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Ẹbọ × Gratuidade

Há muitas dúvidas a respeito do ẹbọ em muitos locais de culto a Ifá, Isese Lagba ou Candomblé costuma em sua maioria estes tipos de serviços religiosos serem pagos e nesta maravilhosa oportunidade de esclarecimento, eu quero compartilhar com você um pouco a cerca do assunto para que entenda.

• Awo Ifá Leké – Eduardo Henrique

Primeiramente nestas três religiões que eu citei, há a necessidade de iniciação religiosa, onde o praticante deverá passar por um ritual religioso e diversos caminhos e obrigações até atingir o sacerdócio, o que leva muita das vezes anos, muita dedicação e principalmente gastos, precisamos entender que por ser tratar de religiões de matrizes africanas em continente americano, acaba dependendo de importações de produtos de artigos religiosos ou indo até a África o que nem todos têm esta condição.

Para um praticante conseguir dar ẹbọ em outras pessoas, necessitará de assentamentos específicos que serão suportes para estas práticas, colocando muita das vezes até mesmo os trabalhos de frente para estes assentamentos.
Os assentamentos são um ponto da força ancestral de cada Òrìṣà, elementos de ligação com aquela energia e onde precisa ser alimentada esta ponte, quando um indivíduo começa a dar ẹbọ, o mesmo necessitará alimentar aquela energia e estar com suas obrigações em dia.

Cada pessoa que cuida religiosamente dos outros, precisa estar bem, com bastante àṣẹ, pois a cada magia há um certo desgaste e a pessoa que não se cuida acaba não tendo nada de vibrações boas ou algo de bom para proporcionar ao outro espiritualmente, os praticantes precisam fazer manutenções de suas energias com frequência, sempre ir se limpando de fluídos negativos, ganhando mais força para levar a força ao outro, e tudo isto muita das vezes envolve gastar com materiais para poder se cuidar e muitas pessoas acham que quem cuida dos outros não precisa de cuidados, mas esta forma de pensar é absolutamente um erro, porque vivemos em comunidade segundo os yorùbás e é sempre um cuidando do outro.

Quando alguém necessita passar por obrigações religiosas é porque todos necessitam de àṣẹ para exercer funções, principalmente as religiosas.

Quando um sacerdote realiza um ẹbọ para o seu consulente de forma gratuita, na realidade haverá gratuidade apenas para o consulente mas quem terá que pagar é o próprio sacerdote, porque depois disto ele precisará gastar para poder se cuidar, comprar materiais, cuidar de seus assentamentos e principalmente cuidar de seu templo religioso, acredito que há muitas formas de fazer caridade nas religiões de matrizes africanas, inclusive usando medicina religiosa yorùbá, mas ẹbọ para ser realizado sem o consulente pagar, é apenas para aqueles sacerdotes que resolvem gastar no lugar dos consulentes.

Vejamos um exemplo:

Quando é realizado um ẹbọ com diversos alimentos que serão passados na pessoa, antes de realizar o sacerdote precisa estar limpo de negatividades e estar forte para poder cuidar do outro, então ele gasta com seu cuidado individual, e precisará arrumar os alimentos e todos os itens de artigos religiosos para cuidar daquela pessoa.
Após comprar tudo aquilo, ainda terá que preparar, no caso de ajeum (comidas) o mesmo gastará com energia elétrica e com gás de cozinha (se for usar fogão) e são coisas que no Brasil e em diversos países em 2024 não é nenhum pouco de preço baixo.

Existe alguns ẹbọ que necessita serem despachados em um outro local, como muita das vezes os alimentos na natureza para a Terra se alimentar (por exemplo) e imagine se for muitas coisas que não dê para levar andando, este sacerdote terá que gastar com condução, por ser algo que envolve despachos de energias a maioria prefere optar na utilização de veículos particulares de aplicativos e isto há um custo, e mesmo que fossem utilizar seus veículos pessoais ainda teriam que gastar com combustíveis.

Na volta para seu templo religioso, este mesmo sacerdote precisa repor a energia que gastou para executar tudo aquilo, porque muita das vezes a pessoa estava carregada demais e ainda precisa cuidar do local onde realiza seus ritos, muitos ẹbọ após o término precisa o local do templo religioso ser limpo e produtos de higiene precisam ser comprados.

E no caso da compra de artigos religiosos a maioria dos comerciantes cobram porque eles trabalham com vendas e se tudo desse de forma gratuita teriam que decretar a falência de suas lojas, e nas religiões africanas praticadas fora do local onde é terra daquela cultura, acaba sendo um pouco dificultoso comprar certos materiais e acabam precisando vir de fora do país, e isto de fato, envolve custos.

E se um sacerdote não for alguém repleto de patrocinadores que pague tudo por ele, nestas gratuidades feitas em ẹbọ com frequência, terá que infelizmente acabar fechando seu templo religioso por falta de condições financeiras estáveis. E alguns podem achar que o sacerdote é ganancioso pelo simples fato de cobrar, mas veja, será que é certo ele trabalhar para ficar pagando atos medicinais em prol de todos? E como ele gastará em prol dele e de sua vida?… Há alguns sacerdotes que não costumam ter outra profissão e se dedicam apenas a religião, e imagine chegar para o trabalho de alguém que vive profissionalmente daquilo para pedir gratuidade todas das vezes, é a mesma coisa do que chegar em um supermercado e você levar tudo que deseja para beneficiar você mesmo e na hora de pagar, chega até uma operadora de caixa de supermercado e afirma que não tem dinheiro e que rezará por ela e que Deus abençoará ela por isto, mas veja, por mais que ela deixe por ter um bom sentimento ela terá que pagar tudo aquilo e será o suor dela inteiramente em prol do que um outro alguém queria.

A palavra ẹbọ quando traz como significado “sacrifício” é no sentido da pessoa sacrificar em prol de si mesma, correr atrás, batalhar pelo o que quer, e não o outro se sacrificando pelo o outro e terminando prejudicado. A caridade é algo que não pode tornar o outro mais pobre. Em algumas famílias na África quando um membro não tem condições de pagar o sacerdote, alguns deixam aquela pessoa trabalhar naquele templo religioso para que ajude até pagar a dívida.
Em alguns outros lugares, como até mesmo no Brasil, alguns sacerdotes as vezes por amizade e carinho acabam gastando para ajudar aquela pessoa e deixando para o outro pagar apenas quando a vida melhorar e estiver em condições mais estáveis e por mais que o poder da fé é algo grandioso e maravilhoso, não depende apenas do sacerdote confiar no espiritual e acreditar na prosperidade, mas se o consulente se corromper ou praticar atos destrutivos, esta prosperidade continuará não chegando e por isto considero uma atitude arriscada, para fazer isto recomendo refletir “isto vai me trazer algum prejuízo que eu não possa contornar no atual momento caso a pessoa não me pague?”, Caso seja sim, é melhor evitar por precaução.

Mas e por quê muitos sacerdotes não permitem fazer ẹbọ na pessoa para pagar depois? Porque quando não há uma condição de dinheiro adicional somente em prol disto, é difícil. Porque aquele sacerdote pode fazer fiado, mas o vendedor de artigos religiosos, o supermercado, o motorista ou o posto de combustível, enfim, estes dificilmente farão fiado e o sacerdote terá que pagar.

E existe ẹbọ de caridade ou misericórdia? Existe sim, geralmente os sacerdotes fazem com algo que sobrou de outros trabalhos que fez ou do que comprou para seu templo religioso e tenha numa quantidade possível de dizimar sem que isto lhe faça falta, mas a maioria costuma utilizar materiais de baixo custo ou usam alternativas que mesmo que não resolva tudo, pelo menos traga um alívio ou melhoria temporária até que chegue a solução por completo.

E o que muitos não sabe é que a quantidade de itens ou energias e atos para cada ẹbọ, costuma vir da própria pessoa que passará pelo ato, pois tem diferenciação entre alguém com muitos problemas e outro fazendo apenas por devoção e etc.

E o que é a tal mão de àṣẹ que alguns sacerdotes cobram?
Seria exatamente o esforço feito, tempo dedicado, e a manutenção necessária a ser feita. Pois caso o sacerdote cobre apenas pelos materiais, não haverá recursos para cuidar dele mesmo, e dos assentamentos e templo religioso, vejamos:
Se em cada ẹbọ que envolvessem apenas alimentos, o sacerdote cobrasse apenas pelos ingredientes para prepará-los, o gás de cozinha será pago como?…

O que quero deixar claro com esta explicação é que não são as crenças que obrigam, são as necessidades para viver a vida que tudo tem seus custos no mundo material, até mesmo para o consumo de água potável precisa pagar, por isto é super normal existir práticas que são cobradas.

Mas não descarto a possibilidade de existir aproveitadores em quaisquer religiões, pessoas que cobram muito além do que necessitam e tiram diversas vantagens através dos outros, é necessário uma reflexão na hora da escolha, pois nem todas pessoas podem ter um bom caráter.




Sacudimento com Èsù

Este é um sacudimento através de Èsù, que leva de tudo que a boca come. É indicado para aqueles que desejam descarregar uma negatividade de alguém, fortalecer as energias e destrancar os caminhos.
Para realizar este sacudimento é necessário que tenha o assentamento de Èsù e um devido preparamento para cuidar de outras pessoas.

• Elementos necessários:
Carne de porco cru;
Obi africano (4 gomos);
Pano morim preto, vermelho e branco;
Legumes (quantidade em número ímpares: 1, 3, 5, 7…);
2 Beringelas;
Pimenta, ou pimentão;
Mandioca;
Acaçás brancos ou amarelos feitos;
Grãos torrados.

• Modo de preparo:
Ponha os morins no chão enfeitando, coloque uma beringela debaixo de cada pé do indivíduo e peça para não forçar para não esmagar. Passe cada um dos ingredientes no corpo da pessoa começando da cabeça até os pés, encostando nos pontos vitais e entoando cantigas e rezas para Èsù. No final pegue um obi e passe na cabeça do indivíduo, abra e jogue para ver se foi bem aceito e ponha os obis junto com o sacudimento. Caso não saiba jogar o jogo dos obis, é possível comprar pela loja do nosso site para aprender.
É recomendável que verifique com Èsù se o sacudimento poderá ser feito em frente o assentamento e depois despachado na natureza ou se deve levar a pessoa para fazer diretamente na natureza.

Quando terminar, tome banho e dê banho na pessoa de descarrego. Peça para evitar o consumo de tudo que foi usado no sacudimento, além de evitar vestir e comer coisas de cores vermelha, preta e roxa. De uma forma universal, durante os preceitos de rituais de limpeza deve evitar bebidas alcoólicas, atos sexuais, visitas em hospitais, cemitérios, práticas de magias e arrumar confusões, xingar… O tempo de preceito pode variar entre três, sete, quatorze e vinte e um dia, é recomendável que verifique quantos dias dura o preceito na sua família ou confirme com Èsù.




Ebó – O alimento da alma

• Texto de Eduardo Henrique Costa / Universo e Cultura.

O CONCEITO

Primeiramente precisamos compreender que na religião iorubá não existe a crença em que possa existir uma pessoa totalmente negativa e nem totalmente positiva. Nascemos possuindo tanto positividade como também negatividade. Se formos analisar atentamente é impossível encontrar alguém que sempre teve a vida feliz e sem nenhum problema, ou uma pessoa que teve uma vida com todos os dias apenas ruins sem ter presenciado uma variação em algum momento.

Refletindo até mesmo sobre grandes líderes e mestres espirituais, podemos chegar a conclusão que todos eles passaram por momentos bons como também ruins, alguns conheceram a riqueza, mas em certos momentos conheçaram a doença e a fome (um exemplo emblemático é o Sidarta Gautama, que se tornou muito importante para o Budismo), tivemos líderes que viveram momentos alegres, mas também foram traídos e conheceram a dor e a morte (Jesus Cristo, é uma grande referência, foi o próprio fundador do Cristianismo, mas mesmo assim, viveu tantos momentos bons como também difícies). Eu poderia usar como exemplo diversas celebridades do nosso cotidiano, mas a visão que quero fazer com que possam vislumbrar, é que mesmo sendo uma pessoa muito espiritualizada e correta, não significa que não haverá problemas.

Os iorubás ensinam que quando uma pessoa se encontra com a positividade maior, é sinal que a negatividade está em menor quantia, isto significa que esta pessoa buscou um certo equilíbrio e se caso manter esta positividade alta, terá uma vida mais harmoniosa e os problemas irão diminuindo. Quando uma pessoa possui uma energia negativa maior que positiva, é sinal que esta pessoa está passando pelo lado ruim de seu caminho, tendo uma inclinação a ter mais problemas e momentos dificies do que apenas alegres.

Através desta pequena narrativa, a nossa mente passa a refletir sobre o objetivo principal do ebó. E seria ele manter o equilíbrio e restaurar as energias que se encontram desgastadas ou até mesmo faltantes. Existe certas pessoas que pela forma de viver, se desgasta energeticamente com maior facilidade e mesmo com a reposição de forma natural, ainda não é o suficiente para que aquela pessoa se torne mais estável e até mesmo ajude a lutar pelos os objetivos de vida que busca ter sucesso. Alguns podem até ter uma energia que ajude a conquistar alguns setores da vida, mas pode uma delas faltar ou está negativa se tratando de outros setores da vida.

Exemplo:

Uma vez, um certo homem não entendia o porquê de tanto fracasso em sua vida. Ao se consultar com um sacerdote, foi verificado que ele tem grandes energias voltadas para a vida financeira e era por isto que ele era tão próspero, mas que ele não possuia energias boas para sua vida amorosa e era por isto que ele sempre fracassava em seus relacionamentos. O sacerdote preparou o ebó e invocou a divindade ligada ao amor, que converteu a energia daquele trabalho em positividade para que fosse diminuído a energia negativa de sua vida amorosa ou até mesmo recarregar a energia faltante para a realização das necessidades.

A PALAVRA EBÓ

É muito importante saber que o ebó e o ebô são totalmente diferentes. A palavra ebó surge do idioma iorubá, que significa literalmente: sacrifícios. Podemos classificar que em um ebó, a amplitude de sacrificios é muito maior do que pode pensar.

  1. SACRIFÍCIO HUMANO: Se você logo se assustou e pensou na idéia de matar uma pessoa, você está totalmente equivocado (a). Quando nos referíamos aos sacrificios humanos, se trata do ato de dizimar em prol da espiritualidade. O fato de gastar dinheiro, dedicar tempo, cumprir alguns preceitos em uma determinada quantia de dias, são exemplos, de sacrifícios necessários através de esforços.
  2. SACRIFÍCIO DE ANIMAIS: Se refere ao ato de trazer forças, vitalidade e longevidade para a pessoa. Por mais que muitos possam pensar que isto só acontece dentro da religião iorubá; na realidade muitas religiões praticam, mas o que eu observo muito é que sempre se tratando da cultura do negro, as pessoas associam a com o mal. Biblicamente, na fuga dos judeus que se encontravam no Egito, Deus manda Moisés sacrificar um carneiro filhote para marcar com sangue as portas onde a morte não deveria entrar… E que fique claro que meu intuito não é defender a matança, mas demonstrar fatores históricos culturais. Na cultura iorubá, inclusive no culto à Ifá-Orunmilá, é muito mais usado rezas, pós, ervas, plantas do que animais. Uma grande mentira é que muitos dizem que na África ocorre o maior a abate religioso do mundo, quando na verdade o Festival Gadhimai, no Nepal, seria onde ocorre o maior abate religioso do mundo, estima-se que são usados mais de 200 mil animais, cabras, ratos, são mortos em homenagem à deusa hindu do poder, segundo o G1.COM (Ver matéria).
  3. AJEUM (COMIDAS): Em muitos ebós, inclusive na cultura afro-brasileira e afro-cubana, é muito usado na ritualistica alimentos como: pipocas, farinhas, grãos e muito mais. Muitos erroneamente pensam que os Orixás (divindades iorubás) irão vir no ebó para comer o que está sendo entregue, quando na verdade eles vem para direcionar as energias daquela comida e dos elementos ligado aquela divindade para a vida do solicitante. Quando nos alimentamos fisicamente nos ajuda a repor nossas energias e forças, no ebó funciona da mesma maneira, porém envolve mais a alma. Eu costumo dizer que os ebós são suplementos que nutrem o nosso espiritual (risos).

QUANDO DEVO TOMAR EBÓ?

É necessário entender que o ebó tradicional, ele não não é feito apenas por chegar ao sacerdote e dizer qual é o objetivo e ele sair fazendo. Existe a necessidade de um jogo oracular para entender quais energias regem aquela pessoa, quais energias necessita e o que será levado no ebón. Um bom ebó envolve uma boa apuração. Por isto, existe uma grande diferença entre ebó e oferenda. Oferenda é um termo mais genérico se referindo à toda prática de devoção, já no caso do ebó ele não é feito apenas por ter vontade ou devoção, é necessário uma ordem astral para que seja executado da melhor maneira.

Para os iorubás o ebó deve ser tomado por aqueles que se encontram negativos e também é importante por aqueles que se encontram positivos, para poderem manter e não esperar voltar a ficar ruim para refazer novamente.

DEPOIS DE QUANTO TEMPO DEVEMOS TOMAR EBÓ NOVAMENTE?

Isto depende de quatro fatores principais: o modo como aquela pessoa vive e as necessidades que possui, os cuidados diários e semanais com a espiritualidade, tipos de espiritualidade e ancestralidade. Existe pessoas que conseguem perpetuar suas energias e se mantêm positivas ao longo do ano, mas também encontramos aqueles que pela forma como vivem se sobrecarregam negativamente com facilidades e a cada dois meses estão refazendo novamente. Sendo assim, não existe em regra um tempo certo, porque cada pessoa possui destinos e espiritualidades diferentes, mas em média é comumente feito quatro vezes ao ano. Reitero que a forma como o indivíduo vive, poderá conservar suas energiss ou desgastá-las facilmente.

E QUEM PODE DAR EBÓ NA PESSOA?

Um ebó é o momento de banimento das negatividades e questões que atrapalham e não permite prosperar, somente um sacerdote competente tem autoridade para estas práticas. Estas ritualísticas são de origem africanas e é uma forma de medicina espiritual.

QUAL É O PREÇO DO EBÓ?

Existe aqueles terreiros, barracões ou centros cultutais que possuem preços tabelados e meu intuito não é ofendê-los. Mas acredito que o correto seria uma boa apuração oracular, para ver quais elementos, energias e necessidades possui. Aconselho que procure um sacerdote para uma consulta e através de Ifá ser checado qual forma de ebó é mais viável, pois muita das vezes pode ser até algo simples, como também algo mais complexo. Para um mesmo problema pode ter mais de mil formas de ebós – em razão disto, é necessário a devida apuração para checar qual é mais viável.

O QUE É PRECEITO?

Preceito se refere as certas práticas que devem serem praticadas durante e após o ebó por um certo período, nestas proibições encontramos algumas das mais comuns que é evitar: o consumo de bebidas alcoólicas, práticas sexuais e usos de roupas escuras. O período de duração de um preceito pode variar de acordo com o problema, costumes tradicionais e prática sacerdotal. Comumente um preceito dura entre 3, 7 ou 21 dias.

O SEXO É VISTO COMO ALGO PECAMINOSO PARA CULTURA IORUBÁ?

Longe disto! O motivo principal de ter que evitar atos sexuais durante o período de preceito, é pelo motivo do ato sexual se resumir em trocas de energias, o que não seria tão viável ter a energia de um parceiro ou trocar energias recebendo outras energias, a proibição de atos sexuais é justamente para que a pessoa receba por completo a energia do ebó sem percas.

O COMPORTAMENTO DURANTE O PRECEITO

É extremamente importante seguir por completo as práticas recomendadas durante o preceito, que seria neste periodo em que o Orixá fica mais próximo da pessoa, inclusive Èsú que analisa o merecimento e o quanto de Àsé (força virtual) a pessoa deverá receber. Muitos africanos acreditam que quem é mais próximo do ser humano é o Ori e Èsú, porém no ebó os Orixás se aproximam e com isto passam as energias para o solicitante.




É possível tomar ebó sendo contra sacrifícios?

Um dos temas polêmicos e pouco discutido, é sobre a possibilidade de uma pessoa que não se sente bem com sacrifícios de animais passar por um tratamento através de ebó dentro da Religião Tradicional Yorùbá ou Candomblé, será que é possível mesmo a pessoa optando que não deseja abate religioso com animais? Confira.

• Texto – Awo Ifá Leké – Eduardo Henrique

O ebó é uma prática de medicina religiosa que utiliza elementos materiais sagrados e importantes para direcionar energias em prol de alguém, lugar ou situação, é uma forma de pedir as divindades que tragam positividade e até mesmo fiquem mais para perto do devoto.

Há casos que o ebó inclui sacrifícios de animais, com objetivo de usar a força do sangue animal para obter energias e alcançar algum resultado específico, como por exemplo uma pessoa sem muita saúde e recebe energias para melhorar, mas numa sociedade que possui diferentes formas de pensar, alguns podem não se sentir bem vendo ou participando de sacrifícios, mesmo que seja de forma religiosa e não ocorra de forma macabra ou desrespeitando o animal.

É possível que um sacerdote usando seu conhecimento consiga resolver um caso ou trabalhar utilizando outras formas que não seja sacrifícios de animais à pedido do solicitante, podendo usar comidas (ajeum) e toda sua força ou sangue vegetal através de ervas ou plantas, entre outros métodos. Os sacrifícios de animais é uma das formas de ebós, mas não é a única, por isso dependeria muito do sacerdote e sua experiência.

O que não pode acontecer é de algo ser realizado contra à vontade de alguém, pois ebó tem como objetivo harmonizar as energias e trazer efeitos para caminhos onde há problemas de energias ou baixa positividade, não sendo necessário fazer algo que possa ferir sentimentos de alguém por algo. Existem casos de pessoas que aceitam realizar os sacrifícios de animais e entende que é uma prática religiosa e sagrada, mas tem problemas para ver sangue ou cortes, então o sacerdote passa o animal pela pessoa, reza e quando a pessoa se retira do local é realizado o abate religioso sem a presença da pessoa, tendo em vista a manifestação de sua vontade.

O que importa é não fazer que um sentimento por amor aos animais e não se sentir bem com sacrifícios, como quem é vegetariano, se torne um obstáculo da pessoa se cuidar ou buscar o sagrado através de ebós. E para aqueles que acham que é somente um ebó com animais que tem força, estão completamente errados, na África existem rituais em que a força das comidas é gigantesca, não somente quando envolve animais. Tudo depende da fé, do merecimento e dedicação, eu já presenciei casos de pessoas em estado grave de saúde, conseguindo se recuperar rapidamente após ebós de comidas, entre outros métodos.

O que precisamos pontuar é que ebó não é uma iniciação religiosa, e sim, um tratamento.




Ebó – O alimento da alma

• Texto de Eduardo Henrique Costa / Universo e Cultura.

O CONCEITO

Primeiramente precisamos compreender que na religião iorubá não existe a crença em que possa existir uma pessoa totalmente negativa e nem totalmente positiva. Nascemos possuindo tanto positividade como também negatividade. Se formos analisar atentamente é impossível encontrar alguém que sempre teve a vida feliz e sem nenhum problema, ou uma pessoa que teve uma vida com todos os dias apenas ruins sem ter presenciado uma variação em algum momento.

Refletindo até mesmo sobre grandes líderes e mestres espirituais, podemos chegar a conclusão que todos eles passaram por momentos bons como também ruins, alguns conheceram a riqueza, mas em certos momentos conheçaram a doença e a fome (um exemplo emblemático é o Sidarta Gautama, que se tornou muito importante para o Budismo), tivemos líderes que viveram momentos alegres, mas também foram traídos e conheceram a dor e a morte (Jesus Cristo, é uma grande referência, foi o próprio fundador do Cristianismo, mas mesmo assim, viveu tantos momentos bons como também difícies). Eu poderia usar como exemplo diversas celebridades do nosso cotidiano, mas a visão que quero fazer com que possam vislumbrar, é que mesmo sendo uma pessoa muito espiritualizada e correta, não significa que não haverá problemas.

Os iorubás ensinam que quando uma pessoa se encontra com a positividade maior, é sinal que a negatividade está em menor quantia, isto significa que esta pessoa buscou um certo equilíbrio e se caso manter esta positividade alta, terá uma vida mais harmoniosa e os problemas irão diminuindo. Quando uma pessoa possui uma energia negativa maior que positiva, é sinal que esta pessoa está passando pelo lado ruim de seu caminho, tendo uma inclinação a ter mais problemas e momentos dificies do que apenas alegres.

Através desta pequena narrativa, a nossa mente passa a refletir sobre o objetivo principal do ebó. E seria ele manter o equilíbrio e restaurar as energias que se encontram desgastadas ou até mesmo faltantes. Existe certas pessoas que pela forma de viver, se desgasta energeticamente com maior facilidade e mesmo com a reposição de forma natural, ainda não é o suficiente para que aquela pessoa se torne mais estável e até mesmo ajude a lutar pelos os objetivos de vida que busca ter sucesso. Alguns podem até ter uma energia que ajude a conquistar alguns setores da vida, mas pode uma delas faltar ou está negativa se tratando de outros setores da vida.

Exemplo:

Uma vez, um certo homem não entendia o porquê de tanto fracasso em sua vida. Ao se consultar com um sacerdote, foi verificado que ele tem grandes energias voltadas para a vida financeira e era por isto que ele era tão próspero, mas que ele não possuia energias boas para sua vida amorosa e era por isto que ele sempre fracassava em seus relacionamentos. O sacerdote preparou o ebó e invocou a divindade ligada ao amor, que converteu a energia daquele trabalho em positividade para que fosse diminuído a energia negativa de sua vida amorosa ou até mesmo recarregar a energia faltante para a realização das necessidades.

A PALAVRA EBÓ

É muito importante saber que o ebó e o ebô são totalmente diferentes. A palavra ebó surge do idioma iorubá, que significa literalmente: sacrifícios. Podemos classificar que em um ebó, a amplitude de sacrificios é muito maior do que pode pensar.

  1. SACRIFÍCIO HUMANO: Se você logo se assustou e pensou na idéia de matar uma pessoa, você está totalmente equivocado (a). Quando nos referíamos aos sacrificios humanos, se trata do ato de dizimar em prol da espiritualidade. O fato de gastar dinheiro, dedicar tempo, cumprir alguns preceitos em uma determinada quantia de dias, são exemplos, de sacrifícios necessários através de esforços.
  2. SACRIFÍCIO DE ANIMAIS: Se refere ao ato de trazer forças, vitalidade e longevidade para a pessoa. Por mais que muitos possam pensar que isto só acontece dentro da religião iorubá; na realidade muitas religiões praticam, mas o que eu observo muito é que sempre se tratando da cultura do negro, as pessoas associam a com o mal. Biblicamente, na fuga dos judeus que se encontravam no Egito, Deus manda Moisés sacrificar um carneiro filhote para marcar com sangue as portas onde a morte não deveria entrar… E que fique claro que meu intuito não é defender a matança, mas demonstrar fatores históricos culturais. Na cultura iorubá, inclusive no culto à Ifá-Orunmilá, é muito mais usado rezas, pós, ervas, plantas do que animais. Uma grande mentira é que muitos dizem que na África ocorre o maior a abate religioso do mundo, quando na verdade o Festival Gadhimai, no Nepal, seria onde ocorre o maior abate religioso do mundo, estima-se que são usados mais de 200 mil animais, cabras, ratos, são mortos em homenagem à deusa hindu do poder, segundo o G1.COM (Ver matéria).
  3. AJEUM (COMIDAS): Em muitos ebós, inclusive na cultura afro-brasileira e afro-cubana, é muito usado na ritualistica alimentos como: pipocas, farinhas, grãos e muito mais. Muitos erroneamente pensam que os Orixás (divindades iorubás) irão vir no ebó para comer o que está sendo entregue, quando na verdade eles vem para direcionar as energias daquela comida e dos elementos ligado aquela divindade para a vida do solicitante. Quando nos alimentamos fisicamente nos ajuda a repor nossas energias e forças, no ebó funciona da mesma maneira, porém envolve mais a alma. Eu costumo dizer que os ebós são suplementos que nutrem o nosso espiritual (risos).

QUANDO DEVO TOMAR EBÓ?

É necessário entender que o ebó tradicional, ele não não é feito apenas por chegar ao sacerdote e dizer qual é o objetivo e ele sair fazendo. Existe a necessidade de um jogo oracular para entender quais energias regem aquela pessoa, quais energias necessita e o que será levado no ebón. Um bom ebó envolve uma boa apuração. Por isto, existe uma grande diferença entre ebó e oferenda. Oferenda é um termo mais genérico se referindo à toda prática de devoção, já no caso do ebó ele não é feito apenas por ter vontade ou devoção, é necessário uma ordem astral para que seja executado da melhor maneira.

Para os iorubás o ebó deve ser tomado por aqueles que se encontram negativos e também é importante por aqueles que se encontram positivos, para poderem manter e não esperar voltar a ficar ruim para refazer novamente.

DEPOIS DE QUANTO TEMPO DEVEMOS TOMAR EBÓ NOVAMENTE?

Isto depende de quatro fatores principais: o modo como aquela pessoa vive e as necessidades que possui, os cuidados diários e semanais com a espiritualidade, tipos de espiritualidade e ancestralidade. Existe pessoas que conseguem perpetuar suas energias e se mantêm positivas ao longo do ano, mas também encontramos aqueles que pela forma como vivem se sobrecarregam negativamente com facilidades e a cada dois meses estão refazendo novamente. Sendo assim, não existe em regra um tempo certo, porque cada pessoa possui destinos e espiritualidades diferentes, mas em média é comumente feito quatro vezes ao ano. Reitero que a forma como o indivíduo vive, poderá conservar suas energiss ou desgastá-las facilmente.

E QUEM PODE DAR EBÓ NA PESSOA?

Um ebó é o momento de banimento das negatividades e questões que atrapalham e não permite prosperar, somente um sacerdote competente tem autoridade para estas práticas. Estas ritualísticas são de origem africanas e é uma forma de medicina espiritual.

QUAL É O PREÇO DO EBÓ?

Existe aqueles terreiros, barracões ou centros cultutais que possuem preços tabelados e meu intuito não é ofendê-los. Mas acredito que o correto seria uma boa apuração oracular, para ver quais elementos, energias e necessidades possui. Aconselho que procure um sacerdote para uma consulta e através de Ifá ser checado qual forma de ebó é mais viável, pois muita das vezes pode ser até algo simples, como também algo mais complexo. Para um mesmo problema pode ter mais de mil formas de ebós – em razão disto, é necessário a devida apuração para checar qual é mais viável.

O QUE É PRECEITO?

Preceito se refere as certas práticas que devem serem praticadas durante e após o ebó por um certo período, nestas proibições encontramos algumas das mais comuns que é evitar: o consumo de bebidas alcoólicas, práticas sexuais e usos de roupas escuras. O período de duração de um preceito pode variar de acordo com o problema, costumes tradicionais e prática sacerdotal. Comumente um preceito dura entre 3, 7 ou 21 dias.

O SEXO É VISTO COMO ALGO PECAMINOSO PARA CULTURA IORUBÁ?

Longe disto! O motivo principal de ter que evitar atos sexuais durante o período de preceito, é pelo motivo do ato sexual se resumir em trocas de energias, o que não seria tão viável ter a energia de um parceiro ou trocar energias recebendo outras energias, a proibição de atos sexuais é justamente para que a pessoa receba por completo a energia do ebó sem percas.

O COMPORTAMENTO DURANTE O PRECEITO

É extremamente importante seguir por completo as práticas recomendadas durante o preceito, que seria neste periodo em que o Orixá fica mais próximo da pessoa, inclusive Èsú que analisa o merecimento e o quanto de Àsé (força virtual) a pessoa deverá receber. Muitos africanos acreditam que quem é mais próximo do ser humano é o Ori e Èsú, porém no ebó os Orixás se aproximam e com isto passam as energias para o solicitante.