Após a morte de Jesus, as bases do cristianismo continuaram sendo pregadas e difundidas por seus fiéis apóstolos. Mas, de lá pra cá, diversos acontecimentos políticos e sociais moldaram e transformaram a religião que conhecemos hoje. Acompanhe!
Texto • Thiago Perin / Triada.com.br
O cristianismo primitivo
A partir do século 1
Posteriormente à crucificação, os apóstolos se reuniram em uma comunidade religiosa centrada, a princípio, em Jerusalém. Com o tempo, no entanto, espalham-se para difundir os ideais cristãos entre os povos da época – surgiu, então, o Novo Testamento, que, acrescentado aos escritos da Bíblia judaica, compôs o primeiro cânon cristão. Foi nessa época que o cristianismo tornou-se claramente distinto do judaísmo. Conquistando cada vez mais adeptos, a emergente religião incomodou os governantes do Império Romano, levando a um período de violenta repressão do povo cristão. No entanto, a expansão não pôde ser detida: em 313, o imperador Constantino finalmente liberou o culto ao cristianismo. O que começou como um movimento religioso dentro do judaísmo tornou-se, logo, uma religião significativa também fora do Império.
Os primeiros concílios ecumênicos
Do século 4 ao século 10
Já adotado como religião oficial do Império Romano, o cristianismo teve diversos aspectos de sua ideologia moldados nos Concílios Ecumênicos que se iniciaram na cidade de Nicéia, no ano 325. Os Concílios nada mais eram do que reuniões de todos os bispos da Igreja para refletir sobre pontos da doutrina que precisavam de esclarecimento, promulgar dogmas, corrigir erros pastorais e condenar heresias. O de Nicéia, que veria ainda um segundo encontro, fundamentou a base da crença na Trindade; o de Constantinopla, em 381, debateu a natureza de Cristo. Já o Quarto Concílio de Latrão, por exemplo, definiu, entre outros, o dogma da Virgindade Perpétua de Maria, pelo qual os católicos admitem que Maria permaneceu virgem após a concepção de Jesus. A Igreja começava a ganhar os ares que se mantém até hoje, ainda em alta popularidade.
A grande cisma cristã e a igreja medieval
Século 11
Em decorrência de profundas transformações sociais e políticas que já vinham de longa data (como a transferência da capital do Império Romano de Roma para Constantinopla, ainda no século 4), duas segmentações distintas de cristãos começaram a se fazer notadas, em princípios do século 11. A ruptura formal tornou-se evidente em 1054, quando a unidade cristã deu origem à Igreja Católica, ocidental, e a Igreja Ortodoxa, oriental. A partir dali, ambas ramificações seguiriam caminhos diferentes, sendo a Católica a mais difundida pelo mundo – seus líderes, inclusive, teriam garantido poder político sobre a sociedade por muito tempo. No fim do século 12, teve início a Inquisição, que até hoje rende críticas à Igreja.
A reforma protestante
Século 16
O questionamento aos rígidos preceitos e à imposição social de uma Igreja que havia se tornado extremamente poderosa começou a instigar movimentos de oposição ao catolicismo já no século 13, em pequena escala. A parcela discordante com a situação, principalmente com o poderia político do Papa e dos cardeais, ganhou um líder no início do século 16, quando o monge Martinho Lutero protestou publicamente contra a doutrina vigente, propondo uma reforma da doutrina Católica. Apoiado por vários religiosos e governantes europeus, provocou uma revolução religiosa – conhecida como Reforma Protestante. Em resposta, a Igreja convocou o Concílio de Trento, que começou em 1545, para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica. O resultado foi uma segunda divisão da Igreja, entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.
O cristianismo contemporâneo
A partir do século 18
A Inquisição da Igreja Católica chegou ao fim em meados do século 19. Seguindo as mudanças sociais, este período viu crescer o apelo do protestantismo, que acumulou seguidores cada vez mais numerosos. Surgiram, também, cultos menores, como o restauracionismo, o cristianismo esotérico e o espiritismo, que se baseiam nos dogmas de Jesus, porém diferem em aspectos individuais – tudo contribuindo para uma fragmentação parcial da antiga dominação hegemônica do catolicismo. Com tantas vertentes, o cristianismo é hoje a religião com o maior número de seguidores no mundo, contabilizando mais de 2 bilhões de adeptos.