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Paixão pela música sacra

Conheça o Coral de Santos, um dos mais antigos grupos de canto gregoriano do Brasil, que hoje é uma das principais referências de música sacra do país.

Texto • Fernando Badô
 
Em Santos, um grupo de amigos, formado em sua maioria por ex-seminaristas, resolveu se unir em torno de uma única paixão: a música sacra. Sem grandes pretensões, mas com muita vontade, um coral foi formado. Em seus primeiros momentos, o grupo passou por muitas dificuldades, principalmente para a aquisição de obras gregorianas, até então raras no Brasil. Durante as buscas, foram recuperadas algumas peças que, por incrível que pareça, haviam sido jogadas no lixo. Com o passar dos anos, e depois de muita procura, pode-se dizer que o Coral Gregoriano de Santos reuniu um respeitável acervo de músicas sacras.
Mas, ainda assim, o grupo não conseguia sequer apresentar-se em Igrejas Católicas, até que o frei Alexandre Tognoli tomou a frente do coral. Mais do que apoiar, Tognoli garantiu, pelo menos, uma apresentação mensal para o coro na paróquia do Embaré, a qual se tornou sede do grupo.
Quando as coisas pareciam se encaminhar, o coral sofreu um novo golpe: o falecimento do frei Alexandre, em 1975. Durante pouco mais de um ano, o grupo atuou sem uma base fixa, sob a direção do regente substituto, apresentando-se esporadicamente em cerimônias.
Mas no começo de 1976, o padre Joaquim Ximenez Coutinho assumiu a batuta e deu uma nova alma ao coral.  Quatro anos depois, foi inaugurado um curso de canto gregoriano aberto ao público. Era o passo que faltava para marcar o nome do grupo na história da música sacra brasileira.  
 
A consagração

Um divisor de águas na história do coral foi o recital de música sacra, em comemoração à festa de Nossa Senhora do Monte Serrat, padroeira da cidade de Santos. O espetáculo teve uma excelente receptividade por parte do público. O repertório mostrava a história da música de forma bastante original, o que valeu muitos elogios. Para os integrantes do Coral Gregoriano de Santos, a crítica positiva foi uma agradável surpresa, visto que a apresentação ocorreu fora do ambiente religioso. Desde então, o grupo tem participado de encontros de corais, concertos em igrejas e, a pedido de pessoas e entidades que ainda admiram e reconhecem o canto gregoriano, tem atuado em missas e casamentos. A fama do Coral Gregoriano de Santos ultrapassou os limites da cidade. Além de se apresentar em cidades do interior e litoral paulista – e na própria capital do Estado –, o grupo marcou presença também em municípios mineiros. 
 
De mãos dadas com a arte
Para substituir o padre Ximenes, impossibilitado de continuar no comando do coral devido a outras ocupações, o maestro José de Sá Porto assumiu o comando. Por sua iniciativa, o grupo passou a ensaiar em instalações da Universidade Católica de Santos. Com a criação da UNIARTE, pelo padre Waldemar Valle Martins, colega de seminário de vários integrantes, o Coral Gregoriano foi o primeiro grupo artístico convidado a integrar este departamento da universidade, dedicado à promoção da arte, nesta época Luís Carlos Peres já era o regente substituto.
A partir de então, com o aval e o apoio logístico da universidade, o coral ganhou novo impulso, e há mais de dez anos, apresenta-se na missa das 11 horas – no segundo domingo de cada mês – no Convento do Carmo e na Missa de Finados, da Memorial Necrópole Ecumênica. Além disso, há vários anos é convidado a cantar na Missa Comemorativa do dia de Santo Inácio, promovida anualmente pelos padres Jesuítas na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.

Quando o maestro José de Sá Porto não pôde mais continuar regendo o coral, devido a suas múltiplas atividades, Constantino Bento assumiu o cargo apoiado pelo maestro Manoel Roberto Lopes, que se encarregou do repertório polifônico.
Novos integrantes são aceitos frequentemente no coral, cobrindo a falta dos que faleceram (dos fundadores do coral, apenas dois estão vivos) sem perder o ímpeto de ampliar o repertório e de interpretá-lo sempre com fidelidade e grande dedicação e piedade. Atualmente, cerca de 30 pessoas compõem o grupo e fazem de tudo para manter vivo o canto gregoriano, à espera de que novas gerações cultivem esse estilo de música sacra. Se não pela religião, que seja pela arte. 

Serviço

O Coral Gregoriano de Santos está aberto a novas inscrições. Basta comparecer aos ensaios, às quartas (20h) e quintas-feiras (20h30), em um anexo ao prédio da reitoria da Universidade Católica de Santos. Nenhuma taxa é cobrada. A única restrição é a de que o coral seja formado exclusivamente por vozes masculinas.

Para mais informações, acesse www.gregoriano.hpg.com.br

 ou escreva para coral_gregoriano@bol.com.br

Fonte: triada.com.br