terça-feira, julho 2, 2024
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Exu Pantera Negra e seus valores culturais

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O Exu Pantera Negra é um grande chefe que comanda a linha dos Caboclos Quimbandeiros, mas as suas raízes estão ligadas fortemente a cultura indígena e a fatores culturais que foram agregados pela mistura de troca de conhecimentos e elementos por diversos povos. Há no processo histórico povos indígenas que acreditavam que quando um de seus guerreiros morressem, reencarnaria em um animal que tivesse maior ligação e continuaria protegendo as aldeias e a conexão com a natureza iria se manter, por isto que em muitos ensinamentos xamânicos é dito que ‘há um animal em nossa jornada que é um reflexo do nosso ser’. Acreditamos que o Exu Pantera Negra teria sido um guerreiro que ao morrer, sua energia se interligou ao animal Pantera Negra. Os Exús são espíritos mensageiros que se podem apresentar de diferentes formas, sendo ela na forma humana ou animal, e muitos dos que são ligados ao Reino das Matas costumam poder ver aparições ou sonhar com a sua entidade numa forma animal.

Sem sombras de dúvidas, temos Exús e Pombas Giras que possui seus animais de ligação, onde são formas encantadas de manifestações, um exemplo emblemático é o Exu Morcego, pode se apresentar através de sinais, com um morcego e há magias feitas com morcegos voltado a esta entidade. Exú Pantera Negra não é tão diferente, é um guerreiro indígena que pode aparecer para seus cultuadores numa forma de Pantera Negra ou em suas possessões espirituais em seus médiuns, apresentar comportamentos que nos interliga à Pantera.

Existe muitos autores que citam o Exu Pantera Negra, devido ser muito conhecido nos livros de Quimbanda pelo mundo, mas não é tão comum na prática presenciarmos filhos desta entidade, o autor Danilo Coppini em suas pesquisas, trouxe alguns elementos histórico em seu livro (página 374/376)  que nos ajuda a aprofundar sobre as origens do Exu Pantera Negra, vejamos:

Historicamente, a “Pantera” foi objeto de veneração por diversos povos antigos. Conhecido também como Jaguar, esse felino de grande porte foi símbolo de força e guerra para algumas culturas pré-colombianas. Os povos Olmecas (1500 e 400 a.C.), civilização-mãe de todas as civilizações mesoamericanas cultuava o “Deus Jaguar” como Senhor da Guerra, Dono da Terra e das Florestas; tido como uma das principais deidades desse panteão. Existem relatos de que alguns adeptos multila-vam suas faces para de alguma forma se conectar ao Sagrado Deus.
Na América do Sul, destacamos a cultura Andina como a “nascente” do culto à Pantera Negra. Ao contrário do que a grande maioria pensa, antes da formação tirânica do Império Inca, os povos da Floresta Amazônica e os povos andinos tiveram intensa troca mercantil e cultural. Esse intercâmbio ocorreu durante milênios e apenas com o estabelecimento do Império Inca (Estado) foi que houve uma diminuição significativa, haja vista que os povos amazônicos resistiram à conquista e expansão Inca.

Nesse mesmo período, índios Chiriguanos (Guaranis) provenientes do Paraguai e Bolívia também fizeram suas incursões dentro dos mesmos territórios fronteiriços.
Novamente ocorreram trocas culturais. Posteriormente, seja através de guerras tribais ou de contato ameno, existiram trocas entre os Guaranis e os Tupis e até mesmo dos Tupis com os próprios Incas.
O mito de “Titi” (dialeto Aymara), o Puma/Jaguar sagrado, o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca, cuja força e poder mataram os antigos gigantes, foi assimilado pelos povos nativos da bacia amazônica e posteriormente pelas demais tribos que tiveram contato com a religiosidade Inca. O poderoso felino, símbolo
de poder e guerra, tornou-se um expoente do próprio fogo e muitos mitos e lendas foram criados a partir de então. O guerreiro que carregava a pele ou dentes de Pantera era considerado poderoso e inatingível.

Na região da Bacia Amazônica até os dias atuais, existem tribos “Matsés” conhecidas como “povo onça”, que pintam suas peles ou mesmo as tatuam como a pele do felino.
No Continente Africano, segundo a mitologia Bantu, a Pantera (Leopardo) aparece como um dos nove primeiros animais vomitados por “Bumba” no processo formador do mundo. Outras lendas descrevem o felino com o nome de “Osebo”, o leopardo de dentes terríveis. Porém, a mais interessante delas no contexto do processo formador da legião de Exu é a lenda de “Agassou” (o bastardo). Reza a lenda que há muito tempo atrás, uma jovem princesa africana “Alìgbonon” apaixonou-se por uma grande Pantera. Os dois copularam e tiveram um filho chamado “Agassou”. Esse personagem, em noites de “lua cheia” transforma-se em leopardo.
Toda linhagem de “Agassou” (denominada kpòvĭ – filhos do leopardo) carregava o mesmo poder e foram trazidos para as Terras Americanas através do processo escravista. Um desses homens-leopardos fugiu de seu cativeiro e foi se esconder numa remota tribo indígena, dando origem a uma nova linhagem de homens-leopardos.
Agassou é cultuado até os dias atuais, como grande Loa e, em algumas regiões da África, como um poderoso Rei de uma linhagem sagrada. A influência europeia sob as culturas africanas, fez com que alguns acreditassem que Agassou fosse a personificação do próprio arcanjo Cassiel “O Espelho de Deus”, que veio a Terra na forma de um leopardo.
O mito de mulheres que copulavam com Panteras também ocorreu na América pré-colombiana dando origem à lenda dos “homens-jaguares”. Esses cruzamentos são muito similares a lenda dos Nephilins, outra antiga história que retrata seres “semidivinos”.

No território brasileiro, os índios e os negros acabaram fundindo muitos aspectos culturais que, posteriormente foram sincretizados com a cultura europeia. A “Pantera Negra” tornou-se o expoente da força, guerra, proteção e divindade. Por ser negra, os antigos acreditavam que era a poderosa sombra dos antigos Reis que  outrora governavam a Terra. Os mitos dos povos pré-colombianos, amazônicos, africanos e europeus formaram a energia necessária para que o nome, bem como, as qualidades desse felino fossem perfeitas para retratar uma das mais poderosas linhagens de Exu: Os “Exus Pantera Negra”.

PONTO PARA GUERREAR

Ninguém pode com o bicho 🎶
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera 🎶

Ninguém pode com o bicho 🎶
Ninguém pode com a fera
Eu quero ver quem é que pode
Com a falange do Pantera 🎶

PONTO DE CHAMADA
Ele vem vindo por trás da bananeira (X2) 🎶
Saravá seu Belzebu, Exu Pantera Negra (X2) 🎶

 

• REFERÊNCIA:
COPPINI, Danilo, Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta. 4.ed. São Paulo: Via Sestra, 2023.

SUGESTÕES DE LEITURA
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