terça-feira, julho 2, 2024
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Os enigmas dos templários

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Desvende os segredos dos guerreiros da Idade Média que tiveram uma história marcada por fé, sangue e muitos mistérios.


Texto • Carine Portela / Triada.com.br

Muitos são os enigmas que envolvem a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. Ainda hoje em dia, quase tudo o que se sabe sobre esses guerreiros monásticos se perde em um confuso emaranhado de lendas e suposições. Mais conhecidos como cavaleiros templários, durante muito tempo eles foram vistos como homens de fé e coragem, que arriscavam a vida para proteger os cristãos na Terra Santa. Mas essa não foi a única imagem que deixaram: em sua trajetória, chegaram a ser apontados como negociantes oportunistas que negavam a moral cristã e estavam interessados apenas em consolidar seu poderio na Europa Medieval e, ainda, como sábios do ocultismo, iniciados nos princípios da alquimia e em milenares conhecimentos esotéricos.
Enquanto os estudiosos não encontram respostas definitivas, o acirrado debate sobre o verdadeiro propósito da Ordem do Templo desafia os séculos, ao lado de outras questões intrigantes, como a hipótese de que a reunião dos antigos cavaleiros teria se transformado em uma sociedade secreta e a suspeita de que ela guardaria tesouros de valor incalculável – como o Santo Graal (o cálice que recolheu o sangue de Jesus) ou a Arca Perdida (com os mandamentos ditados por Deus a Moisés).
Se você está interessado em desvendar esses e muitos outros segredos desses guerreiros tão singulares, embarque agora em uma fascinante jornada rumo à Idade Média. A viagem já começou…

Uma história antiga
A Ordem dos Templários, que se tornou uma das mais poderosas e controversas organizações da história, foi fundada em 1119, quando nove cavaleiros franceses, entre eles Hugo de Payns e André de Montbard, anunciaram ao Rei Balduíno I de Jerusalém a intenção de criar uma ordem de monges guerreiros para escoltar e defender os peregrinos cristãos que viajavam à Terra Santa.
Estávamos no tempo das Cruzadas, em que os cristãos tinham não apenas conquistado importantes cidades sagradas, como Jerusalém, Trípoli e Antioquia, mas também promovido uma verdadeira carnificina, matando milhares de seguidores de Maomé (chamados também de sarracenos, islâmicos, mouros ou muçulmanos), sem poupar nem mesmo mulheres e crianças.
Em busca de vingança, agora era a vez de os sarracenos atacarem os cristãos, assaltando ou matando os peregrinos que se propunham a se aventurar nas estradas que levavam aos lugares santos. Nascia, assim, a justificativa ideal para a criação de uma ordem militar da Igreja Católica, que prometia se entregar de corpo e alma na luta contra os infiéis.

Símbolos medievais
Entre os muitos símbolos dos cavaleiros templários, a cruz vermelha aplicada sobre um esvoaçante manto branco se tornou o mais conhecido. Concedida à Ordem em 1148, pelo papa Eugênio III, a cruz devia ser colocada sempre acima do coração e, segundo alguns historiadores, seus quatro lados iguais representavam o equilíbrio perfeito entre a realidade material e espiritual.
O manto branco, por sua vez, simbolizava pureza e castidade, assim como uma pesada pele de carneiro que os cavaleiros eram obrigados a usar sob as roupas. Se um templário perdesse uma dessas vestes sagradas, imediatamente recebia uma rígida punição, que poderia chegar até a autoflagelação.
Além da cruz e do manto, um dos mais famosos símbolos dos monges guerreiros era o emblema da Ordem, que trazia o desenho de um cavalo com dois cavaleiros, representando a irmandade e a humildade.

Guerreiros da fé

Tão logo a Ordem do Templo foi criada, instaurou-se a polêmica a seu respeito. Sendo a primeira organização militar da história da Igreja Católica, esbarrava em uma complicada contradição: como conciliar o derramamento de sangue com os ensinamentos de amor e não-violência de Jesus Cristo?
A resposta estava na devoção religiosa. Ao entrar para a ordem, os cavaleiros faziam votos de castidade, obediência e pobreza, jurando abandonar as tentações do mundo em nome de uma verdade espiritual. Movidos pelo idealismo cristão, eles não tinham outro motivo para lutar senão combater as forças do mal.
Em uma época carente de heróis e imersa em conflitos políticos e religiosos, não demorou muito para que esses monges guerreiros passassem a ser vistos como cavaleiros honrados e destemidos, dispostos a tudo para proteger sua fé.

Ricos e poderosos
Ao mesmo tempo em que tornavam suas vitórias e seu idealismo conhecidos, os templários passaram a receber um grande número de doações em dinheiro, terras ou propriedades. Em sua maior parte, as ofertas vinham de nobres e soberanos que, guiados pelo misticismo da época, acreditavam que com esse ato expiariam seus pecados e ganhariam a salvação no Reino dos Céus.
Logo, castelos, terrenos, moinhos, aldeias e outros bens faziam parte da Ordem. Com isenção de impostos, os templários sabiam como fazê-los render: as terras e propriedades eram arrendadas e geravam ainda mais dinheiro.
Perto do ano 1300, a Ordem dos Templários havia se transformado em uma das maiores redes de influência da Europa, algo como uma multinacional medieval, que envolvia bancos, transportadoras e uma série de outros serviços ligados à administração, finanças e comércio. 

O descobrimento do Brasil
Para algumas correntes de estudiosos, o descobrimento do Brasil está intimamente ligado a uma antiga profecia dos Cavaleiros do Templo, que se referia à existência de uma suposta terra, virgem e paradisíaca, localizada na margem ocidental do Mar Tenebroso.
A teoria faz sentido quando lembramos que Pedro Álvares Cabral, assim como a maior parte dos viajantes portugueses, pertencia à Ordem da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, criada pelos cavaleiros que, tendo sobrevivido ao massacre de Paris, foram acolhidos pelo rei de Portugal, Dom Dinis.
A Ordem de Cristo, como ficou conhecida, recebeu as características antes atribuídas aos templários, herdando, inclusive, seus símbolos e rituais. Quem não se lembra das ilustrações nos livros de História, em que a armada de Cabral ostentava, nas velas de suas embarcações, a famosa cruz vermelha dos templários?

Templários modernos
Enquanto os acadêmicos afirmam que a história dos templários chegou ao fim no trágico episódio em que Jacques DeMolay e seus companheiros foram queimados vivos, muitas teorias defendem a idéia de que grande parte dos cavaleiros conseguiu sobreviver à fogueira e, desde então, passou a operar na clandestinidade.
Além da Ordem de Cristo, fundada pelos templários acolhidos em Portugal, existiriam outras sociedades que guardaram a herança templária ao longo dos séculos, mantendo seus rituais, juramentos e inúmeros segredos a salvo?
Embora nada se confirme a respeito da relação entre essas organizações e os antigos cavaleiros medievais, segundo o próprio Vaticano, existem cerca de 400 segmentos neotemplários na atualidade.
“Não há nenhuma rivalidade entre esses segmentos, apenas diferenças de opiniões, símbolos e ritualísticas, ou seja, são segmentos independentes que simpatizam com o mesmo estudo”, explica Vicente Soares, Prior da Ordem do Templo, do ramo OSMTHU (Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolimitani Universalis) do Brasil.

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