quarta-feira, dezembro 11, 2024
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USANDO A CABALA COMO ORÁCULO

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Base fundamental da Cabala, o alfabeto hebraico tem as propriedades de um poderoso oráculo, mas não para prever o futuro ou traçar o destino de alguém. Em vez disso, as letras cabalísticas podem ser utilizadas para sanar dúvidas universais, orientando e inspirando o seu amanhã.

Texto • Paula Bianca de Oliveira
Ter sempre à mão uma fonte de inspiração para os momentos de angústia. Levar consigo, para qualquer lugar, uma ferramenta de orientação que ajude a diluir as dúvidas mais persistentes. Esta forma de buscar um direcionamento para a vida é conhecida há séculos por cabalistas de todo o mundo que, utilizando as letras hebraicas, obtêm respostas espirituais para suas aflições mais profundas.

Estudiosos dizem que não é preciso conhecer a fundo a cabala para se beneficiar de suas propriedades. O essencial é estar de coração aberto para receber o alfabeto hebraico, assimilando paulatinamente o significado e o poder de cada letra. “Seja qual for a ocasião, as letras devem ser utilizadas como instrumento de meditação”, define Cristina Tehilah, coordenadora geral da Academia de Cabala, em São Paulo, o maior grupo de cabala contemplativa do mundo.

Longe de apresentar respostas objetivas ou previsões precisas sobre o que há de acontecer, Cristina explica que, fundamentalmente, as letras devem ser utilizadas como ferramentas de autoconhecimento. “Mentalizando o símbolo que cada letra hebraica reproduz, é possível alcançar um estado de consciência no qual se iniciam níveis mais profundos da intuição e da compreensão espiritual. A partir daí, devemos questionar: que pontos essa simbologia me esclarece para que eu possa ser uma pessoa melhor?”, explica.

Para a estudiosa, na cabala não há adivinhações, mas um método de compreender melhor a si mesmo e, dessa maneira, lidar adequadamente com o mundo ao seu redor. “A cabala nos traz um tipo de conhecimento que não pode ficar trancado a sete chaves, como um trunfo individual. Sua proposta de retificação dos mundos é coletiva, e seus ensinamentos devem nos elevar espiritualmente para que saibamos atuar no mundo físico”, resume a especialista.

 

Uma prática milenar

Ao longo da história da humanidade, sempre houve a necessidade de criar símbolos, letras e sinais e lhes atribuir os mais diferentes significados. Com a evolução das sociedades e a multiplicação de diferentes povos, de suas culturas e crenças, muitos símbolos ganharam uma áurea mística e misteriosa. Afinal, eles carregavam em si significados transcendentais, que traziam informações de povos antepassados.

Foi exatamente o que aconteceu com o alfabeto hebraico, o Aleph Beit. Para o povo judeu, suas 22 letras são sagradas porque, quando proferidas por Deus, criaram todo o Universo. Partindo dessa ideia, mais do que compor palavras, o alfabeto hebraico passou a servir de fonte de inspiração, meditação e orientação. A própria palavra hebraica para “letra” (ot) significa também “sinal”, “milagre”.

Há milhares de anos, os sábios judeus vêm cultivando o conhecimento e a observação do Aleph Beit. No século 13, desenvolveram-se práticas para meditar com o auxílio das letras, combinando-as de modo a alcançar estados espirituais elevados. Foi então que alguns grupos cabalistas criaram elaboradas teorias relativas ao papel de cada letra, sua força numérica e sua posição fundamental na formação das palavras da Torá. Eles acreditavam profundamente que as letras tinham o poder de afetar a realidade. Foi tal crença que originou inúmeras maneiras de meditação sobre as letras, dentre as quais destaca-se sua utilização como uma espécie de “guia” espiritual.

Como consultar as letras hebraicas

A maneira mais prática de acessar as 22 letras hebraicas é tê-las em forma de baralho. Comumente, seguidores da corrente mística da cabala possuem tais cartas em casa, de modo a mantê-las sempre à mão.

Para usá-las como “oráculo”, é preciso estar em um ambiente calmo e silencioso, para que se receba cada carta de coração aberto. No livro O oráculo da cabala, de Richard Seidman (Editora Pensamento), o autor ensina: “o modo básico de usar essas cartas é ficar em silêncio durante alguns minutos e entrar numa atitude
receptiva e meditativa”. Confira outras dicas sugeridas pelo escritor:

 Antes de elaborar sua pergunta, respire três vezes, de maneira lenta e profunda, sempre a partir do abdômen.

 Formule sua pergunta, evitando as que preveem respostas do tipo “sim” e “não”.

 Com a pergunta em mente, embaralhe as cartas e espalhe-as com a face para baixo, numa mesa ou mesmo em sua mão.

 Escolha uma carta e veja os caminhos potenciais e as lições reveladas pela letra.

 Medite sobre as associações da letra e sobre o tom emocional que ela invoca em você.

 Esteja receptivo a qualquer vislumbre de intuição que possa surgir.

 Reflita sobre a resposta para sua pergunta como se refletisse sobre uma charada ou um sonho passado.

No livro de Seidman, que vem com um baralho de 23 cartas (22 letras, mais “a letra perdida”), é possível consultar o significado de cada letra, sem a necessidade de ter conhecimento profundo sobre o alfabeto hebraico. Como define o autor, “as cartas podem ser um meio precioso e agradável de ingressar no mundo complexo e revelador dessas letras”.

Ainda de acordo com O oráculo da cabala, os melhores momentos para consultar o Alpha Beit são: logo ao acordar; depois de um período de prece ou meditação; ao nascer ou ao pôr-do-sol; no Rosh Chodesh (lua nova); no Shabbat; no Havdalah, que marca o início de uma nova semana; antes de dormir; ou, também, antes de embarcar em uma viagem.

Fonte: Triada.com.br

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