terça-feira, julho 2, 2024
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Curiosidades da fé hinduísta

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Donos de uma diversidade imensa de crenças e costumes religiosos, os hinduístas incluem em sua vida espiritual hábitos e rituais que, muitas vezes, causam espanto e estranheza para os moradores do lado de cá do globo. Confira!

Texto • Thiago Perin

Rio Ganges: fé, iluminação, paz e… esgoto

Nele, mulheres lavam roupas diariamente, crianças brincam e vacas nadam. Nele, uma grande quantidade de esgoto, pesticidas, lixo e até cadáveres é despejada com frequência. E é nele, também, que milhões de pessoas banham-se, reunidas, a cada seis anos – é o chamado Ardh Kumh Mela (“festival do meio cântaro”, em português), ritual que tem como palco o rio Ganges, cujas águas, segundo a crença, ajudam a limpar os pecados e garantir ao participante do culto uma vida melhor na próxima encarnação.

Famoso, o ritual é realizado em um ponto específico do norte da Índia, em Alla-habad, onde ocorre o encontro do Ganges com os rios Yamuna e Saraswati, também míticos. Cultuado pelo povo hindu como uma verdadeira divindade, o Ganges está cada vez mais poluído, mas continua sendo procurado pelos fiéis, que veem nele a chance de entrar em contato com o divino. Pessoas viajam de lugares distantes para, por exemplo, imergir no rio as cinzas de seus familiares. Segundo a crença, isso ajuda as almas dos mortos a alcançarem o plano espiritual superior.

Culto aos ratos

Os templos orientais costumam ser incríveis obras arquitetônicas. Há construções dedicadas a inúmeros deuses e seres iluminados, abraçando a intensa diversidade das religiões daquela parte do mundo. Tal diversidade engloba, inclusive, um templo de adoração aos… ratos. É isso mesmo: aos ratos.

Ele existe, em Bikaner, uma pequena cidade da Índia. Levantado no século 17 em homenagem a Karni Mata – mística que dedicou sua vida à caridade e às benfeituras, considerada deusa pelos hindus –, o pequeno templo abriga cerca de 200 mil ratos, os quais são adorados como verdadeiras divindades pelos visitantes que chegam de todos os cantos do mundo para alimentá-los com doces e leite.

Reza a lenda que Karni Mata tentou, uma vez, trazer um menino morto, filho de um contador de histórias indiano, de volta à vida. Sua intenção falhou porque Yama, o deus da morte, já havia recebido a alma da criança e a reencarnado em uma forma humana. A deusa, famosa por seu temperamento forte, desconcertou-se com a falha a tal ponto que, para certificar-se de que ninguém de sua tribo caísse nas mãos de Yama novamente, anunciou que todos eles, ao morrerem, habitariam temporariamente o corpo de um rato, antes de serem reencarnados dentro da própria comunidade.

Os corpos dos ratos que habitam o templo seriam, portanto, as casas das almas dos devotos de Karni Mata que esperam pela volta ao plano terrestre como humanos. Daí o motivo da reverência. E os mistérios do local só se acumulam: apesar de as portas ficarem abertas, os animais nunca saem de dentro do templo. Doenças comuns em grandes concentrações de ratos não existem ali, assim como ratas prenhas ou ninhadas de filhotes – nunca alguém viu coisa semelhante. Os ratos brancos, por sua vez, são extremamente raros, dizendo-se que quem avista um terá muita sorte no futuro.

Templos do sexo

Na pequena cidade de Khajuraho, no sudoeste da Índia, são encontrados belíssimos templos adornados com esculturas um tanto diferentes das que costumamos ver nas construções sagradas. Presentes em grande parte dos templos da cidade, essas obras de arte têm um forte cunho erótico e são ótimos exemplos da relação entre religião e sexualidade, normalmente separadas em essência.

As esculturas eróticas existem apenas na parte externa dos templos, o que faz alegoria ao fato de o visitante deixar seus desejos sexuais do lado de fora da casa sagrada, a fim de experimentar, a partir do contato com a energia divina que ali reside, a pureza interior.

Um erro comum, porém, é reconhecer nas esculturas as figuras dos deuses do hinduísmo. Não é isso: tratam-se, na verdade, de figuras humanas comuns. As divindades são representadas sempre vestidas, em poses que não contêm quaisquer referências sexuais.

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