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Mitologia dos Orixás

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Resumo do livro: Mitologia dos orixás, do sociólogo Reginaldo Prandi, é a mais completa coleção de mitos da religião dos orixás já reunida em todo o mundo. São 301 relatos mitológicos, histórias que contam, por meio de imagens concretas e não de idéias abstratas, como são, o que fazem, o que querem e o que prometem os deuses desse riquíssimo panteão africano que sobreviveu e prosperou em países da América – em particular no Brasil e em Cuba – e que nos últimos anos tem sido exportado para a Europa. Na sociedade tradicional dos iorubás, é pelo mito que se alcança o passado, se interpreta o presente e se prediz o futuro. Cada mito, portanto, é uma surpresa sempre renovada, um segredo revelado que jamais se deixa desvendar completamente. Ao narrar episódios em que se envolveram deuses como Exu, Ogum, Iemanjá e Iansã, Mitologia dos orixás chama a nossa atenção para sentidos vitais profundos e nos aproxima do vasto patrimônio cultural dos negros iorubás ou nagôs. O livro é ricamente ilustrado, com fotos coloridas de todos os orixás que se manifestam em cerimônias do candomblé no Brasil e ilustrações do artista plástico Pedro Rafael.

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O mito nórdico da criação

Primeiro, havia o Caos, que era o Nada do Mundo, e isto era tudo quanto nele
havia. Nem Céu, nem Mar, nem Terra – nada disto havia. Apenas três reinos coexistiam: o
Ginnungagap (o Grande Vazio), abismo primitivo e vazio, situado entre Musspell (o Reino
do Fogo) e Niflheim (a Terra da Neblina), terra da escuridão e das névoas geladas.
Durante muitas eras, assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das
profundezas do Niflheim e formaram no medonho abismo de Ginnungagap um gigantesco
bloco de gelo.
Das alturas abominavelmente tórridas do Musspell, desceu um ar quente e este
encontro do calor que descia com o frio que subia de Niflheim começou a provocar o
derretimento do imenso bloco de gelo. Após mais alguns milhares de eras – pois que o
tempo, então, não se media pelos brevíssimos anos de nossos afobados calendários – o gelo foi derretendo e pingando e deixando entrever, sob a outrora gelada e espessa capa
branca, a forma de um gigante.
Ymir era o seu nome – e por ser uma criatura primitiva, dotada apenas de instintos, o
maniqueísmo batizou-a logo de má. Ymir dormiu durante todas estas eras, enquanto o
gelo que o recobria ia derretendo mansamente, gota à gota, até que, sob o efeito do calor
escaldante de Musspell, que não cessava jamais de descer das alturas, eis que ele
começou a suar. O suor que lhe escorria copiosamente do corpo uniu-se, assim, à água
do gelo, que brotava de seus poderosos membros – e este suor vivificante deu origem aos
primeiros seres vivos. Debaixo de seu braço surgiu um casal de gigantes e da união de
suas pernas veio ao mundo outro ser da mesma espécie, chamado Thrudgelmir. Estes
três gigantes foram as primeiras criaturas, que surgiram de Ymir; mais tarde, Thrudgelmir
geraria Bergelmir, que daria origem à toda a descendência dos gigantes.
Entretanto, do gelo derretido também surgira, além das monstruosidades já citadas,
uma prosaica vaca de nome Audhumla, de cujas tetas prodigiosas manavam quatro rios,
que alimentavam o gigante Ymir. Audhumla nutria-se do gelo salgado, que lambia
continuamente da superfície, e, deste gelo, surgiu ao primeiro dia o cabelo de um ser; no
segundo, a sua cabeça; e, finalmente, no terceiro, o corpo inteiro. Esta criatura egressa
do gelo chamou-se Buri e foi a progenitora dos deuses. Seu primeiro filho chamou-se Bor,
e, desde que pai e filho se reconheceram, começaram a combater os gigantes, que
nutriam por eles um ódio e um ciúme incontroláveis.

Esta foi a primeira guerra de que o universo teve notícia e incontáveis eras
sucederam-se sem que ninguém adquirisse a supremacia. Finalmente, Bor casou-se com
a giganta Bestla e, desta união, surgiram três notáveis deuses: Wotan (também chamado
Odin), Vili e Ve. Dos três, o mais importante é Wotan, que um dia chegará a ser o maior
de todos os deuses. E, porque assim será, um dia, ele próprio disse a seus irmãos:

  • Unamo-nos a Bor e destruamos Ymir, o perverso pai dos gigantes!
    Os quatro juntos derrotaram, então, o poderoso gigante, e com sua morte, acabou
    também a quase totalidade dos demais de sua espécie, afogada no sangue de Ymir. Um
    casal, entretanto, escapou do massacre: Bergelmir e sua companheira, que construíram
    um barco feito de um tronco escavado e foram se refugiar em Jotunheim, a terra dos
    Gigantes, onde geraram muitos outros. Desde então, a inimizade estabeleceu-se,
    definitivamente, entre deuses e gigantes, cada qual vivendo livremente em seu território,
    mas sempre alerta contra o inimigo.
    Dos restos do cadáver do gigantesco Ymir, Wotan e seus irmãos moldaram a
    Midgard (Terra-Média): de sua carne, foi feita a terra; enquanto que, de seus ossos e seus
    dentes, fizeram-se as pedras e as montanhas. O sangue abundante de Ymir correu por
    toda a terra e deu origem ao grande rio que cerca o universo.
  • Ponhamos, agora, a caveira de Ymir no céu – disse Wotan a seus irmãos, após
    haverem completado a primeira tarefa.
    Wotan fez com que quatro anões mantivessem a caveira suspensa nos céus, cada
    qual colocado num dos pontos cardeais. Em seguida, das faíscas do fogo de Musspell,
    brotaram o sol, a lua e as estrelas; enquanto que, do cérebro do gigante, foram
    engendradas as nuvens, que recobrem todo o céu.
    Entretanto, após terem remexido a carne do gigante, com a qual moldaram a terra,
    os três deuses descobriram nela um grande ninho de vermes. Wotan, penalizado destas
    criaturas, decidiu dar-lhes, então, uma outra morada, que não, o Midgard. Os seres
    subumanos, que pareciam um pouco mais turbulentos que os outros, foram chamados de
    Anões e receberam como morada as profundezas sombrias da terra (Svartalfheim). Os
    demais, que pareciam ter um modo mais nobre de proceder, foram chamados de Elfos e
    receberam como morada as regiões amenas do Alfheim.

Completada a criação de Midgard, caminhavam, um dia, Wotan e seus irmãos sobre
a terra para ver se tudo estava perfeito, quando encontraram dois grandes pedaços de
troncos caídos ao solo, próximos ao oceano. Wotan esteve observando-os longo tempo,
até que, afinal, teve outra grande idéia:

  • Irmãos, façamos de um destes troncos um homem e do outro, uma mulher! E
    assim se fez: ele foi chamado de Ask (Freixo) e ela, de Embla (Olmo). Wotan lhes deu a
    vida e o alento; Vili, a inteligência e os sentimentos; e Ve, os sentidos da visão e da
    audição. Este foi o primeiro casal, que andou sobre a terra e originou todas as raças
    humanas que habitariam por sucessivas eras a Terra-Média. Depois que Midgard e os
    homens estavam feitos, Wotan decidiu que era preciso que os deuses tivessem também
    uma morada exclusiva para si:
  • Façamos Asgard e que lá seja o lar dos deuses! – exclamou ele, que, como se vê,
    era um deus de energia e vontade inesgotáveis.
    Este reino estava situado acima da elevada planície de Idawold, que flutuava muito
    acima da terra, impedindo que os mortais o observassem. Além disso, um rio cujas águas
    nunca congelavam – o Iffing – separava a planície do restante do universo. Mas, Wotan,
    sábio e poderoso como era, entendeu que não seria bom se jamais existisse um elo de
    ligação entre deuses e mortais. Por isso, determinou que fosse construída a ponte Bifrost
    (a ponte do Arco-íris), feita da água, do logo e do mar. Heimdall, um estranho deus
    nascido ao mesmo tempo de nove gigantas, ficaria encarregado, desde então, de vigiá-la
    noite e dia para que os mortais não a atravessassem livremente no rumo de Asgard. Para
    isso, ele portava unia grande trompa, que fazia soar todas as vezes que os deuses
    cruzavam a ponte.
    A morada dos deuses possuía várias residências, as quais foram sendo ocupadas
    pelos deuses à medida que iam surgindo. O palácio de Wotan, o mais importante de
    todos, era chamado de Gladsheim. Ali, o deus supremo linha instalado o seu trono
    mágico, Hlidskialf, de onde podia observar tudo o que se passava nos Nove Mundos e

receber de seus dois corvos, Hugin (Pensamento) e Muniu (Memória), as informações
trazidas das mais remotas regiões do universo.
Entretanto, se na mais alta das regiões estava situado o paraíso daquele soberbo
universo, nas profundezas da terra, muito abaixo de Midgard, estava o Niflheim, o horrível
e gelado reino dos mortos. Lá pontificava a sinistra deusa ú, filha de Loki, que se regozija
Com a fome, a velhice e a doença, e que tem i lado a serpente Nidhogg. Esta se alimenta
dos cadáveres dos mortos e se dedica a roer continuamente uma das raízes da grande
árvore Yggdrasil, um freixo gigantesco que se eleva por cima do mundo e deita suas
raízes nos diversos reinos, entre os quais, o próprio Asgard. Ao alto da copa frondosa
desta imensa árvore, sobrevoa uma gigantesca águia, que vive em guerra aberta contra a
serpente Nidhogg. Um pequeno esquilo – Ratatosk -, que passa a vida a correr desde o
alto da Árvore da Vida até as profundezas onde está a terrível serpente, é o leva-traz dos
insultos que estas duas criaturas se comprazem em trocar sem jamais esgotar seu infinito
estoque de injúrias.
Nesta árvore fundamental, diz a lenda que o próprio Wotan esteve pendurado
durante nove longas noites, com uma lança atravessada ao peito, para que pudesse
aprender o significado oculto das Runas, o alfabeto nórdico, que rege e governa a vida
dos deuses e dos homens. Quando seu martírio terminou, Wotan havia se tornado,
definitivamente, o mais poderoso e sábio dos deuses, tendo o poder de curar doenças e
de derrotar os inimigos com sua poderosa lança, Gungnir – ao mesmo tempo, sua mais
poderosa arma e local de registro de todos os seus acordos.
Yggdrasil é o centro do mundo, e, enquanto suas raízes continuarem a suportar o
peso de seu prodigioso tronco e de seus ramos infinitos, o mundo estará firme e a vida
será soberana, sob os auspícios de Wotan, senhor dos deuses.

Fonte: Gato Místico




Atlântida

Os gregos tinham muitas lendas do passado distante: de Foroneus, o primeiro homem, de Deucalião e Pirra, que sobreviveram a uma inundação enviada por Zeus para livrar o mundo dos homens maus.
Mas quando Sólon, o estadista grego, relatou essas lendas aos sacerdotes do antigo Egito, eles riram. “Vocês, gregos, nada sabem de sua própria história. Vocês falam de uma inundação, mas houve várias. Foi numa dessas inundações que seus ancestrais morreram.” E os sacerdotes contaram a Sólon a história da Ilha de Atlântida de onde, nove mil anos antes, a mais nobre raça de homens que já viveu governava a maior parte do mundo conhecido.
Um pobre casal, chamados Evenor e Leudice, viviam em uma ilha pedregosa, com a filha, Clito. Posêidon, deus do mar, ficou enfeitiçado pela beleza de Clito e a esposou.
Ele, então, reformou a ilha para fazer dela uma morada digna de sua noiva. Ele a modelou em uma série de cinturões circulares de mar e terra, com uma bela ilha no centro que se aquecia ao sol.
Os ricos campos produziam trigo, frutas e vegetais em abundância, os montes e florestas tinham toda a espécie de animais – até manadas de elefantes – e no subsolo havia vários minérios preciosos.
Clito deu a Posêidon cinco pares de gêmeos. Todos eles eram reis e o mais velho, Atlas, era o maior dos reis, e depois deles, seus filhos. O belo reino era chamado de Atlântida.
O povo de Atlântida era sábio na arte da paz e da guerra e logo liderava os povos do Mediterrâneo. Todos os reis da ilha contribuíam para o estoque de riquezas do país. O lado de fora do muro da cidade de Atlântida era revestido de bronze, e o lado de dentro, de estanho.
O palácio no centro e o templo de Posêidon eram cobertos de ouro. Os edifícios eram construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas; às vezes uma única cor, às vezes, com combinações intricadas. Um grande porto se abria para o mar, e pontes foram construídas entre os cinturões de terra. Assim era Atlântida nos seus dias de glória.
Por muitos anos, os reis governavam sabiamente e bem, cada um passando sua sabedoria para seu herdeiro. Mas à medida que as gerações se sucediam, o sangue divino dos reis se tornou mais fraco e eles caíam, cada vez mais, sob a influência das paixões mortais e desejos mundanos.
Quando antes valorizavam os tesouros apenas por sua beleza, agora eram presas da cobiça. Onde antes o povo tinha vivido em amizade e harmonia, agora disputavam pelo poder e glória.
O Grande Zeus, vendo sua raça favorita se afundar, dia a dia, no poço das ambições e vícios humanos, repreendeu Posêidon por deixar tal coisa acontecer.
E Posêidon, magoado e furioso, agitou o mar. Uma onda colossal cobriu Atlântida e a ilha submergiu para sempre sob as águas.
Onde ela está, ninguém sabe ao certo – nem se, sob o oceano, os filhos de Posêidon andam outra vez pelas ruas de Atlântida em paz e sabedoria, ou se apenas os peixes passam pelas ruínas carcomidas da cidade mitológica.

Fonte: Gato Místico.




A Saga de CuChulainn

O Nascimento de CuChulainn
No tempo em que Conchobar era rei do Ulster, nome dado a uma das quatro províncias históricas da Irlanda, seus capitães viram um bando de aves que se alimentavam das ervas da planície junto de Emuin Machae. Os guerreiros eram caçadores de aves e partiram nos seus carros perseguindo-as até onde quer que elas pudessem levar.
Dechtire tomou as rédeas do carro do seu irmão, o rei Conchobar e mais nove carros, partiram pela planície atrás das aves. Uma corrente de prata ligava as aves aos pares, e estas voavam e cantavam tão bem que os homens do Ulster se sentiam encantados.
Logo o entardecer aproximava-se e os homens procuraram um abrigo, pois estava a nevar. Foram bem recebidos numa cabana por um homem que lhes deu de comer e de beber, e, ao cair da noite, os homens do Ulster estavam bem ale­gres. O seu hospedeiro anunciou que a sua mulher estava prestes a dar a luz e pediu a Dechtire para ajudar. Os ho­mens trouxeram um par de potros da neve, e ofereceram ao menino que Dechtire estava a acariciar.
Na manhã seguinte, os homens des­pertaram e viram apenas o menino e os seus potros, pois as estranhas aves e a cabana tinham desaparecido; estavam exatamente a leste de Bruig. Regressa­ram a Emuin Machae, onde o rapaz cresceu e depois de alguns anos adoeceu e repentinamente e veio a falecer. Dechtire chorou amargamente a morte do seu filho adotivo. Então, pediu água e foi­-lhe dada uma tigela de cobre, mas sem­pre que a levava aos lábios uma pe­quena criatura saltava da água para a sua boca, nada vendo cada vez que olhava para a tigela.
Certo dia, o sono de Dechtire foi interrompido por um sonho do homem numa casa-fantasma. Ele disse­-lhe que a seu nome era Lugh, filho de Ethniu, que a tinha atraído a casa e que ela era agora portadora da semente do seu filho: o menino iria chamar-se Setenta (CuChulainn, pronuncia-se Cu-hu-lim) e receberia os dois potros que só a ele estavam destinados.
Quando os homens de Ulster viram que Dechtire estava com a criança, perguntaram se o pai poderia ser o próprio Conchobar, pois o irmão e a irmã dormiam lado a lado. Mas, o rei livrou-se do embaraço, prometendo a sua irmã em casamento a Sualtam, filho de Roech.
No entanto, Dechtire sentia-se mortificada por ter que dormir com seu esposo, quando já trazia dentro si o filho de outro homem. Assim, numa noite que estava só, esmagou o bebê que tinha no ventre. Logo em seguida Dechtire engravidou de novo e nasceu CuChulainn, o filho de Sualtam.
Façanhas da Adolescência de CuChlainn
Certo dia, Sualtam e Dechtire falaram ao seu filho acerca dos famosos rapazes de Emuin Machae, que Conchabar via jogar quando ele próprio não jogava ou bebia a caminho da cama. CuChulainn perguntou a Dechtire se podia ir ver os rapazes.

  • “Deves esperar até que um guerreiro de Ulster possa ir contigo.” respondeu-lhe.
  • “Quero ir agora.” disse CuChulainn.
  • “Que caminho devo seguir?”
  • “Vai para norte.” respondeu a sua mãe, “mas toma muito cuidado, pois o caminho esta cheio de perigos.”
  • “De qualquer maneira, irei.” disse CuChulainn, tendo partido com as suas armas de brinquedo, uma minúscula espada e um escudo; levou também o seu aléu (parecido com o taco) e a bola, esperando poder jogar com os rapazes de Emuin Machae.
    Em Emuin dirigiu-se diretamente para o campo de jogos, sem ter pedido primeiro a proteção dos outros jogadores. Os rapazes ficaram furiosos perante esta falta de cortesia, pois toda as pessoas conheciam as regras de comportamento no campo de jogos.
    Disseram-lhe para sair do campo e arremessaram-lhe cento e cinqüenta; cada uma delas ficou cravada no minúsculo escudo de CuChulainn. Lançaram-lhe, violentamente cento e cinqüenta bolas, cada uma das quais ele recebeu no peito. Atiraram-lhe depois cento e cinqüenta aléus, mas ele apanhou-os todos.
    CuChulainn estava furioso os cabelos puseram-se em pé e os olhos faiscaram de tanta raiva. Um dos olhos fechou-se até ficar do tamanho do fundo de uma agulha, enquanto o outro se abriu no tamanho de uma tigela. O grande jovem guerreiro perdeu a cabeça.
    O rei Conchobar estava jogando xadrez quando nove dos rapazes fugiram com CuChulainn a persegui-los ardorosamente. Cinqüenta já estavam fora da contenda, prostrados onde ele os abatera. “Isto não e desporto”, gritou Conchobar.
  • “São eles os maus desportistas,” respondeu CuChulainn. “Pois eu queria juntar-me aos seus jogos e eles tentaram expulsar-me do campo.”
  • “Como te chamas?” perguntou Conchobar.
  • “Chamo-me Setanta, filho de Sualtam e da tua irma Dechtire.”
  • “Por que razão,” perguntou Conchobar “não pediste proteção aos outros jogadores?”
  • “Não me ensinaram as regras.” respondeu CuChulainn.
  • “Então, aceitaras a proteção do teu tio?” perguntou Conchobar.
  • “Aceitarei,” disse CuChulainn, “mas uma coisa vos peço, que me seja permitido encarregar-me da proteção dos depois cento e cinqüenta rapazes.” Conchobar concordou e todos eles safaram-se do campo de jogos. Os rapazes que CuChulainn prostrara levantaram-se a vista do seu novo herói.
    Pouco depois do episódio do campo de jogos, relatado por Fergus, CuChulainn viu-se envolvido em outras aventuras ainda mais heróicas.
    Culaan, o ferreiro, convindou Conchobar para uma festa. Apenas alguns podiam acompanhar o rei do Ulster, pois o ferreiro tinha apenas a riqueza proporcionada pelas suas mãos tenazes. Portanto, só os cinqüenta campeões favoritos mais velhos puderam acompanhar Conchobar. Antes de deixar Emuin, o rei fez uma visita ao campo de jogos para se despedir dos rapazes.
    CuChulainn estava sozinho a jogar contra os cento e cinqüenta rapazes, e estava ganhando. Quando eles tentavam atingir o objetivo com as suas bolas, CuChulainn defendia e parava cada uma delas. Depois, na luta greco-romana, levou-os ao chão; além disso, todos os cento e cinqüenta rapazes não conseguiram dominá-lo.
    Conchobar ficou admirado perante as façanhas de seu sobrinho e perguntou aos seus homens se CuChulainn viria a tornar-se um grande guerreiro e a realizar atos heróicos semelhantes e todos eles concordaram que assim seria. “Vem conosco para a festa de Culaan”, disse Conchobar.
  • “Vou terminar os jogos” respondeu CuChulainn, “e seguirei depois.”
    Na festa, Culaan, o ferreiro, perguntou ao seu real convidado se estavam todos presentes. “Sim”, respondeu Conchobar, esquecendo do seu sobrinho, “e estamos prontos para comer e beber.”
  • “Bem, então”, disse o ferreiro “vamos fechar as portas e divertir-nos, o meu cão guardara o gado que está nos campos. Nenhum homem lhe escapará, pais são necessárias três correntes para prendê-lo, e três homens para cada corrente.”
    Entretanto, a rapaz estava a caminho da festa e para se divertir ia atirando a bola ao ar e em seguida acertava-lhe com aléu, também atirava a sua lança para a frente e corria para a apanhar antes que tombasse no chão.
    Quando entrou no pátio de Culaan, o ferreiro, o cão avançou em sua direção. A agitação foi ouvida por Conchobar e seus homens, que viram pelas janelas como CuChulainn lutava com a cão de mãos vazias. Agarrou-o pela garganta e pelas costas e fé em bocados contra uma coluna.
    CuChulainn foi convidado a entrar. “Estou contente par atenção a tua mãe”, disse Culaan, “pelo fato de estares vivo. Mas aquele cão protegia todos os meus haveres, e agora tenho que substituí-lo.”
  • “Não se preocupe,” disse CuChulainn, “criarei para si um cachorro da mesma raça, e até que ele esteja suficientemente grande para guardar a sua propriedade, eu próprio serei a seu cão de guarda.”
  • “Então, CuChulainn, a partir de agora passaremos a chamar-te, “O Cão de Caça de Culaan”, disse Conall.
  • “Tais foram às proezas de um rapaz de seis anos.” disse Conall. “Que enormes façanhas podemos esperar agora dele com os seus dezessete anos?”

Bibliografia:

Introdução à Mitologia Céltica – David Bellingham.

Fonte: Gato Místico.