quinta-feira, novembro 21, 2024
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Tantra, muito além do erotismo

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O tantra guarda segredos que vão muito além das elaboradas posições sexuais e promessas de prazer ilimitado. Por trás disso tudo, há uma filosofia ampla e inspiradora que merece ser conhecida. Saiba mais a seguir.


Texto • Thiago Perin / Triada.com.br

O que é o tantra, afinal?
De acordo com a tradição oriental, o tantra é uma filosofia de vida, um abrangente conjunto de preceitos comportamentais que devem ser seguidos por aqueles que buscam a iluminação espiritual. “Tantra não é um ritual, uma técnica ou uma prática específica. É um corpo teórico de conhecimento que tem por objetivo a expansão da consciência do ser humano”, explica o professor Paulo Murilo Rosas, estudioso e autor do livro A psicologia do tantra (Editora Ciência Moderna).
Assim como o yoga, o tantra possui várias escolas diferentes, que bebem da mesma fonte, mas variam em foco e aplicação prática. Uma das mais comuns no país é o praticado por Rosas, o Dakshina Tantra Yoga, que é intensamente voltado ao equilíbrio dos chakras, para que se alcance a iluminação. Nesse processo, incluem-se desde asanas, kriyas, pranayamas e mantras até meditações, sempre de acordo com as características da personalidade de cada um.

Qual é a verdadeira importância do sexo na filosofia tântrica?
Em comparação aos outros aspectos, como a meditação, por exemplo, é bem pequena. São poucos os escritos tântricos que abordam o sexo, e os que o fazem descrevem rituais bem pouco aplicáveis à realidade atual. “São práticas de uma complexidade imensa, que não cabem à maioria das pessoas”, diz o professor. Além disso, o sexo tântrico de verdade, cheio de regras, não tem foco no prazer e, tradicionalmente, deve ser feito por pessoas que não tenham qualquer relacionamento amoroso. “O objetivo é liberar energia da criação, nos moldes de Shiva e Shakti”, explica Rosas. E esse é um processo bastante trabalhoso.
 
E como surgiu essa associação tão grande à sexualidade?
Ninguém sabe, mas uma das explicações mais prováveis é que os primeiros tradutores brasileiros dos originais tântricos tenham errado na hora de interpretar os textos. “Muitos dos professores do Brasil eram autodidatas, e nem sempre absorviam a tradição de maneira correta”, pontua Rosas. Associado ao instinto capitalista de terapeutas mal-intencionados e à fascinação natural que temos pelo sexo, a fama de “técnica afrodisíaca” cresceu e acabou por abafar as verdadeiras raízes dessa tão ampla filosofia.

 

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