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Os Orixás na Cultura Afro-Brasileira

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Oxóssi

Oxóssi é o Orixá responsável pela atividade da caça, protetor dos caçadores, irmão de Ogum e Ossain. Sendo um caçador, em suas expedições descobria lugares favoráveis à plantação, fundando então vilarejos onde tinha autoridade sobre os habitantes que, com o tempo, iam se instalando no local.

Ligado à terra, vivia ao ar livre, sempre afastado de um lar estável ou organizado. Seu combate cotidiano está nas matas, caçando os animais que irão abastecer a tribo. Ele não aprova a matança pura e simples, a caça predatória, pois considera que a morte dos animais deve garantir a alimentação dos humanos ou os rituais para os Orixás. Sua principal responsabilidade é garantir a vida dos animais para que eles possam ser caçados.

No Brasil, seu culto é muito difundido. Chega-se a dizer, na Bahia, que ele teria sido rei do Ketu, onde foi outrora cultuado. Como esse país foi destruído pelas tropas de Daomé, no século 19, seus habitantes (grande parte iniciados em Oxóssi) foram vendidos como escravos para o Brasil e Cuba. Esses africanos trouxeram, então, o conhecimento de seu culto.
Na Bahia, Oxóssi é sincretizado com São Jorge, e no Rio de Janeiro com São Sebastião. Quinta-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus iniciados usam colares de contas azul-esverdeadas. Seu símbolo é, como na África, um arco e flecha em ferro forjado.

ARQUÉTIPO
O arquétipo de Oxóssi é o de pessoas observadoras, ágeis, espertas, rápidas, alertas e em movimento. São cheias de iniciativa, desejando novas descobertas e atividades. Possuem grande senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família.
Generosas, hospitaleiras e amigas da ordem, gostam de mudar de casa ou de buscar outros meios de existências. No trabalho, necessitam de concentração e silêncio.
No fundo, são pessoas afetivas que precisam do convívio social para exercitar sua capacidade de liderança. Respeitam o espaço de cada um e não gostam de prejulgar ninguém. Preferem realizar trabalhos que possam ser desempenhados de forma independente, sem ajuda ou participação de muita gente. Possuem um forte sentido do dever e responsabilidade, pois é sobre eles que recai o peso do sustento da “tribo”.

Oiá – Iansã

É a divindade das tempestades, dos raios, dos ventos e do rio Níger. Guerreira e agitada como o próprio vento, Iansã tinha um temperamento ardente e impetuoso. Sensual e extrovertida, viveu com Ogum e, depois, se tornou a primeira mulher de Xangô. Suas emoções sempre foram intensas, reagindo de forma dramática a qualquer situação perturbadora.

Destemida e justiceira, Iansã é considerada senhora absoluta dos eguns (espíritos dos mortos). Sua figura guarda uma boa distância dos outros Orixás femininos da mitologia africana, aproximando-se mais dos terrenos consagrados ao homem. Ela sempre está distante do lar, presente nos campos de batalha e nos caminhos cheios de aventuras.

Iansã é um Orixá muito famoso no Brasil e é associada à figura católica de Santa Bárbara, provavelmente por causa do raio, já que a santa protege seus fiéis da tempestade. Nas cerimônias, Iansã sempre surge, quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, a justiça.
As pessoas dedicadas a Iansã usam colares de contas de vidro grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de Xangô, seu marido. Seus símbolos são como na África: os chifres de búfalo e um alfanje. Suas danças são guerreiras com movimentos sinuosos e rápidos que evocam as tempestades e os ventos.

  ARQUÉTIPO

O arquétipo de Oiá-Iansã é o de mulheres guerreiras e audaciosas, que podem ser de lealdade absoluta em certos momentos, mas que são facilmente levadas pela cólera quando contrariadas. De temperamento sensual, são dadas a aventuras amorosas. Podem repentinamente mudar o rumo de sua vida por um ideal ou por amor.
Acreditam que, com coragem e disposição, podem vencer qualquer tipo de obstáculo. Suas atitudes imprevisíveis costumam fascinar os que as cercam porque são francas e sinceras. São amigos leais e fiéis, expressando suas alegrias e tristezas sem muito pudor. Gostam de objetos de adornos, principalmente as bijuterias e o cobre. Em geral, são pessoas alegres, intrigantes, autoritárias. Quando negativas, tendem a ter depressão e ciúmes em excesso.

Oxalá / Orixalá

“O Grande Orixá” ou “Rei do Pano Branco”, ocupa uma posição incontestável e única entre os deuses iourubas. Foi o primeiro a ser criado por Olodumarê, o deus supremo que o encarregou de criar o mundo com o poder de sugerir e o de realizar.
Para que cumprisse sua obrigação, Olodumarê lhe deu o “saco da criação”. O poder que lhe foi dado, no entanto, não o isentava de cumprir algumas regras e diversas obrigações com outros Orixás.

Ele traz consigo a memória de outros tempos, as soluções encontradas no passado para situações semelhantes, merecendo, portanto, o respeito de todos numa sociedade que cultua seus ancestrais.
Representa o conhecimento empírico colocado acima do conhecimento especializado que cada Orixá pode apresentar (Ossain, a liturgia; Oxóssi, a caça; Ogum, a metalurgia; Oxum, a maternidade; Iemanjá, a educação, etc.).
Na Bahia, particularmente, Oxalá é considerado o maior dos Orixás e o mais venerado. Seus adeptos usam colares de contas brancas e geralmente vestem-se de branco. Sexta-feira é o dia da semana consagrado a ele.
O hábito de roupas brancas toda sexta-feira se estende a todos aqueles que frequentam o Candomblé, mesmo os consagrados a outros Orixás. É sincretizado, na Bahia, com o Senhor do Bonfim, sem outra razão aparente senão a de ter ele, nesta cidade, um enorme prestígio e inspirar fervorosa devoção aos habitantes de todas as categorias sociais. Dois orixás ainda o representam na Bahia: Oxalufã, o Oxalá velho; e Oxanguiã, o jovem.

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Oxalá é o de pessoas tranquilas, calmas, respeitáveis e dignas de confiança. Possuem força de vontade e não mudam seus projetos facilmente, mesmo quando são alertas. Conseguem estabelecer entre as pessoas uma áurea agradável de carinho e solidariedade.
São amáveis e pensativas, mas não submissas. Gostam de impor sua vontade e opinião, tendo facilidade de argumentação. Centralizam as coisas em torno de si, o que muitas vezes pode sobrecarregá-las. No Oxalá mais velho, Oxalufã, a tendência se traduz em ranzinzice e intolerância, enquanto no Oxalá novo, Oxanguiã, há um certo furor pelo debate e pela argumentação.

 

Exú

Exú é um Orixá difícil de ser definido de forma coerente devido seus múltiplos e contraditórios aspectos. Vaidoso, astuto, grosseiro e indecente, ele trafega tanto pelo mundo material (ayé) onde vivemos, como pelo mundo sobrenatural (órun) onde habitam os Orixás, entidades afins e as almas dos mortos (eguns).

Sua função mítica é a de mensageiro, aquele que leva os pedidos e oferendas do homem aos Orixás, e que traduz a linguagem humana para as divindades. Por essa razão é que nada se faz sem ele e sem que oferendas lhe sejam feitas, antes de qualquer outro Orixá.

  Exú revela-se o mais “humano” dos Orixás, nem completamente bom, nem completamente mau. Brinca e se diverte, possibilitando prazeres ao homem, mas também provoca acontecimentos dramáticos, para aqueles que vão contra ele. Sua função e condição de figura-limite entre o astral e a matéria se revela em suas cores: o negro (ausência da cor) e o vermelho (forte iluminação).

No Brasil, o Exú foi sincretizado com o Diabo. No entanto, não inspira grande terror pois, quando é tratado de forma conveniente, trabalha para o bem. O lugar consagrado a Exu é, geralmente, ao ar livre ou no interior de uma pequena choupana isolada, ou ainda atrás da porta da casa. A segunda-feira é o dia da semana consagrado a ele. As pessoas que procuram a sua proteção usam colares de contas pretas e vermelhas.

 ARQUÉTIPO

O arquétipo de Exu é comum em nossa sociedade, na qual existem pessoas com caráter duplo, boas e más ao mesmo tempo, com inclinação para a maldade e a corrupção. Geralmente, são pessoas que inspiram confiança e, muitas vezes, abusam dela. Por outro lado, possuem inteligência e facilidade para compreender os problemas dos outros, dando conselhos ponderados.

As artimanhas intelectuais enganadoras e as intrigas políticas são armas que usam como lhes convêm, como forma de alcançar o sucesso na vida. Possuem ainda como característica a maleabilidade e o pragmatismo, que fazem com que cada situação seja encarada como totalmente independente de outra; cada uma, portanto, merecendo uma saída diferente.

Iemanjá

Iemanjá seria filha de Olokum, deus (em Daomé) ou deusa (em Ifé). É a mãe de quase todos os Orixás de origem ioruba, enquanto a maternidade dos orixás daomeanos é atribuída a Nanã.

Seu nome significa “a mãe dos filhos-peixe”. Originária do rio Ogum, na Nigéria, tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que possuem problemas de fertilidade e fecundidade.
É maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecundidade e nutritiva.

Iemanjá é uma das rainhas das águas: as águas provocadas pelo choro da mãe; e as do mar, sua morada, local onde costuma receber presentes e oferendas dos devotos.
No Brasil, Iemanjá é uma divindade muito popular. O sábado é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, com azul- claro. É sincretizada com Nossa Senhora da Imaculada Conceição e festejada no dia 8 de dezembro. Também sincretizada com Nossa Senhora da Guia (protetora dos navegantes) festejada no dia 2 de fevereiro.
Iemanjá é freqüentemente representada sob a forma de uma sereia, com longos cabelos soltos ao vento. Chamam-na também Dona Janaína (por influências do folclore brasileiro), ou ainda Princesa ou Rainha do Mar.

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Iemanjá é o de pessoas que prezam o lar e a família. São preocupadas e muito responsáveis com os filhos, e sua relação com eles é carinhosa, sem esquecer conceitos tradicionais como o respeito. Quando a segurança dos mais próximos está em jogo, são agressivas e até traiçoeiras.
Gostam de viver num ambiente confortável, pois consideram ao lar o seu castelo. A força e determinação fazem parte de seu caráter, assim como a amizade e a solidariedade.

Não se preocupam muito com a carreira e nem fazem planos a longo prazo. Geralmente, possuem um círculo restrito de amigos porque demoram muito para confiar nas pessoas. Iemanjá a rainha das águas salgadas.

Oxum

Oxum é o Orixá do rio de mesmo nome, que corre na Nigéria. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos, ela é considerada a dona da água doce, reinando sobre todos os rios. Seu elemento é a água em seu movimento nos rios, as águas das lagoas não pantanosas e as cachoeiras.

As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Oxum, pois ela controla a fecundidade, sendo de sua responsabilidade o cuidado com os fetos em gestação as crianças que nascem, até quando aprendem a falar. Considerada uma das figuras mais belas dos mitos africanos, tem como domínio a sensualidade e a atividade sexual.

Segundo a tradição ioruba, sua cor é azul-claro e ouro, seu metal é o cobre, o metal mais nobre conhecido na época. Oxum gosta de riquezas materiais, mas não no sentido de usura ou mesquinhez. É sensual e exibicionista, consciente de sua rara beleza, e se utiliza desses atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir seus objetivos.

No Brasil, seus adeptos usam colares de contas de vidro de cor amarelo-ouro e numerosos braceletes de latão. O dia da semana consagrado a ela é o sábado. A sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora. Ela é sincretizada com Nossa Senhora das Candeias, na Bahia.

  ARQUÉTIPO

O arquétipo de Oxum é o de pessoas elegantes, graciosas, com bom gosto, apaixonadas por jóias, perfumes e roupas caras.
Simbolizam o charme e beleza feminina. Possuem muita sensualidade, porém são recatadas. Sob sua aparência grandiosa e sedutora existe um grande desejo de ascensão social.
O arquétipo psicológico associado a Oxum se assemelha à imagem que temos de um rio, no qual a aparência de calmaria pode esconder muitas coisas. São persistentes em suas buscas, chegando muitas vezes à obstinação. Gostam muita da vida social, festa e dos prazeres em geral.

 

Ogum

Segundo a tradição, Ogum era filho de Odudua, o fundador de Ifé. Considerado um terrível guerreiro, combatendo seus vizinhos e fazendo de escravos os perdedores, foi regente do reino de Ifé quando seu pai ficou temporariamente cego. No entanto, não se preocupava muito com a administração do reino, pois não gostava de ficar quieto e trancado dentro do palácio.
Com uma vida amorosa agitada, foi o primeiro marido de Oiá-Iansã, que se tornaria mais tarde mulher de Xangô, e teve também relações com Oxum e Obá.
Ogum é muito mais emoção do que razão, perdoando facilmente seus amigos e destruindo seus inimigos. Ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro. Ele simboliza o trabalho, a atividade criadora do homem sobre a natureza, a produção e a expansão, a busca de novas fronteiras, aquele que desbrava as matas e derrota os inimigos.
Considerado o deus do ferro, é o padroeiro daqueles que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, açougueiros, marceneiros, caçadores, mecânicos, maquinistas de trem. O seu culto é bastante difundido nos territórios de língua iouruba e em certos países vizinhos, sendo provavelmente o deus mais respeitado e temido. Um juramento feito invocando-se o seu nome é solene e digno de fé, comparável àquele que faria um cristão sobre a Bíblia.

No Brasil, é considerado deus dos guerreiros, perdendo a posição de protetor dos agricultores que tinha na África. Dentro do sincretismo é associado a Santo Antônio de Pádua, na Bahia, e a São Jorge, no Rio de Janeiro. Os lugares consagrados a Ogum ficam ao ar livre, na estrada dos palácios dos reis, nos mercados e nos templos de outros Orixás. O dia da semana que lhe é consagrado é terça-feira e os seus adeptos usam colares de contas de vidro azul-escuro e, algumas vezes, verde. No momento do sacrifício de animais em rituais, ele sempre é evocado, pois é o senhor do facão que decepa a cabeça do animal.

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Ogum é o de pessoas impulsivas, explosivas, obstinadas, teimosas e que sentem prazer em estar com os amigos e com o sexo oposto. Perseguem seus objetivos de forma enérgica e não se desencorajam facilmente. Dificilmente perdem a esperança, mesmo nos momentos difícil. Seu humor geralmente é instável, alternando a agitação e a tranquóilidade. Algumas vezes é julgado arrogante, impetuoso e até mesmo indiscreto. No entanto por ser franco e sincero, dificilmente é odiado pelas pessoas. A rotina para ele é um castigo, pois gosta de agitação, novidades e de tudo o que é moderno.

 

Logunedé

  É um Orixá africano que costuma ser apresentado como filho de Oxum e Oxossi. De acordo com as lendas, vive seis meses nas matas caçando com Oxóssi, e seis meses, nos rios pescando com Oxum. É cultuado nas nações Ijexá, Ketu e Efon. No entanto, existem versões que afirmam ser filho de Ogum e Iansã, e outras ainda que o colocam como filho de quatro orixás, apresentando-o como uma versão dos Orixás gêmeos, Ibeji. Oxum lhe confere a sexualidade, a maternidade, a prosperidade e a pesca. Oxossi lhe dá a fartura, a caça, o conhecimento e a habilidade.

  Em algumas tradições, é considerado um Orixá masculino e, em outras, feminino (embora a versão feminina dele não seria algo tradicional). Por viver seis meses como homem e seis como mulher.

  Logunedé é vaidoso como Oxum e astuto como Oxóssi. Vive no âmago das florestas e em clareiras á beira dos rios. Como caçador, usa o arco e a flecha, e nos momentos de vaidade utiliza o abebé (leque).  Dorme nas profundezas das águas dos rios e banha-se neles para manter sempre a fartura da pesca. Suas cores são o azul e o amarelo, e o dia da semana é quinta-feira.

  ARQUÉTIPO

 O arquétipo de Logunedé possui o caráter dualístico do próprio Orixá. Geralmente, são pessoas indecisas e inconstantes, e encontram muita dificuldade em situações nas quais precisam definir ou também alguma decisão.

 São carinhosas, amorosas e muito sensuais, mas também não deixam de ser frias e calculistas. São atraentes e sedutores, e procuram ser discretas em qualquer situação. Valorizam as amizades e têm preocupação com o bem-estas das pessoas próximas.

 

Xangô

Pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino. Como personagem histórico, teria sido o terceiro “Rei de Oyó”. No seu aspecto divino, é filho de Oranian, divinizado, e tem três divindade como esposas:

Oiá, Oxum e Obá. Ele é o deus do raio, do trovão, da justiça e do fogo. Violento e justiceiro, castiga os ladrões e os mentirosos. O seu símbolo é o machado de dois gumes e a balança símbolo da justiça.

Tudo que se refere ao direito, justiça, demandas judiciais e contratos dizem respeito a ele. Usa o poder do fogo como seu símbolo de respeito. Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível. É também autoritário e, quando decide alguma coisa, raríssimas vezes é questionado. É o Orixá julgador, punidor, inteligente, violento. Representa o poder transformados do fogo e é padroeiro dos intelectuais e artistas.

O seu culto é muito popular no Brasil. Em Recife, seu nome serve mesmo para designar o conjunto de cultos africanos praticados no estado de Pernambuco. Seus fiéis na Bahia usam colares de contas vermelhas e brancas, como na África. Quarta-feira é o dia da semana consagrado a ele. No sincretismo, é associado a São Jerônimo.

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Xangô é o de pessoas eloquentes, sociáveis. Possuem um certo grau de autoritarismo, gostam de dar sempre a última palavra, embora sejam boas ouvintes. Muitas vezes, são consideradas volúveis, porque possuem uma facilidade grande em esquecer suas paixões, envolvendo-se em novas aventuras afetivas. O tipo físico lembra sempre uma pedra, uma rocha, com uma certa tendência á obesidade, porém com uma firme estrutura óssea. Psicologicamente, apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima. Quando contrariadas, tornam-se rapidamente violentas e incontroláveis. Seu humor é oscilante, mas são incapazes de, conscientemente, cometer uma injustiça.

 

Ewá

É o orixá do rio Yewa, na Nigéria. Conta-se que era uma linda virgem e que se entregou a Xangô, despertando a ira de Iansã. Para fugir da senhora das tempestades, escondeu-se nas florestas em companhia de Oxóssi, tornando se caçadora e guerreira. Algumas tradições dizem que era filha de Nanã.

Representa o orixá da alegria, da beleza, dos cantos e das satisfações, que a vida pode nos dar. É responsável pela mudança das águas, de seu estado sólido para gasoso, gerando as nuvens e chuvas. Está ligada às mutações, rápidas ou lentas. Ewá é responsável pelo que nasce, representando a própria beleza contida naquilo que tem vida. O seu dia da semana é segunda feira e seus adeptos usam cordões verde-mar e rosa.

 ARQUÉTIPO

O arquétipo de Ewá é de pessoas alegres que gostam de danças, cantas e aproveitar ao máximo tudo o que a vida pode lhes proporcionar. Generosas e bondosas, adoram novidades e são muito criativas. No entanto, são um pouco volúveis e facilmente mudam de opinião e pensamento, principalmente diante de alguma novidade.

Detestam a rotina, estão sempre modificando coisas e situações em sua vida. Geralmente, são pessoas dotadas de muita beleza, interna e externa.

 

Obá

Orixá do rio de mesmo nome, foi a terceira mulher de Xangô. Como as duas primeiras – Oiá e Oxum -, ela foi também mulher de Ogum. Tudo relacionado a Obá é envolto em mistério. Muito enérgica, é fisicamente mais forte que muitos orixás masculinos.

Obá foi enganada por Oxum quando lhe pediu conselhos para agradar Xangô. Por esse motivo as duas brigaram de forma violenta. Quando Obá surge, no Candomblé brasileiro, e Oxum se manifesta no mesmo momento, a tradição obriga a separação das duas. Sua cor é vermelha e a sua dança é guerreira: ela brande um sabre com uma das mãos e leva um escudo na outra.

Suas oferendas consistem em cabras, patos e galinhas d’ angola. Ela é associada a Santa Catarina.

ARQUÉTIPO

O arquétipo de Obá é o de pessoas que, embora possuam valor, são incompreendidas. Algumas vezes, são extremistas em seus conceitos, com atitudes determinadas e agressivas. Desconfiam muita das pessoas devido as experiências infelizes do passado. O seu insucesso se deve, geralmente, a um ciúme mórbido e possessivo. Apesar de seu emocional ser um pouco perturbado, elas encontram compensação para suas frustrações com sucesso material.

 

 

Ibeji

São divindades gêmeas infantis. É um Orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação. Divide-se em masculino e feminino (gêmeos). No Oyó, como erês (crianças), são ligados às qualidades de Xangô e Oxum. São protetores dos que tiveram problemas ao nascer e daqueles que perderam um irmão, no caso de gêmeos.

Em algumas casas de culto, são referidos como Erês; em outras são cultuados como Xangô ou Oxum criança. Por serem gêmeos, estão ligados ao princípio da dualidade e são associados ao nascimento e criatividade. Eles representam os irmãos, a infância, momento em que a dependência da solidariedade é muito maior.

 Alguns mitos dizem que os gêmeos Ibejis eram filhos de Iemanjá e companheiro de brincadeiras de Logunedé e Ewá. Seu dia da semana é sábado e suas cores são rosa e azul.

  ARQUÉTIPO

 O arquétipo dos Ibejis demonstra um espírito jovem, brincalhão e bem humorado. São pessoas irreverentes e enérgicas, muitas vezes demonstrando uma certa inocência, pois não conseguem ver muita maldade nas pessoas ou em situação que possam viver. Mesmo quando adultas, demonstram um espírito eternamente jovem. São solidárias e, sempre que possível, estão prontas a auxiliar os que necessitam.

 

Iroko

 É nome de um Orixá e de uma árvore africana, também conhecida como rôko, irôco. No Candomblé brasileiro, é um Orixá cultuado pela nação Ketu; a nação Jeje o cultua com o nome de Loko. É tido como Orixá raro, ou seja, possui poucos filhos e raramente se manifesta.

  Algumas tradições ligam Iroko aos Orixás de Daomé (Nanã, Obaluaê, Oxumaré), e em outras ele é associado a Xangô. O seu culto é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias. Representa a ancestralidade, nossos antepassados. Além disso, é considerado o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desrespeitar Iroko (grande e suntuosa árvore) é desrespeitar suas origens, sua própria dinastia.

 As relações deste orixá sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando for atendido, deve ser pago. Simboliza o “tempo”, com o transcorrer da eternidade, as oportunidades que a natureza nos dá. Seu dia da semana é quinta – feira e seus adeptos usam colares verde e marrom.

  ARQUÉTIPO

 O arquétipo de Iroko é o de pessoas eloquentes, inteligentes, competentes, teimosas e generosas. Gostam de diversão e prazeres: dançar, cantar, cozinhar, pintar, comer e beber bem. São líderes naturais e se empenham na palavra dada. Dotadas de senso de justiça, são amigas queridas e inimigas terríveis, reconciliando-se com facilidade. Possuem um profundo respeito pela família e sua origem. São exigentes com a palavra dada, cobrando as promessas que lhe são feitas. Na vida cotidiana, são extremamente pacientes, pois consideram o tempo seu maior aliado.

Ossain 

É a divindade das plantas medicinais e religiosas. Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem ele, pois é o orixá que sabe o nome das plantas, sua utilização e as palavras que despertam a força de seus poderes secretos no ritual dos deuses. Muitas lendas apontam Ossain como dono dos vegetais, e o que fazia com que os outros orixás dependessem dele em todos os cultos.

As áreas consagradas a Ossain são os pequenos recantos, onde só os sacerdotes podem entrar, e nos quais as plantas crescem de maneira selvagem. É o orixá da cor verde, do contato mais íntimo com a natureza. Seu domínio estende-se particularmente às folhas onde corre o seu sumo. Graças a esse domínio, Ossain é figura marcante, porque todos os rituais importante de alguma forma utilizam o “sangue” dos vegetais.

Ossain vive na floresta em companhia de Aroni, um anãozinho, semelhante ao saci- pererê, que tem uma única perna e fuma permanentemente um cachimbo feito de casca de caracol.

No Brasil, os filhos de Ossain usam colares de contas verdes e brancas. Sábado é o dia consagrado a ele. O ritmo dos seus cantos e das danças é particularmente rápido, salltitante e ofegante.

 ARQUÉTIPO

O arquétipo de Ossain é o de pessoas equilibradas, que não permitem que suas simpatias e antipatias pessoais intervenham em suas decisões ou influenciem suas opiniões sobre o universo à sua volta.

Não é introvertido, mas também não faz muita questão do convívio social. Reservado, não intervém em questões que não lhe digam respeito. Existe sempre uma certa aura de mistério envolvendo sua história passada. São ótimos conhecedores de plantas. No geral, sentem uma atração especial pela religiosidade e seus rituais.

 

Omolu – Obaluaê

É um orixá da cultura de Daomé, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os orixás iorubanos são extrovertidos, alegres e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanos, os deuses daomeanos são mais associados a uma visão religiosa em que existe um distanciamento entre deuses e homens.

Obaluaê era vista como fonte de perigo e terror, sendo a marca da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais, catástrofes. Era considerado aquele que punia os malfeitores enviando-lhes a varíola.

Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do orixá Xapanã, enquanto Omolu é sua forma velha. No entanto, Xapanã é um nome proibido tanto no candomblé como na umbanda, não devendo ser mencionado, pois pode atrair doença de forma inesperada. Omolu é a forma que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha de Obaluaê, mas com sua essência genérica.

Obaluaê quer dizer “rei e dono da terra”. Sua veste é de palha e esconde o segredo da vida e da morte. Domina completamente as doenças que rege. Ao mesmo tempo em que as causa, tem poder de cura sobre elas.

No Brasil, Obaluaê é associado a São Lázaro. As pessoas que lhe são consagradas usam dois tipos de colares: de contas marrons com listas pretas, ou o lagidiba, feito de pequeninos discos pretos enfiados. Segunda – Feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus iaôs dançam inteiramente vestidos de palha da costa. Na cabeça, usam um capuz da mesma palha, cujas franjas cobrem o rosto. Dançam curvado para a frente, como que atormentados por dores, e imitam os tremores de febre.

 ARQUÉTIPO

O arquétipo de Obaluaê é o de pessoas que, de uma forma masoquista, gostam de exibir seu sofrimento e tristeza. Mesmo quando atingem situações estáveis, podem rejeitá-las por escrúpulos tolos e imaginários. Em algumas situações, se empenham no bem-estar dos outros, colocando de lado seus próprios interesses.

No entanto, sua característica mais marcante é o convívio com o sofrimento, que se manifesta numa tendência de autopunição, transformando traumas emocionais em doenças físicas. Sua maior insatisfação não é contra a vida, mas contra si mesmo. Nas diversas lendas, Obaluaê é apresentado como um orixá que perdeu uma perna. Desta forma, muitos de seus filhos podem sofrer de algum problema em seus membros inferiores.

 

Nanã – Buruku

É considerada o Orixá mais antigo do mundo, com origem em Daomé, e que foi incorporada à mitologia ioruba. O termo Nanã significa “raiz, aquela que se encontra no centro da terra”. É considerada uma figura controvertida do panteão africano: em alguns momentos é perigosa e vingativa; em outros, sente-se relegada a um segundo plano, guardando ressentimentos pela situação. Dentro do panteão africano, Oxalá (mito ioruba ou nagô) é o pai de quase todos os orixás. Iemanjá (mito ioruba) é a mãe de seus filhos nagôs, e Nanã (mito jêje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos. É ela quem reconduz o terreno astral as almas daqueles que Oxum colocou no mundo real. Nanã é a deusa do reino da morte, sua guardiã, a que recebe os mortos, repetindo a vida intra-uterina para um posterior nascimento.

Nanã Buruku é conhecida no Brasil como mãe de Obaluaê e é sincretizada com Sant’Ana. Seus colares são de cor branca com listas azuis. Para alguns, o seu dia da semana é segunda-feira como Obaluaê. Outros consideram sábado como o seu dia. Seus adeptos dançam com dignidade, representando uma senhora idosa e respeitável. Seus movimentos lembram uma andar lento e penoso apoiado num bastão. É considerada a mais antiga das divindades das águas – das águas paradas dos lagos e lamacentas dos pântanos.

ARQUÉTIPO

Nanã Buruku é o arquétipo das pessoas que agem com tranquilidade, respeito, gentileza e dignidade. São pessoas lentas e seguras. Gostam de crianças e as educam com muita mansidão, lembrando do muito a tolerância e paciência das avós. Suas reações sempre equilibradas e a sabedoria de suas decisões as mantêm no caminho da justiça. Não têm muito senso de humor e transformam com facilidade pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, têm uma grande capacidade de compreensão do ser humano, pois perdoam e consolar as pessoas de forma muito natural.

 

Oxumaré 

O lugar de origem de Oxumaré, como Obaluaê e Nanã Buruku, seria em Mahi, no ex-Daomé, onde é chamado Dan. Diz-se que ele é um servidor de Xangô e que seu trabalho consiste em recolher a água caída sobre a terra durante a chuva, e levá-la de volta às nuvens. Uma de suas obrigações é a de dirigir as forças que produzem o movimento.

Ele é o símbolo da continuidade e da permanência e, algumas vezes, é representado por uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Enrola-se em volta da terra para impedi-la de se desagregar. Representa a riqueza – um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubas -, e as polaridades contrárias, como o masculino e o feminino, o bem e o mal, o dia e a noite.

Oxumaré é a serpente arco-íris e suas funções são múltiplas.

É macho e fêmea ao mesmo tempo. Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris. Nos seis meses subsequentes, assume a forma de serpente e se torna o oposto do que representou no semestre anterior.

No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumaré usam colares de contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana cosnagrado a ele. Na Bahia, é sincretizado com São Bartolomeu. Seus fiéis se encontram no dia 24 de agosto a fim de se banharem numa cascata coberta por uma neblina úmida, onde o sol faz brilhar o seu o arco-íris.

ARQUÉTIPO

Oxumaré é o arquétipo de renovação, da necessidade de mudança. As pessoas ligadas a ele demonstram desejo por riquezas e são pacientes e persistentes nos seus empreendimentos. Não medem sacrifícios para atingir seus objetivos. Quando atingem o sucesso, tornam-se facilmente orgulhosa e pomposas, e gostam de demonstrar sua grandeza recente.

Não deixam de possuir certa generosidade, e não se negam a estender a mão àqueles que necessitam. São generosas ou avaras, conforme a situação econômica em que se encontram. Agitadas e observadoras, procuram constantemente o equilíbrio e a harmonia. Suas grandes forças são a eloquência e a inteligência, armas que usam com muita habilidade em situação de ataque ou defesa.

Fonte do texto: Orixás

Editora: MYTHOS.

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