Obá Odù pertencente à mão esquerda (no jogo de dilogun).
Ancestral deste Odù (Egún) Omo Ewi Esa
Oríkì
1 – Kerensele agbo nipapo, loda fun Inlé nipapo, gere, gere, nipapo lorubo gere gere
nipapo kite joro loda fun osukun adifun nibeti un kagbalori.
Peronsele agbo nipapo loda fun kekere papolapo papo lorubo kekere Òrúnmìlà lofo
untori bogbo tenijé lorubo.
Àse kundifá imole adifa fun boni suku.
2 – Kerensele awo nipapo loda fun were were nipao unda fun inle nipapo
were were lorubo were were nipapo kiti jauro loda fun asokunifa nibati aun kawo Olórun.
3 – Òrúnmìlà adifa joko alafia loda fun efa male loda fun
Òrúnmìlà lofo untori bobote nije lebo (asukundiga imale adifa fun buni suku).
Orín – Òtúrá Méjì (Encantamento)
Kerensele awo nipapo loda fun were were nipao loda fun Èrinlé nipapo
Kerensele awo nipa pó loda fun Sàngó
Kerensele awo nipa pó kafere fun Òrúnmìlà
Kerensele awo nipa pó adupé dupé awo Olófin
Esé (Ditados)
1 – Os espíritos dos mortos obscuros na noite vagam sem rumo;
2 – Aprenda a separar a fé do fanatismo;
3 – O mesmo que te movimenta te paralisa (nasce a paralisia infantil);
Observações do Odù – Segredos
Òtúrá Méjì é o décimo terceiro Odù na ordem de chegada de Ifá, sendo conhecido também como Òtúwá entre os nagô, termo que, em yorubá, significa: “Tu estás de
volta”.
Entre os fon é conhecido como “Tuia Meji” ou “Otula Méjì”.
O termo “otura” em yorubá, evoca a idéia de separar, apartar e um outro nome pelo qual é muito conhecido, é “Alafia”.
Sendo considerado como o mestre das línguas, este Odù indica quando alguém tem duas palavras e as pessoas para quem aparece numa consulta costuma ser muito faladoras.
Segundo os ensinamentos de Ifá, é filho de Aiani e Tené, e representa a metade do corpo do inimigo.
Significa renascimento e evoca a idéia de desunião, o cativeiro na Terra e a felicidade no Céu.
Aqui nasceram as raças humanas, com exceção da raça negra, a cegueira, a mendicância, as disputas, a igualdade, a fraternidade, a artilharia, o fuzil, o chumbo, as aves canoras, os legumes, o bramido do mar, o hábito dos humanos usarem roupas e principalmente, os muçulmanos, povo do qual os haussás são um segmento.
As suas cores preferidas são o branco e o azul, embora aceite todas as outras.
Neste caminho falam Òbàtàlá, Elégbára, Odùduà, Ajé Saluga, Òrúnmìlà e Sàngó.
Suas folhas ritualisticas são ewé eréen (Acácia fam) e ewé egbo (Rebenta cavalo).
As interdições que impõe aos seus filhos são: Carne de coelho, de porco, de galo, de tartaruga, milho assado, inhame pilado, polvo, fazer uso de tabaco, ingerir bebidas alcoólicas e portar qualquer tipo de arma branca.
Os homens não podem andar com a camisa fora das calças.
As pessoas deste signo não devem agir de forma destemida, é com inteligência e calma que derrotam seus inimigos.
Têm que dar esmolas generosas, só assim alcançam a riqueza.
Assinala abandono e descuido.
Ensina que os mortos trabalham de noite.
Este Odù ensina aos homens os poderes e os segredos das raízes e dos ramos das árvores.
Determina os passos da humanidade sobre a Terra.
Foi neste caminho que o homem dominou a todos os animais, sendo então declarado por eles, rei e senhor da criação.
É um Odù de vida curta, no entanto recebe o título de Pai da Vida.
Ensina que Òbàtàlá nunca deixa seus filhos sem alimentação.
Quando traz Osogbo Ikú, a pessoa para quem sair não escapa da morte.
Aqui, de tantas decepções sofridas, o corpo caminha sem alma.
Assinala pureza de sentimentos, elevação espiritual e material, conquista de altas posições, a cólera dos homens, sofrimento por viver-se entre feras, lucros obtidos em viagens e morte prematura ocasionada por doença repentina.
Este é o Odù da sabedoria, das saudações e das reverências.
É o Odù que está mais próximo de Olófin, mas deixando se levar pelo orgulho e pela vaidade, converteu-se num mestre do qual todos têm nojo.
Este é o signo do caranguejo, que por preferir viver nos pântanos para isolar-se de todos perdeu o sexto sentido.
Adquiriu o conhecimento do bem e do mal e por isto seus filhos nunca podem permanecer em osogbo.
Seus filhos são violentos, de mal gênio e não admitem ser contestados por se considerarem donos da verdade e do saber.
São extremamente caprichosos e dificilmente chegam a se casar e, quando o fazem, a união tende a durar muito pouco, pois entediam-se com facilidade de seus parceiros, já que nada os agrada ou satisfaz.
Mudam de opinião com muita facilidade, da mesma forma como se muda de roupa.
As bebidas alcoólicas podem levá-los à destruição.
Sofrem do estômago e da cabeça e seus nervos são muito frágeis.
Disse Ifá: “Agradeça o bem que lhe fazem e nunca se esqueça de quem o ajudou”.
A pessoa e perseguida por Òbàtàlá.
Obterá uma fortuna que lhe trará problemas com a justiça.
Tem que ter muito cuidado com roubos.
Não pode colocar as mãos sobre a cabeça.
O fogo é um perigo constante.
Não deve guardar objetos de ninguém em sua casa para não se ver envolvida com a lei.
Está em boas condições, é filho de Odùduà mas Sàngó funciona como se fosse seu verdadeiro pai.
Assinala grande proteção de Sàngó.
Tem muita sorte em todas as coisas, menos no amor.
Neste caminho a desobediência se paga com a morte.
Èsù leva duas facas para assegurar duas sortes que estão no caminho.
Caminho de Òrìsà Okó.
Coloca-se no telhado da casa uma cabaça com ekó e ewé dundun embrulhada com pano vermelho. Despacha-se no sétimo dia.
Neste caminho Òrúnmìlà foi perseguido por seus inimigos.
Aqui os homens brancos receberam Ifá primeiro que os negros.
A pessoa tem que fazer ebó para que os obstáculos de seu caminho desapareçam.
Os problemas são resolvidos por quem é mais infeliz, da mesma forma que Olófin, que é mais poderoso que Òrúnmìlà, teve que recorrer a ele para resolver seus problemas.
Neste Odù nasceu o Nangareo antes de se realizarem as cerimônias de Ifá.
Aqui foi criada a Kafana Mofojú – esta cerimónia nasceu entre os aramelé, que não cultuavam nem acreditavam em Òrìsà.
Os Awo deste signo têm que fazer um trabalho para neutralizar o mal que as mulheres lhe ocasionam naturalmente.
Trabalho para Evitar o Mal Inerente das Mulheres.
Faz-se um boneco de pano forrado com a varredura da casa do Awo, suas unhas e um pouco dos seus cabelos, coloca-se numa caixa forrada com panos de sete cores diferentes e enterra-se tudo nos pés de um Iroko.
Segurança em Òtúrá Méjì Pega-se um pedaço de galho de orudan (Pithecolobium Arborem. L. urb.}, retira-se a casca e forra-se todo com contas do Òrìsà da pessoa. Na ponta de baixo prende-se um saquinho de pano nas cores do Òrìsà, dentro do qual coloca-se pó de cabeça de perú, de
etú, de eiyelé, de aparo, de ajapá, de coruja, iyefá rezado e 21 folhas fortes.
Na parte de cima coloca-se outro saquinho com cinco penas de aves diferentes, pó de peru, de etú, de eiyelé, de aparo, de galo, e um chocalho de cascavél.
Òrìsà que falam neste Odù
Os Òrìsà que falam neste Odù são: Òbàtàlá, Odùduà, Nànà, Òrìsà Okó, Obalúayé
(Omolu), Ikú, Òsùmàrè, Yewa, Oya, Òsun, Èrinlé, Aganjú, Sàngó Ilufiran, Òsanyìn, Ògún, Èsù e Ègùn.
Ervas deste Odù – Para Omieró (Banhos para proteção da pessoa e iniciação e montagem de Igbá)
As ervas de Òtúrá Méjì são: Ewé Asobíabe (Folha de Dalbergia Saxatilis – Leguminosae Papilionoideae), Ewé rinrin (Folha de Peperômia Pellucida – Piperaceae), Ewé dodô nlá (Folha de Volcanga Africana, Apocynaceae), Ewé làálí (Folha de Lawsonia Inermis, Lythraceae (hena)), Ewé tèsùbíyù (Folha de Coix Lacryma-Jobi, Gramineae (capim-de-
nossa-senhora)) e Èso tèsùbíyù (Fruto de Coix Lacryma-Jobi, Gramineae).
Ìtòn – Tradução dos versos de Ifá
Disse Ifá que você é filho de Sàngó, por esse motivo ele lhe segue a todas as partes. Disse Ifá que chegara ata você uma grande quantia de dinheiro, mais esse dinheiro trará
preocupações perante a justiça. Cuidado com magias que lhe estão fazendo ou que você
tenha intenção de fazer, pois isto poderá voltar contra você ou alguém de sua família.
Disse Ifá, aqui as pessoas sentem um fogo queimando dentro de seu corpo, como se estivesse correndo fogo por suas veias (aqui nasceu a combustão espontânea), assim como também pode ter seu sangue contaminado.
Você deve ter sempre muito cuidado para que seus objetos pessoais não sejam roubados.
Você não deve tomar nenhum tipo de bebida que já esteja aberta, pois através dessa bebida poderão lhe enfeitiçar ou contaminar. O dinheiro que você tem no bolso deve
deixá-lo todo para o sacerdote, para que ele comece a fazer seus ebó, tanto os positivos quanto despachar os negativos, pois se você o leva de volta, poderá gasta-lo.
Você não deve colocar as mãos em sua cabeça por nenhum motivo, a não ser para você louvar seu Orí, pois se faz isso afastará seu anjo da guarda. Se este Odù estiver negativo, Sàngó está irritado com a pessoa por alguma falta cometida com seus antepassados ou com seus maiores, e lhe castigará deixando-o como um mendigo.
Cuidado para que não tragam algum tipo de contrabando e peçam para guardá-lo em sua casa, pois poderá ter problemas com a polícia tendo que assumir sozinho toda a culpa pelo ocorrido.
Você gosta de fazer amizades muito rapidamente, depois elas podem lhe trazer grandes
decepções. Não use chapéu preto se for homem, se for mulher não deve usar lenço preto em sua cabeça, pois seu Òrìsà não lhe reconhecerá estando usando essas peças. O homem deve receber Awofakan e a mulher deve receber Akofá, ou talvez tenha que abraçar definitivamente o sacerdócio à Ifá.
Você deve perguntar à Sàngó se quer que você lhe dê de comer ou assente seu igbá. Você sente seu corpo pesado, isto pode ser por algum Egún que você deve fazer seu assentamento ou retirar de seu caminho através de um Paraldo.
Disse Ifá que tenha cuidado, para que não lhe emprestem alguma coisa e depois lhe reclamem outra no lugar. Você é muito dorminhoco e seu corpo não reage antes de estar
um bom tempo acordado, alimente seu Orí e seu Èsù do Bàrá. Tenha muito cuidado ao assinar documentos que implicam em heranças ou procurações, pois poderão agir de má fé com você.
Você deve fazer os ebó e tudo que for determinado por Òrìsà e Egún, assim por este Odù Sàngó se responsabiliza pelos resultados.
Você tem um poderoso inimigo que pertence a uma religião Bantu ou é um Àlápini, que é velho e tem o corpo curvado. Quando tiver sonhos com Egún, procure quem interprete
esses sonhos e compre bilhetes de loteria, pois esse Egún irá lhe dar um presente.
Disse Sàngó que se for de seu merecimento, deixará que o Egún de seus ancestrais ou de seus maiores venha lhe visitar.
Apatakí
1 – Era um tempo em que os animais e os homens não tinham Orí, seus olhos e suas bocas, assim como seus ouvidos, estavam localizados em seus corpos, eram como
caranguejos. Então os homens confabularam entre si, chegaram a conclusão de que deveriam ter um órgão superior que comandasse todos os outros órgãos do corpo e este seria o de maior importância. Assim se apresentaram à Olófin questionando-o, se todos
eram seus filhos, por que não tinham um órgão superior como ele próprio. Olófin pediu
permissão para Olódùmarè para que pudesse dar Orí para sua criação na terra.
Então Òsàlá reuniu os homens na terra e marcou um dia certo em que todos se encontrariam em Onibode Ifá. Então o caranguejo que seguia de perto Òsàlá escondido dentre o mato ao escutar o segredo que seria repartido entre as cabeças, saiu avisando a todos os animais da floresta sobre o grande acontecimento que iria ocorrer. Assim andou por sete dias e sete noites e decidiu regressar para adquirir seu Orí, mais Èsù que observou todos os movimentos do caranguejo, fez com que ele se perdesse por mais
sete dias e sete noites, não podendo retornar a tempo para o acontecimento. Ao chegar diante de Olófin ele lhe contestou, sinto muito, mas não tenho mais nenhuma cabeça para lhe dar, e o caranguejo envergonhado de si próprio por ter tentado ajudar os
demais animais a ganharem suas cabeças e nenhum deles se lembrou de lhe guardar uma cabeça.
2 – Òrúnmìlà tinha uma fazenda que havia adquirido com a ajuda de Egún na terra, dentro dessa fazenda tinha um lindo pomar, e lá tinha todos os tipos de frutas. Dessas
frutas fazia presentes às Ìyámi e Òbàtàlá. Certo dia quando estava consultando, veio o
Odù de Òtúrá Méjì, onde lhe advertia que ladrões de outro mundo viriam roubar sua fazenda, que ele deveria fazer ebó com frutas, uma corda, um facão, mel e gin, para que
pudesse capturar os ladrões quando estes invadissem suas plantações. Imediatamente
Òrúnmìlà reuniu esses itens e fez o ebó colocando na entrada do pomar. Nesta mesma noite escutou diversos barulhos e risadas e tomando seu Irofá se dirigiu ao pomar e viu
sete meninos que comiam frutas com mel do ebó e tomavam o gin, Òrúnmìlà os observou e viu que do Òrun descia uma corda, pegou então o Adafá (facão de Ifá), com o qual havia feito o ebó e cortou essa corda, para que eles não pudessem fugir e voltar para o Òrun. Dessa forma os sete gêmeos ficaram na terra pactuando com Òrúnmìlà que a partir desse dia em diante, qualquer sacerdote com conhecimento poderia chegar a fazer de uma só vez sete ìyawo, que é o máximo de pessoas recolhidas para iniciação de uma só vez (um barco). Os quais recebem os seguintes nomes:
Ìbèji Kaindé
Ìbèji Itawo
Ìbèji Ideun
Ìbèji Arabá
Ìbèji Irawo
Ìbèji Olorí
Ìbèji Oronian
Estes são os sete gêmeos que representam a máxima iniciação de Òrìsà em um Egbè dentro da religião Yorùbá.
3 – Sàngó pediu para seus Obà Sorun que fossem à casa de seu pai e pedissem para Òrànmìyàn que lhe mandasse cavalos para o reino de Nupe, porque ele como descendente de sua dinastia deveria andar montado. Òrànmíyàn aceitou o pedido do
filho, o qual estava passando à maioridade e lhe enviou quatro cavalos dos melhores e
mais bonitos que possuía, dentre eles um todo branco, o qual Sàngó se apaixonou e lhe deu o nome de Funfun Èsin. Tempos depois Sàngó mandou que seus criados
começassem a procriar seus cavalos para multiplicarem a espécie, estes como não
tinham conhecimento de como se reproduziam os cavalos, mantinham esses quatro em cativeiro e nada acontecia, depois separaram três e deixaram um isolado e nada acontecia, depois separaram dois e deixavam dois isolados, e nada continuava acontecendo. Então foram ver Òrúnmìlà que jogou e veio este Odú, lhe disse que deveriam fazer ebó com sete qualidades de grão, sete aves, sete pedaços de corda e sete qualidades de frutas, deveria oferecer aos Ìbèji, estes por sua vez vieram montados em uma égua cada um deixando-as nos estábulos de Sàngó junto aos cavalos, então esses puderam se reproduzir dando status e grande força nas batalhas à Sàngó.
Ebó do Odù Òtúrá Méjì
2 Ajapá
1 Galo
2 garrafas de Otí
4 pombos
Diheiro
Perguntar à Òrúnmìlà quem vai receber o ebó e onde pode ser entregue e depois de quantos dias.
Ebó do Odù Òtúrá Méjì
Pelo de macaco
Pelo de tigre
1 gorro colorido
1 escada
1 pedaço de pau
Dinheiro
Perguntar à Òrúnmìlà quem vai receber o ebó e onde pode ser entregue e depois de quantos dias.
Ebó do Odù Òtúrá Méjì
1 carneiro p/ Sàngó
1 galo
1 pombo
Dinheiro
Perguntar à Òrúnmìlà quem vai receber o ebó e onde pode ser entregue e depois de quantos dias.
Como assentar o Èsù do Odù de Òtúrá Méjì
Èsù Alami Bàrá
É confeccionado um boneco feito de cedro, se faz um buraco em sua cabeça onde se coloca um Orí Ajapá junto com o Orí de um gavião ou de uma ave de rapina qualquer.
Obí e o Odù de Òtúrá Mèjí rezado no Orí do boneco, no corpo do boneco de introduz em uma cavidade feita dentro da madeira, um pedaçõ de laterita, terra da ponta de um morro alto, um otá, terra da porta de um cemitério, terra de uma encruzilhada em forma de Y, assim como as cabeças de sete aves diferentes. Deve ser feito um colar com as patas e os molares de um caranguejo, quatro ferraduras de cavalo e sete pregos de estrada de ferro.
Ebó do Egún de Òtúrá Méjì
Omo Ewi Esa
1 cabaça
1 akasá
150 moedas
150 caroços de milho
150 caroços de feijão fradinho
1 kg de arroz cru
Procedimento: Colocar tudo na cabaça, levar a pessoa em um campo, andar 150 passos sacudindo a cabaça misturando tudo lá dentro fazendo seus pedidos.. Após tudo isto, arriar mansamente a cabaça no chão, destampe-a, acenda uma vela e deixe lá no tempo.