quarta-feira, outubro 29, 2025
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Stingy Jack: o homem que enganou o Diabo e deu origem às lanternas de Halloween

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No Halloween, é quase impossível não pensar nas enigmáticas lâmpadas de abóbora — aquelas figuras iluminadas por dentro, com sorrisos que oscilam entre o simpático e o ameaçador. Mas poucos conhecem a história sombria que deu origem a esse símbolo icônico.

Por trás da popular Jack O’Lantern, há uma antiga lenda irlandesa que mistura astúcia humana, pacto demoníaco e condenação eterna. O protagonista é Stingy Jack, conhecido como “Jack, o Mesquinho”.

O antigo conto irlandês de Jack, o Sovina, explica a origem da Abóbora-Lanterna. Imagem: Jovan Ukropina.

O homem que enganou o próprio Diabo

Reza a lenda que, certa noite, Jack convidou o Diabo para beber em uma taverna. Fiel à sua fama de avarento, recusou-se a pagar a conta. Com um ardil, convenceu o Diabo a se transformar em uma moeda para saldar a dívida — mas, em vez disso, guardou-a no bolso, junto de um crucifixo de prata, impedindo o Diabo de retomar sua forma.

Depois de algum tempo, Jack libertou o prisioneiro, mas arrancou-lhe uma promessa: jamais reivindicar sua alma. O acordo parecia vantajoso… até a morte chegar.

A alma inquieta de Jack, o Sovina, vagueia pelo campo até o Dia do Juízo Final. Fonte: The Stranger’s Bookshelf.

Nem céu, nem inferno

Quando Stingy Jack morreu, bateu às portas do céu — mas foi rejeitado por Deus, que o considerou indigno. Procurou o inferno, mas o Diabo, fiel ao trato, também o expulsou.
Condenado a vagar pelas trevas por toda a eternidade, Jack recebeu apenas um carvão em brasa para iluminar seu caminho. Colocou-o dentro de um nabo esculpido, criando uma lanterna improvisada que o guiaria em seu destino sombrio.

Desde então, dizem que sua alma penada vaga pelas noites frias e enevoadas de outubro, carregando sua luz vacilante.

Da Irlanda ao mundo: a transformação da tradição

Na Irlanda, as pessoas passaram a esculpir rostos assustadores em nabos e batatas, colocando dentro velas acesas para afastar o espírito de Jack e outros seres malignos. Quando os imigrantes irlandeses chegaram aos Estados Unidos, encontraram um novo vegetal mais abundante e fácil de esculpir: a abóbora. Assim nasceu a Jack O’Lantern moderna, símbolo universal do Halloween.

Ecos literários e culturais

A história de Stingy Jack é mencionada em diversas coletâneas folclóricas, como The Irish Folklore Commission Collections (século XIX), e ecoa em obras literárias que exploram pactos com o Diabo, como O Fausto, de Goethe, e O Diabo e Tom Walker, de Washington Irving. A figura do homem que tenta enganar o inferno, mas acaba condenado à própria astúcia, tornou-se um arquétipo recorrente na literatura e nas tradições populares.

Hoje, ao acender uma vela dentro de uma abóbora no Halloween, poucos imaginam que estão repetindo um ritual ancestral — uma tentativa simbólica de manter as trevas afastadas e as almas errantes no além.

Talvez, em alguma noite silenciosa, o brilho trêmulo de uma lanterna não seja apenas decoração… mas o próprio Jack, o Mesquinho, ainda vagando entre os mundos, procurando um lugar para descansar.

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