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O Evangelho de Maria Madalena – Boberg

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Sinopse: Neste livro, José Lázaro Boberg busca reconstruir a verdade sobre Maria Madalena, uma das personagens femininas mais fortes da literatura antiga e que está presente nas reflexões espíritas. O que dizem os outros evangelhos? Ela foi esposa de Jesus? Foi prostituta? Foi a verdadeira fundadora do Cristianismo?

Autoria: José Lázaro Boberg.

Editora: EME.

Data da publicação: 17 de outubro de 2017.

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Maria Madalena: Mistérios e Fascínios

O discurso de um Papa foi responsável pela má fama que Maria Madalena carregou durante séculos, mas descobertas recentes apontam que ela teria sido, na verdade, a discípula preferida de Jesus. Saiba mais agora.

Texto • Redação
Deixando de lado qualquer julgamento a respeito do valor literário de sua obra, pode-se dizer que o escritor norte-americano Dan Brown tem pelo menos um mérito incontestável. Seu best-seller O código Da Vinci ajudou a desfazer um dos maiores equívocos do cristianismo: a associação de Maria Madalena à figura da pecadora (ou, pior ainda, da prostituta) que, através da penitência, alcança a redenção.
“Esse engano data do século VI, quando o Papa Gregório Magno fez um discurso identificando a ‘mulher pecadora’ que se arrepende e cai aos pés de Cristo (e que, nos evangelhos, é na verdade uma personagem anônima) como sendo Maria Madalena”, explica o frei Jacir de Freitas Faria, professor de exegese bíblica e hermenêutica de textos antigos do Instituto São Tomás de Aquino, de Belo Horizonte, Minas Gerais.
De pecadora, Maria Madalena logo passou a adúltera, prostituta, já que, no imaginário popular, o pecado feminino é logo associado à sexualidade. A imagem da mulher penitente passou a ser constantemente retratada em obras de arte, o que só ajudou a perpetuar o equívoco. Ela, assim, virou o exemplo clássico da regeneração, ilustrando de maneira eficiente o poder de conversão do cristianismo.
Em 1969, o Vaticano chegou a publicar um documento reconhecendo e desculpando-se oficialmente pelo erro que ajudou a popularizar. Tal fato é ainda hoje desconhecido por muita gente, mas é verdade que a mulher citada nos textos canônicos como aquela que esteve na ressurreição de Jesus teve seu próprio renascimento nos últimos anos.

Além do romance de Dan Brown, outro fator que ajudou a “recuperar” a imagem dessa importante figura bíblica foi a descoberta de uma série de textos cuja autoria é atribuída a ela. O chamado Evangelho de Maria Madalena foi encontrado em Nag Hammadi, no Egito, em 1945, e, ao lado de outros textos apócrifos, a coloca como principal apóstola de Jesus, além de aumentar a polêmica em torno de um possível relacionamento afetivo entre discípula e mestre.

Laços fortes
Segundo a história cristã, Maria Madalena tornou-se apóstola e começa a pregar os conceitos do cristianismo depois que Jesus tirou dela sete demônios – passagem que também colaborou em sua associação à figura pecadora, ainda que o termo possa ter sido usado para se referir a doenças comuns da época. A partir de então, sua proximidade com o profeta segue magnânima até o fim do episódio final da paixão de Cristo.
Além de Maria, mãe de Jesus, Maria Madalena é dita como a única mulher presente durante a crucificação. Da mesma forma, é ela quem fica para trás e lamenta a morte de Jesus sobre sua tumba, além de ser a primeira testemunha da ressurreição, a única apóstola para quem ele aparece antes de subir aos céus.
Os laços entre Madalane e Jesus mostram-se especialmente fortes também no evangelho apócrifo de Filipe, que, entre outras passagens, relata o costume mantido por Jesus de beijar a discípula na boca, o que provocava o ciúme dos outros seguidores. Ainda no Evangelho de Filipe, encontramos o seguinte trecho: “Havia três que sempre caminhavam com o Senhor: sua mãe, Maria, sua irmã e Madalena, que era chamada sua companheira”.

Maria Madalena tem, em discussões e especulações recentes, tomado, também, o posto daquela que continuou a saga profética de Jesus após a crucificação e a ressurreição, difundindo sua mensagem para o mundo. A proposta parece especialmente interessante se colocada frente à hegemonia masculina que a religião cristã sempre teve incorporada a si – uma tradição cuja fundamentação poderia ser reduzida a pó se constatado, de fato, que Maria Madalena foi a maior propagadora dos ideais cristãos após a morte de Cristo.
Nesse contexto, o Evangelho de Maria Madalena apresenta conceitos que merecem atenção. “Ao longo dos anos, acabou criando-se uma obsessão com o pecado, tudo passou a ser visto como tal. Os escritos de Maria Madalena apontam que não existe pecado, nós é que o fazemos existir. Além disso, ele destaca a proeminência da mulher e também a importância de se estar sempre em harmonia consigo mesmo e com o mundo”, explica frei Jacir.
O pouco que se sabe, no entanto, vem dos textos canônicos, que não oferecem muitos detalhes, e dos evangelhos apócrifos, rejeitados pelo Vaticano. Da mesma forma, existem diversas versões para a trajetória de Maria Madalena após a morte de Jesus. Uma delas romanceia sobre seu exílio voluntário em uma caverna, onde teria vivido sozinha por mais de 30 anos, como forma de se redimir de pecados de vidas passadas. Quando morreu, então, ela teria sido carregada aos céus nos braços de anjos, assumindo seu posto como uma das figuras essências na gênese e no fortalecimento da religião cristã. 
 

Várias interpretações
Maria Madalena foi imortalizada por grandes pintores ao longo dos séculos, sendo retratada tanto como santa quanto como prostituta. As obras que mostramos aqui são, na ordem conforme aparecem na matéria: A penitente Maria Madalena (1825), de Francesco Hayez; e Maria Madalena (cerca de 1500), de Pietro Perugino.

Extraído do site: triada.com.br