pelos devotos. Não se sabe porque o ex-seguidor levou anos para fazer tais denúncias, tampouco se as mesmas têm algum fundamento. Até o momento, nada foi provado.