quarta-feira, julho 3, 2024
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AULA 4 – Os odus do Obi

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Quem pensa que o jogo de Obi ou de quatro búzios é apenas de confirmação, como de sim ou não, estão muito enganados. Pois através das quedas que o jogo de obi apresenta, somos capazes de entender quais energias vem transitando em posição manifestada, além do nome de cada Odú.

• Texto – Prof. Eduardo Henrique Costa.

Há alguns adivinhos que jogam com mais de quatro Obis, tendo vários Odus em seus jogos, mas o que de toda quantidade a que é bem mais comum entre a maioria é o jogo de quatro Obis, neste curso teremos como o foco exatamente na metodologia que envolve quatro. Assim como no jogo de dezesseis búzios temos o significado das dezessete quedas, no jogo de Obi temos o significado das cinco quedas. Cada queda que o jogo apresenta, é um Odu que se manifesta e dentro de cada portal, cada reino, temos seres que transitam ou até mesmo reinam.

Dentro do oráculo de jogo do Obi, existem apenas cinco Odus: Alafiá, Etawa, Ejialakétu, Okaran e Oyeku. Com algumas poucas divergências, podemos demonstrar os domínios dos Orixás dentro dos Odus das seguintes formas:

4 Obis abertos

• ALAFIÁ. (Todos abertos).
É uma palavra que significa Paz. Ela descreve uma qualidade tanto esquiva, quanto pouco vivenciada, um estado mental, na maioria dos casos, reservados somente para os velhos e os sábios. Paz é aquele lugar que tem sido procurado por todos e só foi descoberto por poucos. Alafiá descreve um mundo fresco e sombreado, de meias estações e dias tranquilos. É um reino onde a razão e o viver correto são as regras, enquanto a sobriedade e um caminhar comedido são os meios. Alafiá nos relembra que “é a cabeça que governa o corpo”, e nós somos advertidos de que “somente um rei pode governar uma nação”. Alafiá é o reino de Orixalá, rei dos Orixás. Outros Orixás podem habitar neste reino somente ao
submeterem-se aos seus princípios governativos.
Desse modo, o arrojo ardente de Xangô é suavizado e posto sob o controle frio do exemplo e da orientação de Orixalá. Em Alafiá, Orixalá nos fala que, avaliando uma situação num estado mental sóbrio e usando a lógica e a razão, asseguraremos resultados positivos. A sinceridade é apontada também, como um auxílio valioso para alcançar os nossos desejos. Quando fizermos uma pergunta, mesmo saindo Alafiá na primeira jogada, é necessário jogar uma segunda vez para nos certificarmos do destino correto de nossa empreitada. Alafiá como o velho Orixalá, precisamos do apoio de outros para alcançarmos o nosso destino.

3 Obis abertos

• EJIALAKETU. (3 três abertos e 1 um fechado).
Etawá quer dizer luta, embora o significado literal da palavra seja “vieram três”, referindo-se ao fato de que são três “abertos” e um “fechado” neste Odu. A associação deste Odu com luta, deriva do fato de que os africanos vêem o agrupamento de três como focos definidos de desarmonia. Três não é dividido igualmente, levando por isso, a uma disputa. Os africanos estão sempre relembrando para ter cuidado com os grupos e ajuntamentos onde a sua presença vai completar o número três. Este aviso pode evitar a possibilidade de intrigas em situações de dois contra um. Etawá é a terra áspera e semi-árida, que necessita de atenção constante e acompanhamento cuidadoso de modo a obter frutos.
Nesta situação, é sempre necessário jogar o Obí uma segunda vez.

 

• EJIALAKETU. (2 dois abertos e 2 dois fechados).
Signo mágico de certeza e equilíbrio. Ejialaketu quer dizer “dois para amar”. A palavra dois faz um trocadilho com o fato de que existem dois conjuntos de dois, um claro e um escuro. O padrão alternante, claro e escuro, nos sinaliza que entramos no reino de Èsù. É um reino de certeza, equilíbrio e ordem. À noite certamente se segue do dia, a morte é equilibrada pela vida, Èsù adverte: “não pergunte o que você já sabe”.
Ejialaketu simboliza o eterno movimento evolutivo dos componentes cósmicos, presos num estado de equilíbrio. É um universo em equílibrio, que hoje assegura um amanhã. A presença de Orixalá e Iemanjá neste Odu, nos transmite o seguinte recado “tudo está bem, Olodumare está no Céu e no seu Mar”. A inclusão de Oxum como habitante deste Odu, coloca-a no papel de costureira cósmica. Com sua agulha sagrada (aberé) na mão, ela costura as camadas do universo, criando um todo unificado, de trama clara-escura. Sua intuição nata, nos relembra que não devemos perguntar o que já sabemos. Ibeji (os gêmeos sagrados), estão totalmente refletidos no Odu. Os dois para amar, são na realidade os Ibeji.
A habilidade deste Odú é manter o equilíbrio, enquanto dirigindo energias opostas e alternadas, torna-se um Odu firme e estável.
Quando ele aparece, não é necessário jogar uma segunda vez, pois podemos estar certos da nossa resposta.

• OKANAN. (1 um aberto e 3 três fechados).
Okanan quer dizer “aquele um” e aponta para aquele pedaço de Obí que caiu com o seu lado “aberto”, transformando o positivo no negativo. Esta caída não deve nos desencorajar totalmente, nós devemos lembrar que cada Odu contém elementos positivos e negativos. E o fato de que um pedaço de Obí permanece com lado “aberto”, nos informa que ainda existe um caminho. Este Odu atua com um sinal, alertando-nos para rever nossas ações enquanto reavaliamos nossos objetivos. A dúvida, é uma qualidade ligada a este Odu, trazida pelos ventos de Oyá, que são multidirecionais. Pelo fato de não poder fixar para onde o vento está soprando, erra-se no julgamento direcional.
A presença de Êsù completa a situação. Suas travessuras, truques e falsas trilhas, provam que neste domínio tudo é demasiado complexo para se manejar. O resultado é o erro. Exu adverte:
“nem tudo é como parece ser”, e somente Eu (Èsù) “posso fazer o erro virar acerto e o acerto virar erro”.

Xangô também presente, nos faz lembrar que devemos ser versáteis e hábeis o suficiente para nos reagruparmos e lutarmos até a vitória.
Egun também mora neste Odu, significando que quando nossas esperanças e pedidos forem dificultados, imediatamente devemos lembrar que temos um dever com eles. Se esquecermos de nossas obrigações, eles bloquearão nosso propósito, até que as suas necessidades tenham sido satisfeitas. Okanan só deve ser jogado uma vez.

• OYEKU. (Todos fechados).
Oyeku é traduzido como “crepúsculo completo”. Estas duas palavras transmitem um enorme sentido de finalização. Ela descreve a noite total, um tempo onde a escuridão parece ter ganhado a supremacia permanente. Oyeku é aquele lugar onde não é permitida a chegada da luz. Um território nunca cartografado como buraco negros nos céus. É como se fosse o fundo do mar na terra, de acordo com o ditado africano, “ninguém sabe o que está no fundo do mar”. Oyeku é um lugar onde a calma e a lógica encontra-se substituídas pelo ilógico e pelo temor e onde todo o senso de direção é perdido e não existe semáforos para orientar. É um mundo inferior, habitado por gigantes, ogros, sombras veladas e necromantes.
Aganju, Olokun, Egun e Obaluayê advertem que qualquer tentativa de sondar estes abismos, deve ser feita por nossa própria conta e risco. O aparecimento deste Odu no jogo é sinal de que alcançamos as fronteiras do desconhecido (ocultismo).
Não se joga uma segunda vez. Literalmente Èsù esta demasiado furioso para que você torne a fazer qualquer pergunta.
Todos os gomos fechados, significa: não absoluto.

Lembrando que a reza, ritual e este significados serve para os quatro (4) búzios, porém os quatro búzios normalmente utiliza-se para consultar seu Èsù. E quem normalmente utiliza os quatro búzios no Merindilogun é quem deseja confirmar alguma questão.
Nunca devemos nos esquecer de ativar, cultuar o nosso Èsù quando formos abrir qualquer jogo, afinal ele é a força propulsora e guardião do jogo.

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