Movimento, música e interação são as bases da biodança, uma atividade que usa o corpo para equilibrar as emoções.
Texto • Carine Portela / Triada.com.br
“A humanidade vive um momento de individualidade acentuada, em que as pessoas se sentem sozinhas, perdidas, carentes e com dúvidas a respeito da própria existência”, diz Wilson Barros, professor de biodança, em São Paulo. Na tentativa de reverter esse quadro, que leva ao estresse e à depressão, a biodança surge como uma poderosa ferramenta que propõe uma meditação sobre a vida, a busca por autoconhecimento e o desenvolvimento dos potenciais humanos.
A técnica, criada há cerca de 40 anos pelo psicólogo e antropólogo chileno Rolando Toro, objetiva ajudar as pessoas a aproveitarem o lado positivo da vida, acima de tudo. “A dança foi o meio escolhido para alcançar tais resultados por ser uma linguagem eterna, capaz de traduzir em cada movimento coreográfico ideias e sentimentos próprios do nosso mundo emocional”, diz o especialista.
E não se trata apenas de um fortalecimento das relações emocionais. Por estar baseada em estudos de biologia e medicina, a biodança também mexe com o trabalho de hormônios e neurotransmissores que regulam o funcionamento do organismo.
Aprendizado coletivo
O sistema é composto por exercícios que estimulam a comunicação afetiva, o desbloqueio da energia proveniente das zonas erógenas, o contato físico entre os participantes e o resgate da autoestima. Além disso, o método é também bastante eficiente em casos de dependência química e para pessoas que possuam impulsos destrutivos.
Para oferecer esses resultados, a biodança precisa ser praticada em grupos, pois se baseia na crença de que a presença do outro modifica as pessoas em todos os níveis, orgânicos e existenciais. “A evolução solitária não coloca o indivíduo em equilíbrio com o mundo a sua volta.”
Segundo os adeptos, as aulas em grupo favorecem novas formas de comunicação e fortalecem vínculos afetivos, o que dá à pessoa autoconfiança e coragem – características que a fazem forte o suficiente para enfrentar seus problemas cotidianos.
Agora, caso o aluno demonstre a necessidade de um acompanhamento mais individualizado, cabe ao professor, durante as sessões, realizá-lo. “O que importa mesmo é fazer o praticante mais feliz.”
Como funciona
Os alunos são guiados por exercícios, chamados de vivências, que se relacionam com cinco temas: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. O objetivo final é promover uma verdadeira revolução no estilo de vida do participante, fazendo-o entender e concretizar as modificações fundamentais para a sua evolução. Descubra o que essa dança orgânica pode fazer por cada vivência:
VITALIDADE: necessária para garantir a energia que nos torna capazes de enfrentar o mundo. Os exercícios da biodança encaram o corpo como um templo sagrado. Também diz respeito à cura de doenças psicossomáticas e ao abandono de comportamentos autodestrutivos.
SEXUALIDADE: refere-se à necessidade humana de sentir prazer. A biodança atua no sentido de eliminar o sentimento de culpa ligado ao aproveitamento dos prazeres mundanos. Trata o sexo como algo sagrado e o orgasmo como o símbolo máximo da fusão cósmica entre dois seres.
CRIATIVIDADE: é o elemento de renovação que precisamos aplicar em todas nossas tarefas diárias. O objetivo da biodança é despertar na pessoa a percepção clara de que cada um de nós é único em todo o Universo. Ela incentiva o contato com as artes – poesia, teatro, pintura – e estimula a ousadia.
AFETIVIDADE: amor, carinho e respeito são os pontos principais trabalhados pela biodança. É preciso amar, confiar, se entregar. A técnica prega que, sobretudo, é preciso amar a si mesmo. É por isso que ela considera tão importante criar um ambiente adequado para o desenvolvimento da auto-estima.
TRANSCENDÊNCIA: ir além, na intenção de se integrar com a humanidade, com a natureza e com o Universo. Isso significa experimentar estados de êxtase e desenvolver a consciência cósmica. Segundo a biodança, é iluminado aquele que tem a capacidade de levar luz à vida do outro.