Egúngún é um vocábulo que designa os espíritos de pessoas importantes, podendo ser ancestrais ilustres. A tradição do culto dos egúns é originário da região de Oyó.
O culto de Egúngún é exclusivamente masculino.
O cargo mais elevado do culto é de Alápini e seus auxiliares são os ojés. As roupagens usadas neste culto podem ser preparadas por um dos ojés. Todos que fazem parte do culto são chamados de Mariwó.
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Em alguns lugares da África, Ṣàngó é considerado a encarnação do deus primordial do sol, raios e tempestades. Assim seria a encarnação de Jakutá, que é considerado a mão de Olódùmarè que castiga. Representa o poder da justiça de Olódùmarè. Assim, Ṣàngó é considerado como um Òrìṣà Egúngún (divindade ancestral) por ser o Òrìṣà executor divino e Egúngún por ter encarnado no Àyié como homem. Ṣàngó foi criador do culto de Egúngún e o primeiro ojé.
Conforme Manuela:
O espírito de um antepassado pode ser invocado de forma o aspecto material, aparecendo sozinho e falando, trazendo bênçãos e orientações aos que assim desejam. Nessa forma recebem o nome de Egúngún – “Mascarados”.
Para preservar sua condição de Ará Órun – “habitante do Òrún” – o espírito apresenta-se completamente envolvido numa vestimenta denominada agò, feita de panos de diversas cores; abalá – tiras coloridas; bànté e ópá – costurados em conjunto de tal forma que o cobre da cabeça aos pés, mas não ocultando as suas características físicas principais. Daí o nome “mascarado”.
Ele somente vê através de um buraco no tecido, à altura dos olhos e coberto com uma rede denominada Kàfó, mas que esconde a sua identidade.
Ninguém, exceto algumas pessoas autorizadas – Òjè – pode chegar perto e tocá-lo. Na sua comunicação usa de uma voz ardente e grossa, séègi e sempre em linguagem ritual devidamente traduzida pelos Òjé, que se utilizam de uma vareta de madeira denominada ìsan, extraída da árvore Àtóri ou das nervuras do Igi ope, (dendezeiro).
A palavra Egúngún significa, exatamente, mascarado, sendo costume usar a forma Egún, que significa: osso, esqueleto.
Existem duas categorias de Egúngún:
Egúngún Ara: é o Egúngún da pessoa que desencarnou no tempo certo, após ter cumprido seu destino, senão completo, pelo menos de forma satisfatória e retorna para o Òrun como espírito, enquanto o corpo é sepultado.
Egúngún Ara Àiyé: é o Egúngún que desencarnou antes do tempo previsto pelo seu Ọdù pessoal quando estava encarnado.
Não fica nem no Òrún, nem no Àyié. Perambulam entre os dois mundos sem encontrar o seu lugar e costumam incomodar seus familiares, causando sérios problemas, principalmente de saúde. Esta categoria de egún é decorrente de morte repentina, principalmente acompanhada de violência.
Os ancestrais desencarnados atuam como mediadores entre a comunidade e o mundo sobrenatural. Tornam possível o acesso à orientação espiritual e conferem poder. No entanto, a morte não é condição suficiente para se tornar um ancestral merecedor de ser cultuado. Somente aqueles que viveram plenamente, desenvolveram valores éticos e conseguiram o respeito da sociedade alcançam esta condição.
Os ancestrais podem repreender e punir aqueles que olvidam ou quebram a ordem ética, causando problemas aos seus descendentes, por meio de doenças ou má sorte (ou como alguns chamam de “pragas/ maldições ancestrais”), até que o resgate seja feito.
O povo Yorùbá mantêm uma estreita ligação com os seus antepassados. São muito mais do que apenas parentes desencarnados. Desempenham um importante papel na vida diária. São procurados para proteção e orientação e acredita-se que eles possuem a responsabilidade de punir aqueles que se esqueceram de seus laços familiares, por isto do ponto de vista espiritual o equilíbrio familiar é muito importante.
No Culto a Ọrúnmìlá-Ifá, entendemos que o mundo invisível de nossos antepassados desencarnados se combina com o mundo visível da natureza e da cultura humana para formar um único e verdadeiro mundo. Willy Ti Ògún nos diz:
O Culto aos Antepassados nos faz sentir que a Vida é mais do que esta simples passagem pela qual estamos. Faz-nos perceber que a Vida tem muitas outras vidas menores que a formam como um todo, que a Vida é um contínuo entre o passado, o presente e o futuro, e que existem “espaços vazios” que são preenchidos pelo contato entre os que estão em uma forma de vida e outra diferente, entre nós que estamos em uma dimensão diferente da de nossos antepassados.
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O ritual de culto aos ancestrais pode desencadear profundas mudanças em nossa vida cotidiana e que podem ser sentidas e medidas ou comparadas e que certamente provocarão ecos no futuro.
Em uma festividade para Egúngún, há a representação mascarada dos mortos e como o Yorùbá crê que o morto pode influenciar sua vida. Estes homens mascarados aparecem nas cidades e aldeias enquanto toda a comunidade celebra em honra aos espíritos de seus antepassados. É o evento anual mais comum na Nação Yorùbá.
Trechos extraídos do livro
Adekunle, Otunba, Ifá Filosofia e Ciência de Vida. 1.ed. São Paulo, 2005.
Fontes consultadas:
MANUELA. Egúngún e Ésá – Espíritos Ancestrais. Disponível em: https://ocandomble.wordpress.com. Acesso em: 17/03/2015.
ÒGÚN, Willy Ti. Egúngún Ara e Egúngún Ara Aiyê. Disponível em: https://tuato.com.br. Acesso em: 18/03/2015.