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O Santo Graal e a Arca da Aliança

Descubra por que esses objetos mitológicos, duas das mais fascinantes lendas que percorrem a história da humanidade, estão diretamente relacionadas aos Templários.

Texto • Isis Gabriel / Triada.com.br
 
Vestidos com armaduras, empunhando espadas e cavalgando sobre cavalos treinados especialmente para a guerra santa, os cavaleiros medievais não mediam esforços para alcançar seus objetivos. Saques, pilhagens, destruição e sangue foram os rastros das Cruzadas.
Estas expedições guerreiras legitimadas pela Igreja tinham a meta de reconquistar a Terra Santa e levar a fé cristã aos incrédulos. Mas, por trás desse objetivo, desenvolvia-se uma verdadeira corrida por tesouros escondidos que movimentavam hordas de soldados com a cruz estampada no peito e uma espada sempre à mão. Dois desses tesouros misturam estes elementos como nenhum outro: o Santo Graal e a Arca da Aliança, que eram perseguidos em nome da fé e do poder que seria conferido a quem tivesse a posse deles.
Segundo a história oficial, não há nenhuma prova concreta da existência destes objetos. Talvez por isso, tantas lendas surgiram sobre a origem e paradeiro destas relíquias sagradas. E os templários são protagonistas de grande parte delas. Segundo essas histórias, foram eles que em uma pilhagem descobriram o cálice e a Arca Sagrada.

Fatos e mitos
Conta-se que, por volta do ano 1000 a.C., o rei Davi levou para Jerusalém a Arca da Aliança, o que teria ajudado a transformar a cidade no centro político e religioso dos hebreus e ainda unificar as tribos de Israel. Tempos depois, Salomão mandou construir o Primeiro Templo justamente para abrigar a Arca. Quando a Primeira Cruzada tomou Jerusalém, nove cavaleiros ganharam um lote de terra em cima dos escombros do antigo Templo de Salomão e montaram lá sua sede.
Esses nove cavaleiros fizeram votos de pobreza e passaram a ser chamados de Os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente Cavaleiros Templários. Durante os nove anos que ali permaneceram, eles escavaram o local e, segundo a lenda, encontraram muitos documentos e tesouros, entre eles o Santo Graal e a Arca da Aliança.
 
Apesar de alguns pesquisadores contestarem tal possibilidade afirmando que, quando Herodes reconstruiu o Segundo Templo em cima dos escombros do Templo de Salomão, fez importantes reformas e escavações de tal forma que, se houvesse algum tesouro embaixo, com certeza ele teria achado, a versão lendária tem outros argumentos a favor, como a maldição do último templário.
Depois de passar sete anos na prisão, o último grão-mestre templário Jacques De Molay foi condenado à morte na fogueira. Na hora de sua execução, amaldiçoou seus perseguidores dizendo-lhes que no prazo de um ano todos estariam mortos. Menos de um ano depois, o rei Filipe, o Belo, o papa Clemente V e seu executor faleceram. A maldição não parou por aí. Nenhum dos filhos de Filipe conseguiu se manter no trono, a dinastia dos Capetos acabou, o que deu origem a uma crise sucessória e desestabilizou a França, e abriu caminho para a Guerra dos Cem Anos. Há quem diga que uma maldição tão poderosa só teria uma explicação: a Arca e o Graal. Acredite se quiser.

Você sabia?
Há mais de 800 anos, todo dia 19 de janeiro, na Etiópia, sacerdotes com túnicas e turbantes brancos segurando um crucifixo em uma das mãos e um cajado na outra saem às ruas para celebrar um dos maiores tesouros e mistérios da cristandade: a Arca da Aliança. Nas localidades onde estão as mais de 20 mil igrejas cristãs coptas ortodoxas desse país da costa leste da África, multidões entoam em coro cânticos sagrados nessa grande festa em homenagem ao objeto que um dia guardou as tábuas dos Dez Mandamentos. Conduzindo os fiéis vão as autoridades eclesiásticas, que dançam sob o som dos tambores, sinos e vozes – como um dia fez o rei Davi na presença da Arca. E, quando a última luz do sol se esvai, a exaltação e a festa dão lugar ao silêncio e às rezas contidas em frente a uma tenda armada como no tempo de Moisés – é a vigília que segue noite adentro.
Para os coptas ortodoxos da Etiópia, a cerimônia, chamada de Timkat, tem um significado todo especial que vai além da compreensão dos outros cristãos. Para esse povo, a Arca da Aliança não é um mito ou uma busca arqueológica, mas uma relíquia que eles acreditam que está sob seu poder. A arca, segundo eles, não está perdida, e sim guardada na igreja de Santa Maria de Zion da cidade de Axum, vigiada pelos olhos atentos de um guardião-sacerdote escolhido por Deus. Segundo a lenda etíope, Menelik, filho de Salomão e da rainha de Sabá, teria fugido com a Arca antes da tomada de Jerusalém pelos babilônicos e se refugiado na Etiópia, daí a história da Arca em Axum e de toda a festa em sua homenagem.