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Oração da Felicidade

Eu mereço ser feliz.Tenho todo meu corpo perfeito e agradeço a Deus por poder sentir o perfume das flores, ver o colorido da vida, sentir o paladar do alimento que sustenta meu corpo, caminhar e ser livre para ir aonde eu quiser, pois minhas pernas são perfeitas.
Tenho amigos que me amam e posso sentir neles a alegria dequando nos encontramos. Penso positivo, sou positiva, e sei que tudo posso a partir domomento em que acredito no que quero. Sou grata a mim mesma pela fé que tenho na mais pequenina intuição dada a mim por Deus. Acredito que a cada dia eu melhoro um pouco mais, e por isso me valorizo pelas coisas boas que pratico. Sou sincera, verdadeira, segura e tenho certeza de que meu amanhã será ainda mais lindo. Eu amo me amar, pois sou criatura de Deus. Sei que, às vezes, eu choro e fico triste, mas não tenho vergonha de mostrar que também sou sensível e é na minha sensibilidade que encontro a fé e a coragem de que preciso. Não carrego comigo nenhum fantasma do passado, vivo meu presente como dádiva de Deus e espero tranquila um futuro feliz, porque a minha felicidade eu guardo nas mãos de Deus.
FONTE: CIGANA, Elizabeth, Magias e encantamentos ciganos. 1.ed. Madras, 01 de janeiro de 2006.



Oração ao anjo da guarda (de outrem) 

Quando alguém lhe tem inimizade, ou qualquer pessoa lhe devote ódio, ira ou rancor, para amansá-lo, acenda uma vela branca para o anjo da guarda dessa pessoa e diga a seguinte oração:

Anjo da guarda de [diga o nome da pessoa], aplaca o ódio, a ira ou o rancor do teu protegido, para que não me faças nenhum mal, não me prejudique e não me atormente com suas emoções inferiores, próprias da fraqueza humana. Não sei a causa do seu ressentimento ou de seu furor contra mim. Talvez seja antipatia fútil de causa desconhecida. Julga ele por motivos ignorados, que seja eu seu inimigo, e por esse ou outro motivo, que não sei bem ao certo, procura descarregar sua tensão emocional contra mim. Tu que és seu anjo protetor, ajude-o a vencer essa crise aguda, essa fase negativa; se for fraqueza de nervos debilidade mental, antipatia sem motivos ou ira passageira, acalme-o fazendo ver em mim uma pessoa simpática que lhe quer bem, para sermos bons amigos, pois eu preciso dele. Anjo da guarda de [diga o nome da pessoa], aceite esta vela que te ofereço carinhosamente como prova de minha confiança e devoção: que ele, ao deparar-se comigo, o faça com bondade, respeito, amor e simpatia; para que, juntos, possamos, amistosamente, realizar nossos objetivos, sem mágoas, rancores ou ressentimentos recíprocos para o bem de nós dois.

Que assim seja! Amém!




Oração a São Valentim 

Defensores dos namorados, dois padres de mesmo nome foram mártires no século 3. O “Dia dos Namorados” em diversas partes do mundo é chamado de Valentins day ou, “Dia dos Valentins”. Porém, em muitos paí-ses, o Dia de São Valentim não é apenas o Dia dos Namorados, é o dia de declarar seu amor para as pessoas ao seu redor: até pais e filhos trocam cartões nesse dia!

 

ORAÇÃO

São Valentim, que semeastes a bondade, o amor e a paz na Terra, sede meu guia espiritual. Ensinai-me a aceitar os defeitos e as falhas do meu companheiro e ajudai-o a reconhecer as minhas virtudes e vocações. Vós, que compreendeis os que se amam e desejam ver a união abençoada por Cristo, sede nosso advogado, nosso protetor e nosso abençoador. Em nome de Jesus, amém!




Oração a São Amaro

Santo Amaro foi educado por São Bento segundo a Ordem Beneditina. É o padroeiro dos transportadores e traz proteção e cura aos problemas dos ossos, às dores de cabeça, aos reumatismos, às gripes e à rouquidão.

Reze:
“Ó Deus, concedei-nos, pelo exemplo de Santo Amaro, Abade, a graça de imitá-lo em toda a sua vida, para que possamos ser firmes nos caminhos do Cristo, pobre, humilde e obediente. Possamos, também, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar à perfeição que nos propusestes no Vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”




Oração a São Jorge

Jorge recebeu, ainda jovem, o título de Conde da Capadócia, mas o imperador Diocleciano, furioso por ele ter se convertido a fé cristã, depois de torturá-lo sem resultados, mandou degolá-lo. São Jorge é padroeiro dos soldados e dos cavaleiros, dando-lhe a alcunha de “Santo Guerreiro”.

Reze:

“Chagas abertas, Sagrado Coração, todo amor e bondade, que o sangue de Jesus Cristo no meu corpo se derrame, hoje e sempre. Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem; tendo mãos, não me peguem; tendo olhos, não me enxerguem e nem em pensamento me possam fazer o mal. Arma de fogo o meu corpo não alcançará; facas e lanças se quebrarão, sem ao meu corpo chegar; cordas e correntes se arrebentarão, sem o meu corpo amarrarem. Jesus Cristo, proteja-me e defenda-me com o poder da sua santa e divina graça; que a Virgem Maria de Nazaré me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições. E Deus, com a Sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e as perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, em nome da falange do Divino Espírito Santo, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais, e de todas as más influências. E que, debaixo das patas do vosso fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, meu glorioso São Jorge, sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar. Que assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. Amém!”




Oração ao Arcanjo Gabriel

Gabriel é o Anjo da Anunciação, foi ele que avisou Daniel da vinda do nosso Salvador. Foi ele também que visitou a Virgem Maria e lhe explicou que ela era a escolhida para conceber Jesus Cristo. Gabriel é o revelador de boas novas. Quando precisar de um milagre, recorra a Gabriel, que ele lhe atenderá.

Reze:

“Anjo da encarnação, fiel mensageiro de Deus, que abriu nossos ouvidos até para as mais leves admoestações e toques da graça do coração de Nosso Senhor. Permanecei sempre conosco, nós vos suplicamos, para que compreendamos devidamente a palavra de Deus, sigamos suas inspirações e, docilmente, cumpramos aquilo que Deus quer de nós. Fazei que eu esteja sempre pronto e vigilante, para que o Senhor, quando Ele chegar, não nos encontre dormindo. Amém!”




Oração aos anjos para afastar o mal

Uma bela oração que pode ser utilizada diariamente para pedir proteção aos anjos.

Reze:

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Senhor, concedei a paz aos que têm fé, para que se cumpram as palavras do Profeta:
“Ouvi as orações do Vosso servo e do Vosso povo de Israel.” Santos Anjos, que estais eternamente cantando as glórias do Altíssimo Senhor Deus! Arcanjo São Miguel, que triunfastes e vencestes as potências infernais! Anjo São Rafael, previdente guia do jovem Tobias no deserto! Anjo São Gabriel, que anunciastes a Virgem Maria a concepção do Filho, Verbo de Deus-Pai! Luminares acesos, por todos os séculos dos séculos, em volta do trono do Altíssimo, que para sempre seja louvado. Anael, Azrael, Gamaliel, Samuel, Zacariel, Uriel, sete espíritos puros, sete luzeiros, hierarquias celestes, sede minha luz, minha proteção, minha força, minha coragem, para que enfrente todos os males, todas as adversidades, todos os inimigos.
Afugentai de mim, de minha casa, de minha família, os espíritos do mal, os invejosos, os malfeitores, os hipócritas e os interesseiros. Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Arcanjos e Anjos, afastai de mim, de minha família, de minha casa os espíritos enviados por Satanás. Os espíritos tentadores, que nos desviam do caminho do bem e nos arrastam à perdição eterna. Que assim seja!”




O PODER DA FALA E SUA IMPORTÂNCIA NA TRADIÇÃO YORÙBÁ

Você certamente já ouviu aquele ditado “cuidado com o que você fala, pois nossas palavras tem forças”, e para o Culto aos Òrìṣà, entre outros de origens Yorùbá, isto é um dos pilares básicos da tradição:

– O ensinamento de forma oral;
– Os ritos através da fala;

Quando encontramos um praticante rezando, cantando ou invocando, são exemplos do nosso cotidiano que nos faz reconhecer que a fala tem poder, tanto de forma positiva ou negativa.

• Professor – Awo Ifá Leké Eduardo Henrique

A Religião Yorùbá, assim como o Candomblé, são tradições orais, onde reina mais a fala do que a própria escrita, por isto que os antigos afirmam que há certas coisas que somente pode ser aprendida por quem está disposto a vivenciá-las. E por isto vale ressaltar que nesta matéria não será possível ensinar tudo, pois há certas coisas que depende de vivências e iniciações, mas será passado de forma objetiva algumas reflexões e significados de alguns certos tipos de práticas muito comum no Candomblé, Culto aos Òrìṣà e Ọ̀rúnmìlà-Ifá, embora alguns praticam, nem todos sabem o que significa e para quê serve àdúrà, oríkì, ọfọ̀, ìtàn, e orin, saberia responder o que isto teria de ligação com a fala?… O número de pessoas preocupadas em aprender além dos fundamentos, o idioma yorùbá, tem-se aumentado, o que é muito importante para a evolução das religiões de matrizes africanas no Brasil.

Não saber o mínimo de uma língua materna de uma religião ou cultura no qual pertence, faz com que muitos sacerdotes ou sacerdotisas acabem cantando e recitando rezas que muitas vezes não significam, exatamente, o que pretendia dizer. Estudar as origens é muito importante, conhecimento nunca é demais e principalmente quando alguém quer ensinar ou cuidar de outras pessoas.

Eu costumo dizer que a religião yorùbá, é cercada de riquezas na fala, tanto nos ensinamentos, como nas magias e devoções, vejamos;

• Oríkì

Certamente é algo que faz parte do cotidiano de quem é devoto dos Òrìṣà, na tradição de Ọ̀rúnmìlà-Ifá não saber oríkì, é a mesma coisa do que ir numa missa católica, sendo católico e não saber um Pai Nosso.

Oríkì são textos utilizados para louvar os Òrìṣà(s), porém são recitados de maneira parecidas como os poetas que recitam suas poesias. Alguns expressam de forma lenta e tranquila, outros um pouco mais rápido e enérgico. A palavra oríkì, segundo os dicionários de língua yorùbá, significa poesia. Trata-se de um texto escrito em verso com a finalidade de louvar as divindades ou ancestrais divinizados.

Analisando o oríkì, podemos perceber que tem como objetivo, quase sempre, apresentar qualidades e características do Òrìṣà, exaltar seus feitos, chamá-los por seus nomes de elogios, títulos, além de fazer alusão a alguma história ou lenda envolvendo aquela divindade, porém de forma mais poética.

Oríkì também pode ser usado com outras finalidades, tais como: clamar, pedir, agradecer. Em muitas famílias tradicionais costuma ser usado durante as iniciações e assentamentos.

Vejamos, como exemplo, um oríkì muito conhecido e utilizado em algumas famílias para o Òrìṣà Èṣù.

• Òríkì fun Èṣù

“Èsù òta Òrìsà.
Osétùrá ni oruko bàbá mò ó.
Alágogo Ìjà ni orúko ìyá npè é,
Èsù Òdàrà, omokùnrin Ìdólófin,
O lé sónsó sí orí esè elésè
Kò je, kò jé kí eni nje gbé mì,
A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò,
A kìì lóyò láì mú ti Èsù kúrò,
Asòntún se òsì láì ní ítijú,
Èsù àpáta sómo olómo lénu,
O fi okúta dípò iyò.
Lóògemo òrun, a nla kálù,
Pàápa-wàrá, a túká máse sà,
Èsù máse mí, omo elòmíràn ni o se.
Ase.”

• Tradução:

“Èsù, o inimigo dos Orixás
Osétùrá é o nome pelo qual você é chamado por seu pai.
Alágogo Ìjà é o nome pelo qual você é chamado por sua mãe.
Èsù Òdàrà, o homem forte de ìdólófin,
Èsù, que senta no pé dos outros.
Que não come e não permite a quem está comendo que engula o alimento.
Quem tem dinheiro, reserva para Èsù a sua parte,
Quem tem felicidade, reserva para a Èsù sua parte.
Èsù, que joga nos dois times sem constrangimento.
Èsù, que faz uma pessoa falar coisas que não deseja.
Èsù, que usa pedra em vez de sal.
Èsù, o indulgente filho de Deus, cuja grandeza se manifesta em toda parte.
Èsù, apressado, inesperado, que quebra em fragmentos que não se poderá juntar novamente,
Èsù, não me manipule, manipule outra pessoa.”

Ao analisarmos o oríkì citado, conseguimos encontrar um nome, título, louvação que ressalta fatos de uma sociedade, de uma família ou até mesmo de qualidades. Embora possa parecer algo tão fácil de acesso, porém não costuma ser. Há muitos oríkì(s) que são pertencentes a uma família e são passados apenas para iniciados ou com um certo tipo de autorização, e isto com o objetivo de preservação do segredo e particularidades de uma tradição familiar. Particularmente os oríkì(s) que são fechados, específicos da minha família, eu não costumo ensinar, porque não teria lógica alguém usando uma herança cultural do qual nem faz parte.

Eduardo Henrique recitando oríkì.

O PODER DA FALA É ALGO QUE ME IMPRESSIONA

Sempre quando eu acordo, estou saudando meus ancestrais, meu Orí, minha família espiritual, a natureza, os Òrìṣà e Olódùmarè. Só por ter o privilégio de poder acordar, é motivo suficiente para agradecer. Quem não agradece e não valoriza o que possui, nunca conseguirá o que ainda não tem. As rezas, as orações e louvores, não são palavras quaisquer, é uma forma de elevar nosso Orí, nossa própria consciência até o Òrun (céu). As vezes quando estou chateado com alguma coisa ou meu dia está sendo ruim e chega o momento de rezar, é comum eu me perder no tempo e quando paro pra ver, já se passaram mais de duas horas, o àṣẹ é instantaneamente, me sinto revigorado e bem diferente do que quando comecei, se eu estava mal, acabo nem me lembrando mais o motivo, as orações e cantigas fazem a nossa alma respirar, é a declaração do que prefere pra sua vida. Quando estamos negativos, rezar é uma forma de alívio, ajuda a liberar através da fala coisas ruins que poderiam nos deixar mal, fluídos ruins são repelidos, já presenciei por diversas vezes casos de pessoas que conseguiram obter a cura apenas rezando. As rezas tem poderes incalculáveis, há rituais em que rebatemos feitiços lançados contra nós somente através da fala. Na Cultura de Ifá, o bàbáláwo também benze, eu lembro que antes da minha iniciação religiosa eu estava com muitas dores de cabeça e meu sacerdote, de imediato rezou minha cabeça e assoprou um pó que na mesma hora eu não senti mais nada, estava leve! Mas devemos lembrar que a cura não depende apenas daquele que resolve ajudar, também depende daquele que resolveu pedir ajuda, porque a palavra final é sempre do espiritual.

• Ọfọ̀

Diferentemente do que o oríkì, este não pode ser praticado por um leigo ou apenas por quem tem devoção, requer um preparo. O ọfọ̀ é uma palavra de origem yorùbá que possui os significados de encantamento, potencialização ou magia.

Na sociedade de Ifá, é possível encontrarmos bàbáláwo que usam muito de ọfọ̀ para encantar amuletos de proteção, potencializar banhos e muito mais! O ọfọ̀ pode estar contido numa única palavra, ou num texto por completo formado por muitas palavras, mas é preciso ter uma iniciação religiosa adequada para usuá-los, por isto quando cumprimentamos alguém que possui sacerdócio religioso, é dito como reposta algumas palavras no intuito de abençoar, mas não costumam ser as mesmas ditas pelos os iniciantes. Se um praticante não tiver alinhado e nem pertece aquele caminho, não adiantará absolutamente nada saber um ọfọ̀ e como deve pronunciá-lo.

Quando um membro pertencente a comunidade de Ifá diz “Àbọ́rú, Àbọ́yẹ́, Àbọ́ṣíṣẹ“, o bàbáláwo ou quem for mais velho religiosamente responde o cumprimento afirmando: “Ogbó atọ́, àsúre, Ìwọ̀rìwòfún”, uma forma de abençoar usando um dos odù, pode ser traduzido como: “Que você possa viver por muito tempo, tendo uma excelente saúde e sendo abençoado por Ìwọ̀rìwòfún”. Existe outras formas de responder, mas o uso desta foi para trazer como exemplo a presença do ọfọ̀ nos cumprimentos.

Para o dicionário yorùbá, o ọfọ̀ é um “feitiço, encantamento feito para dar alívio à dor” (BENISTE, 2014). O ọfọ̀ pode ser classificado como um dos tipos de medicina religiosa yorùbá, porque através de alguns deles se torna possível remediar uma doença na alma do indivíduo. Pierre Veger (on-line), no seu artigo “A sociedade ẹgbẹ́ ọ̀run dos àbíkú, as crianças que nascem para morrer várias vezes”, relata sobre um encantamento de folhas utilizadas no ritual de àbíkú:ewé idí[2]”, cujo ofò de encantamento é: “ewé idí lórí kí ọnò ọ̀run tẹ̀mí odi”[3].”

Podemos afirmar que o ọfọ̀ é um dom dado por Olódùmarè, carregado de àṣẹ. Encontramos em Raji (1991) e em AJAYI (on-line), alguns ọfọ̀ categorizados com diversas intenções diferentes. Vejamos;

ọfọ̀ iba para o pagamento de homenagem;
ọfọ̀ afose para o que é dito acontecer;
ọfọ̀ aforan para escapar de infortúnios;
ọfọ̀ afero para atrair pessoas/clientes/pacientes;
ọfọ̀ aparo para servir como antídoto de veneno;
ọfọ̀ arobi para se livrar de calamidades;
ọfọ̀ awure para chamar boa sorte;
ọfọ̀ isoye para ativar memória;
ọfọ̀ maadarikan para a auto defesa;

Mas é necessário ressaltar que não existe ọfọ̀ apenas de defesa, proteção, curas e prosperidade, há aqueles que servem para atacar/atingir pessoas de forma negativa, mas o nosso intuito não é julgar o que é errado e certo, apenas entender melhor sobre o poder da fala no culto yorùbá. Os encantamentos utilizados para o mal e para a destruição têm os seguintes nomes: ogede e aasan conforme assinala Bade Ajayi em seu artigo intitulado de ”The stylistic significance of focus constructions in the ofo corpus”.

• Àdúrà

O àdúrà é o nome dado as rezas recitadas em cânticos para o Òrìṣà. Pode ser considerado um tipo de louvor cantado, quase sempre, entoado de forma mais cadenciada e tem como principais objetivos, não tão-somente a devoção, mas pode ser utilizado para agradecer por dádivas recebidas; pedir socorro ou perdão; chamar. Segundo Beniste (2014) em seu dicionário yorubá/português: àdúrà é o mesmo que oração, súplica. Vejamos, a seguir, o àdúrà para o Òrìṣà fun Ọbà. Nele é possível encontrar, de modo claro, dois dos objetivos acima enumerados: o primeiro, de suplica e o segundo, de exaltação de atributos e características da divindade.

• Àdúrà fun Ọbà:
Ọbà mo pẹ o o
Ọbà mo pẹ o o
Sare wa jẹ mi o
Ọbà ojowu aya Ṣàngó sare
Wa gbọ àdúrà wa o
Enì n wa owó, ki o fún ni owó
Enì n wa ọmọ, ki o fún ni ọmọ
Enì n wa àláfíà, ki o fún ni àláfíà
Sare wa jẹ mi o.

• Tradução:
Ọbà eu te chamo
Ọbà eu te chamo
Venha logo me atender
Ọbà, mulher ciumenta esposa de Ṣàngó, venha correndo
Ouvir a nossa súplica
A quem quer dinheiro, dá dinheiro
A quem quer filhos, dá filhos
A quem quer saúde, dá saúde
Venha logo me atender.

• Orin

A palavra orin significa cântico (cantiga) e serve para se referir a qualquer música, que seja, para fins religiosos ou não. Dentro da Religião Yorùbá e no Candomblé, o seu uso é muito comum principalmente em dias de festivais.
No Candomblé os orin(s) são usados no ṣiré (festa) de um ou de vários òrìṣà(s). A seguir, como exemplo, apresentaremos um orin para o Òrìṣà Èṣù.

• Orin em Yorùbá
ELÉGBÁRA RÉWÀ, A SÉ AWO.
ELÉGBÁRA RÉWÀ, A SÉ AWO.
BARÁ OLÓÒNÒN ÀWA FÚN ÀGÒ.
BARÁ OLÓÒNÒN ÀWA FÚN ÀGÒ

• Como pronunciar:
Êlêbára réuá a xê auô
Êlêbára réuá a xê auô
Bará olonã auá fum agô
Bará olonã auá fum agô

• Tradução:
O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo,
O Senhor da Força é bonito, vamos cultuá-lo
Exu do corpo, senhor dos Caminhos dê licença.

• Ìtàn

Algo em comum em diversas religiões do mundo, é que em cada uma delas tem histórias de suas crenças e são cercadas de mitologias. No Culto de Òrìṣà, Ifá e Candomblé, também possui suas riquezas nos ensinamentos que são passados. A diferença é que a tradição é muito oralizada, pois não existe um livro sagrado em específico no qual todos se baseiam como os judeus com a Torá e os mulçumanos com o Alcorão. Há livros de pesquisadores e praticantes que passam seus conhecimentos e vivências adquiridas, mas não é o caso de um livro onde a religião toda se baseia e se volta para ele. Os costumes familiares costumam reinar muito na África, por isto até mesmo brasileiros quando vão para Nigéria, costumam ter que anotar todas as histórias e ensinamentos que vão aprendendo, por ser uma tradição muito oralizada.

Conforme Beniste (1991), a palavra Ìtàn se traz pelas expressões portuguesas: mito, história e biografia. No entanto, seu significado vai muito além de meras histórias e de mitos fantasiosos. De acordo com Hawany (2017), Em quase todas as civilizações do mundo, as epopeias e os poemas épicos serviram como os primeiros registros do homem a seu respeito, a respeito dos seus grandes feitos e sobre os lugares onde esteve inserido e atuante. Quem não ouviu falar em “Ilíada” e “Odisseia” de Homero e em “Os Lusíadas” de Luiz Vaz de Camões? Estes são apenas três grandes exemplos dentre as dezenas de outros textos autorais e anônimos dos quais se tem conhecimento. Assim como os poemas épicos, o ìtàn, por sua vez, cumpre o papel de falar sobre o homem, sobre os seus feitos heróicos (ou não), sobre os lugares por onde passou e viveu, mas também a respeito de sua relação com o sagrado e o divino[4].

Cada tabus, dogmas, costumes, histórias, são aplicados segundo os costumes de cada sociedade, de cada família, de cada tribo. Vejamos, a seguir, um exemplo de Ìtàn, no qual, Ifá nos ensina que um verdadeiro amigo não é aquele que está presente apenas quando há benefícios ou momento de alegrias, mas é aquele que está presente até mesmo no momento de tristezas e partidas em nossas vidas. Um amigo não demonstra lealdade apenas quando estamos por perto.

O Odù Ogbe Irete traz reflexões sobre a lealdade. Segundo este Odù, Orúnmìlá tinha dúvida sobre a amizade e lealdade dos outros Òrìṣà. Orúnmìlá pediu para seus filhos que anunciassem, falsamente, pela cidade, que ele havia morrido. Foram à casa de todos os Òrìṣà para comunicar o falecimento do Grande Adivinho. O que os filhos perceberam nas reações dos Òrìṣà foi a indiferença. Faltava a casa de Èsù. Este, quando recebeu a notícia, demonstrou profunda tristeza, pois considerava Orúnmilá um grande amigo e era muito grato pela ajuda que lhe dispensava. Ele nunca havia raspado sua cabeça e, como tributo ao amigo, pediu aos discípulos para fazer isso. Os filhos de Orúnmìlá foram contar ao pai o fato que ocorria na casa de Èsù. Orúnmìlá pediu aos discípulos que fossem imediatamente à casa de Èsù para interromper a raspagem, explicando que ele não estava morto e que aquilo era uma encenação para conhecer a lealdade e amizade dos Òrìṣà, porém a sua cabeça já estava quase toda raspada. A partir de então, o Grande Adivinho determinou que não manteria amizade com os outros Òrìṣà e que seria apenas amigo de Èsù, o único que demonstrou lealdade verdadeira.

Embora o ìtàn pareça uma história fabulosa, há sempre uma lição de vida, algo a ser aprendido, uma forma de reflexão. Os bàbáláwo(s) tem o costume de contar histórias quando consultam Ifá, na maioria das vezes elas ajudam o consulente a entender melhor a si mesmo ou saber quais escolhas devem ser seguidas. Os ìtàn(s) são muito utilizados pelo povo yorùbá para formar, nos mais jovens, os conceitos de comportamentos e para registrar e exaltar os feitos de ancestrais sacralizados. Há muitos ìtan(s) que personificam animais e coisas, são usados, quase sempre, como grandes metáforas que servem para a construção de condutas sociais bem verdadeiras.

Referências:

AJAYI, Bade. The stylistic significance of focus constructions in the ofo corpus. Disponível em: http://studylib.net/doc/7507743/the-stylistic-significance-of-focus-constructions. Acesso em: 16/02/2017.

BENISTE, José. Dicionário yorubá / português. 2.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014

OLIVEIRA, Altair B. Cantando para os orixás. 4.ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2012.

RAJI, S. M. Ìjìnlẹ̀ ọfọ̀, ògèdè àti àásán. Nigéria/ìbàdàn: Onibọnoje, 1991.

VERGER, Pierre Fatumbi. A sociedade egbe òrun dos àbíkú, as crianças nascem para morrer várias vezes. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/viewFile/20825/13426. Acesso em: 16/02/2017.

HAWANY, Thonny. ÀDÚRÀ, ORÍKÌ, ỌFỌ̀, ÌTÀN E ORIN, 16, fevereiro de 2017. Disponível em: https://www.thonnyhawany.com/2017/02/adura-oriki-ofo-itan-e-orin_16.html?m=1. Acesso em: 13/08/2023.

ADEKUNLE, Otunba, Ifá Filosofia e Ciência de Vida. 1.ed. São Paulo, 2005.

Notas:

[1] . Na língua yorùbá, o “s” não funciona como desinência de plural. Assim sendo, o seu uso entre parênteses neste texto, denota aportuguesamento da regra de concordância nominal, sem, no entanto, deformar a palavra original.
[2] . Folha de amendoeira.
[3] . Tradução: Folha idí, diga que o caminho do ọ̀run está fechado para mim.
[4] . Embora as expressões ‘sagrado’ e ‘divino’ pareçam sinônimas, nesta obra não as vemos desta forma. Usamo-las com a seguinte perspectiva: todo divino é sagrado, mas nem todo sagrado é divino. O divino é próprio de Deus (Òlòdùmarè). Os Òrìṣà(s) são sagrados, mas não são deuses, acabamos nos referindo para que o leigo entenda melhor, mas não é!. Pois é uma religião monoteísta, possui um único Deus, mas muitos seres sagrados e sacralizados.




ORAÇÃO À POMBA–GIRA

Esta oração é para ser dita quando for fazer ofertas ou pedidos (normais).

“Salve Pomba-Gira!
Eu saúdo as Pombas Giras das encruzilhadas, dos cruzeiros, das praias, da lira, dos cemitérios, das matas e das almas. Assim como suas rainhas, chefias e todas suas falanges.
Venho pedir-lhe a ti Pomba-Gira de minha devoção. (Dizer o nome), minha boa e gloriosa amiga, Pomba-Gira, mulher de sete Exus e defensora das mulheres, que vem trazendo a magia em seu gargalhar, que vem manifestando sua força á girar, á dançar. Rogo e suplico que (faz-se o pedido) e em troca lhe ofereço esta obrigação… (ou então se promete).

Rainha Pomba-gira, salve as soberanas e todos os espíritos de seus reinos. Pelos sete nós de sua saia, pelos sete Exus que acompanham seus passos, pelos sete guizos da sua roupa, peço que a tua proteção se faça sempre em meus caminhos; rogo que meus caminhos sejam abertos em todos os sentidos e principalmente (dizer o nome do que precisa).
Assim seja.
Salve a gloriosa falange sua,
Laroyê Exú Pomba Gira.”

Entregue a oferta ou faz-se o pedido, pronunciando por três vezes seguidas: Laroyê, Pomba-gira, Exú é Mojubá!




Benzedura forte para qualquer situação

Em qualquer situação que passamos, é sempre bom contar com boas rezas que possam nos ajudar. Preparamos uma oração forte para quem quiser utilizá-la.

“Jesus Cristo disse missa, numa grande solidão, venham, meus filhinhos, que eu vos quero confessar. Do meu corpo farei hóstias, do meu sangue real almas.

Quem essa oração disser três vezes antes de se deitar, salvará quatro almas das penas do purgatório a primeira será a sua, a segunda de sua mãe, a terceira de seu pai e a quarta de parente ou quem mais o bem quiser. Em nome do Pai (†), do Filho (†), do Espírito Santo (†). Amém!”

Este é um ensinamento de Dona Cecília, mãe da Nazaré, Coimbra, Portugal.