terça-feira, julho 2, 2024
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Èsù é muito mais do que pensam

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Alguns chamam de Òrìsá mensageiro, outros consideram o senhor do jogo de búzios, mas será que a especialidade e energia de Esù só se resume nisto? Confira.

Èsù é conhecido em algumas rezas africanas como ‘filho indulgente’ de Olódùmarè, devido ser a divindade mais ligada aos seres humanos, que ensina a prática da tolerância e busca estar presente em diversos trabalhos. Sua grandeza se manifesta sobre toda parte, é o que guarda os portões do céu (Órun) e ninguém entra no palácio real ou consegue ir até a presença de Olódùmarè sem antes passar por Èsù.

Na tradição yorùbá ele deve ser cultuado primeiramente antes de todas as outras divindades, pois é o mensageiro que permite que aconteça a comunicação da terra (Aye) com o céu (Órun), possui a responsabilidade de levar as mensagens aos Òrìsá e os Ebós.

É o Òrìsá da humanidade e da comunicação, um dos mais ligado a humanidade, está presente em todos os lugares, todo momento do nosso lado, ele chora a nossa dor junto conosco, ele se alegra na nossa felicidade. As rezas africanas diz “quem tem dinheiro reserva para Èsù a sua parte, quem tem felicidades na vida reserve para Èsù a sua parte”. Pois de fato, é o Òrìsá que mais compartilhamos nossos sentimentos.

Èsù é tão divino que esta dentro de nós e consegue sentir o que estamos sentindo, ele sabe nosso passado, presente e futuro. É a divindade que viaja livremente para lugares, onde nem sempre Olódùmarè (Deus) precisa estar, ele possui as chaves que abre as fronteiras entre os espaços, entre as luzes e as trevas, entre o calor e o frio… Nos ensinamentos orais aprendemos que é necessário ter um bom comportamento e adoração com Èsù, é o que pode falar bem ou mal de você para seu Òrìsá.

Este Òrìsá livremente pode fazer tanto o bem como o mal dependendo da forma de tratamento de seu adorador, Èsù pode fazer o que é certo se tornar errado, e o errado se tornar certo. É a divindade do movimento e equilíbrio, por conta desta afirmação quando estamos em desiquilíbrio precisamos contar com a energia de Èsù para restaurar a harmonia.

Èsù é o que acerta a ave ontem com a pedra que hoje atirou, sentinela que guarda e executa as leis espirituais, sua presença é em todos os lugares ao mesmo tempo evitando que forças ruins (Ajoguns) não interfira nos destinos e na vontade das divindades. Èsù tem o conhecimento de todos os seres humanos, além de conseguir lembrar de todas as coisas que ouviu e viu, consegue compreender todas as criaturas, tanto as elevadas, como as medianas e a as inferiores.

É extremamente importante que na tradição é cultuado primeiramente antes de qualquer Òrìsá. Para que um sacerdote consiga jogar búzios, é essencial o assentamento de Èsù, além de atos de devoção.

Èsù pode aplicar punições ou bênçãos, ele traz as respostas dos deuses. Nasceu diretamente das mãos do Deus Supremo, é a própria energia do criador, apesar de ser brincalhão e punidor, é aquele que pode ser tanto masculino como feminino, possui como seu símbolo ser um Ogó de forma fálica (falo ereto), que representa a fertilidade, fecundidade e a continuidade. Ele é o próprio movimento cósmico, está ligado a própria batida do coração, o sangue que corre nas veias, o calor humano, o movimento e o prazer.

Èsù é tão grandioso que não pode ser destruído, pois a cada vez que é atacado ele se regenera sendo maior, por isto recebeu em seu nome a atribuição de “esfera”.


– Conta uma lenda: Que dois amigos se orgulhavam muito de sua amizade e lealdade. Eram vizinhos. Viviam bem, mas apesar de serem cultuadores da tradição afro, não prestavam nenhum culto a Èsù e não gostavam.
Certa tarde, se encontravam os dois, como de costume, conversando nos limites de sua propriedade, quando Èsù passou por entre eles, usando um chapéu metade branco e metade vermelho.
Estranhando aquela figura entre eles, um comentou com outro:
– Muito estranho aquele homem de chapéu vermelho.
– Chapéu vermelho, não. O chapéu era branco.
E assim passaram a discutir a cor do chapéu entrando em briga e inimizade. Por enquanto Èsù somente observava e dava risadas.
Èsù só esta desposto ajudar nas dificuldades quem lhe reverencia, assim como no filme Besouro demonstra este aspecto que é necessário despertar a divindade e permitir que ela possa agir em nossas vidas. Ele é o cumpridor das ordens do criador e não faz nada sem a vontade ou permissão.


Uma outra lenda conta que:
Orúnmìlá e sua mulher desejavam muito ter um filho, porém a natureza não favorecia neste sentido. Foram assim pedir ao Orún (céu) que os atendessem seus desejos a este respeito, porém recebeu uma resposta negativa dizendo que não era chegado a hora.

A mulher de Orúnmìlá um dos grandes sacerdotes fundador de Ifá continuou insistindo. Então Orúnmìlá foi até os castelo de Olódùmarè e chegando lá avistou um menino na porta de entrada, muito belo ao qual ele se simpatizou.

Quando foi até o Deus Supremo e continuou a insistir, a resposta continuou sendo negativa, então Orúnmìlá como era tão insistente e teimoso pediu a ele como filho aquela criança que estava na porta do castelo, ele foi alertado que não era uma criança para se ter como filho, mas Orúnmìlá quis mesmo assim, foi então que Olódùmarè aceitou.

Então Orúnmìlá teve ato sexual com a sua esposa, onde nasceu Èsù, ele passou 12 meses no ventre da sua mãe, recebeu o nome de Elegbara, Senhor do poder, e assim nasceu Elegbara, com muita fome, e em seu nascimento pediu várias comidas, e continuava pedindo monte de animais machos e fêmeas e tudo que havia ao redor, pedindo ao seu pai todos tipos de vegetais, minerais, peixes que havia por perto, e como não havia mais nada para comer, Èsù virou-se e comeu sua mãe (devorando), recebendo assim o titulo de Elegbo, Senhor das Oferendas.

Orúnmìlá furioso parte para cima de Èsù com a sua espada cortando ele em vários pedaços e a cada pedaço que cortava mais de mil cresciam maiores, viajando para vários espaços, Orúnmìlá cansado de correr atrás de Èsù e vendo que não tinha como vencê-lo, faz um acordo com Èsù que se ele devolvesse tudo que ele havia comido, em troca ele seria o primeiro a receber as oferendas, a ser cultuado e se tornaria um dos mais importantes, além de tudo que forem fazer primeiramente deveriam alimenta-lo..

Èsù devolve tudo e aceitou o acordo. Ele ficou também conhecido como ‘o inimigo dos Orìsá’, pois se não cultuasse ele, não lhaveria quem levar os pedidos, nem mensagens e nem as oferendas.
Esù possui o conhecimento de todos os Orìsás além de trabalhar para todas finalidades.

Autor: Awo Ifá Leké – Eduardo Henrique.

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